domingo, 14 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Susana Vitorino (Atriz)

Fotografia: Fernando Dinis

Mário Lisboa entrevista... Maria João Rosa

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista da TVI Maria João Rosa. Inicialmente tinha como objetivo fazer o Conservatório de Cinema para se tornar realizadora, mas, durante o tempo em que tirou o curso de Comunicação Social, começou a interessar-se pelo jornalismo, tendo tido a sua primeira experiência profissional nessa área na revista Media XXI em 1998 e depois ganhou uma bolsa para estagiar na TVI em 2002 e atualmente trabalha no canal, onde apresenta desde 2009, o programa "Cinebox" na TVI24, em parceria com Vítor Moura. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 4 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.J.R: Quando fui para a faculdade tirar o curso de Comunicação Social, confesso que não tinha intenção de me tornar jornalista. Escolhi o curso, porque gostei muito do programa, porque queria tirar uma licenciatura abrangente, onde pudesse aprender sobre áreas muito diversificadas e tinha como objetivo, fazer depois o Conservatório de Cinema para me tornar realizadora. Aconteceu que, durante o curso, ganhei imenso gosto pelo jornalismo e tive a minha primeira experiência profissional na revista Media XXI. Por fim, ganhei uma bolsa para estagiar na TVI em 2002, foi aí que o bichinho da televisão se apoderou de mim e foi então que, na verdade, me tornei jornalista. Estive vários anos a trabalhar na editoria de Sociedade, fiz grandes reportagens, jornalismo de investigação e, sobretudo, informação diária. Senti grande satisfação ao realizar os meus pequenos "filmes", as minhas peças de informação, que eram vistas por milhares de pessoas no próprio dia ou nos dias em que iam para o ar. E claro, assim que me pude especializar na área do Cinema, foi ouro sobre azul! Juntei a minha paixão pelo Cinema ao gosto que cresceu em mim pela televisão e ao meu desejo de contar histórias através de imagens.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
M.J.R: As minhas influências como jornalista passam muito pelos colegas com quem mais aprendi nos anos em que me tornei jornalista na TVI, a trabalhar na editoria de Sociedade. Alguns são conhecidos, outros nem por isso, mas todos eles me deram algo que ainda perdura na minha forma de trabalhar. Posso referir os nomes de alguns colegas que chegaram a ser meus editores e que admiro imenso como o Paulo Simão e o Francisco Prates. O meu colega Vítor Moura também é uma referência para mim até porque já faz jornalismo de Cinema há mais anos do que eu. Como pivots e personalidades de televisão, devo dizer que aprendi bastante com a Ana Sofia Vinhas, com o José Carlos Castro que me deu formação como pivot e com o meu atual diretor José Alberto Carvalho.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
M.J.R: Apesar de ter tido momentos muito gratificantes nalgumas grandes reportagens que fiz, enquanto trabalhei na editoria de Sociedade da TVI, o arranque do “Cinebox” e da TVI24 foram os momentos mais marcantes da minha vida profissional até à data.

M.L: Desde 2002 que trabalha na TVI, onde apresenta desde 2009, o programa “Cinebox” na TVI24, em parceria com Vítor Moura. Que balanço faz do tempo em que está no canal?
M.J.R: O balanço é amplamente positivo, criamos um programa de raiz e imprimimos-lhe uma personalidade própria, tentamos marcar a diferença, desde o início em relação a outros programas do género e conseguimos conquistar um público fiel, que nos dá feedback constante, nomeadamente através das redes sociais. Além disso, tendo o “Cinebox” arrancado ao mesmo tempo que a TVI24, é não só um programa pioneiro do canal, como também um caso de sucesso, já que desde o início da TVI24, o programa nunca parou e, enquanto outros foram desaparecendo, o “Cinebox” permaneceu até hoje.

M.L: A TVI celebra este ano 20 anos de existência. Como vê o percurso que o canal tem feito até agora?
M.J.R: Tem sido um percurso muito interessante, em que o canal tem crescido e ultrapassado várias metas. Espero grandes coisas da TVI24 no futuro e conto poder contribuir com isso através do “Cinebox” e não só.

