M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
S.G: Desde pequeno que ia
muito ao cinema com o meu avô, ia ao Eden, ao Pathé, ao Condes, etc. Acho que
foi aí que me comecei a apaixonar pela imagem. A partir daí e especialmente nos
tempos de faculdade, ia ao cinema quase diariamente. Acho que foi nesses tempos
que criei hábitos que nunca mais perdi, e mais, fiquei dependente desse mesmo
(ir ao cinema).
M.L: Quais são as suas referências nesta área?
S.G: As minhas referências
estão mais relacionadas com o cinema, e as minhas escolhas estão sempre muito
ligadas à dramaturgia, por isso mesmo, prefiro sempre os verdadeiros
"contadores" de histórias (Paul Thomas Anderson, Woody Allen,
Christopher Nolan e Martin Scorsese).
M.L: Como realizador, trabalha essencialmente em
cinema e televisão. O teatro poderá ser para si uma área por explorar no futuro
no que toca à encenação?
S.G: Estive para encenar
um espetáculo em Março de 2017 com o Palco 13, mas com alguns projetos que
tenho tido, têm coincidido com esse, tive de adiar. Para o ano embarco nessa
aventura de certeza.
M.L: Foi co-realizador do remake da telenovela “Vila Faia” que foi exibida na RTP entre
2008/09 e foi a produção inaugural da produtora SP Televisão. Quase dez anos
depois, valeu a pena fazer este remake
da primeira telenovela portuguesa na sua perspetiva?
S.G: Valeu, até porque
acho que foi das melhores novelas que fiz. A "Vila Faia" foi onde
tudo começou, e nem que seja só por isso, foi uma justa homenagem que a RTP
fez.
M.L: Trabalhou em anos mais recentes em Angola, onde realizou, por exemplo, a longa-metragem/série televisiva “Njinga, Rainha de Angola”. Que recordações guarda dessa experiência internacional?
M.L: Trabalhou em anos mais recentes em Angola, onde realizou, por exemplo, a longa-metragem/série televisiva “Njinga, Rainha de Angola”. Que recordações guarda dessa experiência internacional?
S.G: Fazer este projeto
foi incrível, tive a oportunidade de conhecer um País e um povo que não
conhecia, fiquei apaixonado por aquela terra. Artisticamente estava sem
qualquer limitação e isso, resulta como uma motivação gigante. Éramos uma
equipa fantástica, e antes mesmo de sermos uma equipa, éramos verdadeiros
amigos. Foram tempos onde criei como nunca, e isso, vê-se muito bem nas imagens.
Foram tempos inesquecíveis.
M.L: Estreou-se na realização de longas-metragens em
2012 com “Assim Assim” que era baseada numa curta-metragem também realizada por
si e foi distribuída pela extinta joint
venture Columbia TriStar Warner Portugal. À semelhança do Brasil, as majors de Hollywood a seu ver deviam
atualmente estar também em Portugal no que toca ao apoio à produção nacional?
S.G: A única questão é que
essas majors só entram em indústrias
formadas e têm só o objetivo de ganhar dinheiro. Portugal, ainda não é mercado
nem tem tão pouco uma visão de indústria para com o cinema. Com o "Assim Assim"
aconteceu que a Warner achou que o filme podia ser um filme de público e
decidiram arriscar. O filme teve perto de 12.000 espectadores, que é muito
abaixo do que costumam ser as apostas destas distribuidoras, por isso, apesar
de achar que tenham de apoiar, percebo que não apoiem...
M.L: O que o cativa na língua portuguesa tanto como
realizador e como pessoa?
S.G: Gosto de poesia, e
acho que a língua portuguesa é poesia, tem uma melodia como mais nenhuma, e um
vocabulário que não acaba. Quando leio qualquer coisa escrita em português,
normalmente também a vejo. Deve ser por isso, deve ser porque o português ser
uma língua completamente cinematográfica que gosto tanto dela.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do audiovisual?
S.G: Para fazer! Não
deixem mesmo de fazer. Não interessa se filmam com os telemóveis, o importante
é que filmem, e acima de tudo, que errem, errem muito!
M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido
até agora como realizador?
S.G: Acho que tenho alcançado
o que pensei para mim. Agora estou numa fase em que quero fazer muito cinema e
séries de televisão. Já fiz alguns projetos dos quais me orgulho muito e outros
que nem por isso, mas todos serviram para eu me desenvolver profissionalmente e
assim, todos os projetos acabam por ser importantes, não só porque me formo
como profissional e pessoa.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
S.G: Adorava realizar um
jogo de futebol do Sporting.ML
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