M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em Portugal? Como vê o futuro da Comunicação Social em geral nos próximos anos?
M.J.R: A Comunicação Social em Portugal atravessa um período difícil. Em tempos de crise económica e da crescente tendência do "infotainment", é complicado manter a independência do jornalismo e a fidelidade ao valor da informação. Há cada vez mais candidatos a jornalistas e cada vez menos postos de trabalho, o que também torna mais difícil, a condição destes profissionais. Acredito, no entanto, que com inteligência e profissionalismo é possível ultrapassar, a maior parte dos obstáculos que nos apresentam, mas acima de tudo vai ser preciso ter muita boa vontade e "vestir a camisola" do meio de comunicação ao qual se pertence para se conseguir vingar como jornalista, sem perder o ânimo.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.J.R: A minha carreira como jornalista, felizmente, já me dá muita atividade a nível internacional. Ao fazer reportagens em Cannes, nos Óscares, em Los Angeles e em muitas apresentações de filmes pelo mundo fora, tenho com frequência a oportunidade de trabalhar com equipas internacionais. Seja como for, se um dia surgir a oportunidade de trabalhar para um meio de comunicação estrangeiro, adoraria ter essa experiência. Quem sabe o que o futuro traz?

M.L: Este ano celebra 16 anos de carreira, desde que começou como jornalista na revista Media XXI em 1997. Que balanço faz destes 16 anos?
M.J.R: Não são bem 16 anos de carreira, visto que depois de uma primeira experiência profissional em 1998 (e não 97), só voltei a trabalhar como jornalista em 2002, quando comecei a estagiar na TVI. Seja como for, pelo menos de 2002 até agora, faço um balanço muito positivo, cresci como jornalista, tornei-me também pivot e especializei-me na área que mais me apaixona: o Cinema.

M.L: Qual é a personalidade do Cinema que gostava de entrevistar no futuro?
M.J.R: Já tive a oportunidade de entrevistar algumas das personalidades que mais admiro no mundo do Cinema como o Woody Allen e o Quentin Tarantino. Gostaria muito de entrevistar o David O. Russell (o realizador de "Guia Para Um Final Feliz" (2012), de cuja carreira já sou fã, mas além disso não tenho nenhuma entrevista específica que gostasse particularmente de fazer de momento. São todas interessantes e todas excelentes oportunidades de conhecer o mundo do Cinema por dentro.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
M.J.R: Já experimentei a escrita, pontualmente, não só, quando trabalhei na Media XXI, mas também em artigos e entrevistas de cinema que escrevi, ao mesmo tempo que trabalhava já na TVI, por exemplo para a revista Visão. É algo que também me agrada, mas a televisão é o meu meio favorito.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
M.J.R: O meu conselho é que tente fazer, paralelamente à licenciatura, uma formação profissional mais prática (como, por exemplo, a do Cenjor) e que procure estagiar assim que possível num meio de comunicação, mesmo que não seja logo na área que se pretende seguir de futuro. O jornalismo aprende-se sobretudo na prática, a teoria e a formação académica são essenciais para dar maturidade e bagagem cultural, mas uma pessoa só se torna jornalista "na tarimba". É um lugar-comum, mas é verdade!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.J.R: Para já, o meu projeto continua a ser, sobretudo, o “Cinebox”, fazê-lo cada vez melhor é um trabalho a tempo inteiro! A par disso, tanto eu, como o Vítor Moura fazemos todas as peças informativas sobre Cinema para as notícias da TVI e da TVI24. Somos os senhores do Cinema na TVI.ML

sábado, 13 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Maria João Rosa (Jornalista da TVI)

Mário Lisboa entrevista... Joana Duarte Silva

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Joana Duarte Silva. Desde muito cedo que se interessou pela representação, tendo-se estreado como atriz em 2000, e desde aí tem desenvolvido um percurso como atriz que já conta com 13 anos de carreira, da qual passa essencialmente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "O Bairro da Fonte" (SIC), "Filha do Mar" (TVI), "Remédio Santo" (TVI) e "Rosa Fogo" (SIC) e entre 2009 e 2010 trabalhou na companhia Seiva Trupe no Porto e recentemente fez uma breve participação na telenovela "Dancin' Days" que, atualmente, está em exibição na SIC e atualmente está a tirar um mestrado em Artes Performativas, ramo Teatro-Música, na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 1 de Março.


M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
J.D.S: Desde pequena que fazia teatrinhos em casa e cantava muito. Quando tinha 16 anos, houve um casting para os “Jardins Proibidos” (TVI) no Teatro Vasco Santana, na antiga Feira Popular. Eu inscrevi-me, porque a personagem era nadadora e eu fazia natação de competição. Fui fazer o casting, mas não fiquei com o papel. Um ano depois, ligaram-me para fazer um casting para uma série. Fui e fiquei! Mais tarde, percebi que gostava mesmo de representar e então fui estudar teatro. 

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
J.D.S: Esta pergunta não é fácil de responder! Não sigo nenhuma influência em particular.

M.L: Faz essencialmente teatro e televisão. Gostava de trabalhar em cinema?
J.D.S: Sim, gostava muito de fazer cinema. Quem não gostava?! Certamente chegará a minha vez!

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Cada trabalho é diferente, à sua maneira. Cada trabalho tem o seu encanto, as suas coisas boas e as suas coisas menos boas. Em cada peça que faço há uma aprendizagem, uma evolução. Quando era mais nova estava sempre atenta a tudo, ao trabalho dos colegas mais velhos, etc... Talvez, por isso, tenha aprendido muito em “A Ópera de Três Vinténs”, no Teatro Aberto, apesar de ter tido um papel pequenino. Tive a sorte de trabalhar com pessoas muito generosas e talentosas que me ensinaram imenso.

M.L: Entre 2001 e 2002 participou na telenovela “Filha do Mar” que foi exibida na TVI, da qual interpretou a personagem Ana. Que recordações guarda desse trabalho?
J.D.S: As recordações desses tempos são muito boas. Desde ao ambiente nos camarins até ao Plateau. A maioria das minhas cenas eram com a Natalina José e com a Irene Cruz. Ambas me ajudavam muito e me davam dicas, pois eu era muito nova.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Na verdade, não sei! O nosso percurso é feito de conquistas e cada passo que damos nos marca. Estamos em constante aprendizagem... Talvez o conseguir fazer uma cena da maneira que queremos, o sentir que a fizemos com verdade. Isso aconteceu-me, quando trabalhei com o Michael Margotta, num workshop sobre o Método, em que senti que cresci muito como atriz.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
J.D.S: A ficção nacional deu um grande pulo, desde o início, mas os argumentos continuam fracos e desinteressantes. A nível teatral, penso que existe uma tentativa de reinvenção do género dramático. As pessoas querem ver coisas diferentes! Há uma tendência, cada vez maior, para uma mistura das várias áreas disciplinares (Dança, Música, Teatro), bem como para a interseção da performance e instalação com o teatro. Procuram-se novas formas de encenação.  

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
J.D.S: Sim, gostava. Mas tenho a noção que é muito difícil. Isso implicava ter ido para fora estudar, já há alguns anos. Claro que a vida é uma caixinha de surpresas e nunca sabemos o nosso futuro.

M.L: Em 2013 celebra 13 anos de carreira, desde que começou em 2000. Que balanço faz destes 13 anos?
J.D.S: Já lá vão 13 anos!!! O balanço é positivo. Nesta área, temos de ser muito persistentes e aprender a lidar com os "nãos" que vão ficando pelo caminho. A pouco e pouco vamos construindo o nosso espaço e a nossa carreira e acho que tenho conseguido isso. Comecei na TV, sabia muito pouco! Fui estudar interpretação e canto. Fiz muito teatro e atualmente tenho tido trabalho no Teatro Musical, que é um dos meus géneros preferidos. As coisas foram-se compondo naturalmente!

M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
J.D.S: Não tenho assim grandes fixações. Mas gostaria de trabalhar com a Maria João Luís, a Dalila Carmo, o Ivo Canelas, entre outros...

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
J.D.S: Gosto de escrever, para mim, mas não para teatro. Como se costuma dizer: "Cada Macaco no seu Galho". Acho que, quando começamos a trabalhar em áreas que não são as nossas, as coisas se tornam perigosas. Já há tantos atores que não o são!!! Temos escritores e pessoas que escrevem para teatro com muito talento.

M.L: Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram nomeadas para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
J.D.S: É bom, as novelas portuguesas terem o reconhecimento internacional, sem dúvida. Acho que se evoluiu muito nesse género em Portugal. Contudo, penso que ainda há um longo caminho a percorrer.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Não sei dizer só uma! Marcaram-me muitas pessoas!

M.L: Entre 2009 e 2010 trabalhou na companhia Seiva Trupe no Porto. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou na companhia?
J.D.S: Fui muito bem tratada na Seiva Trupe. Fiz três peças na companhia e morei no Porto nessa altura. Fui muito bem recebida, quer pelas pessoas da companhia, quer pelos colegas.

M.L: Gostava de, um dia, voltar a trabalhar na companhia?
J.D.S: Porque não?! Se o trabalho for desafiante e interessante e se os convites surgirem, terei todo o gosto em voltar.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
J.D.S: Estudem!!! Tenham os pés bem assentes na terra. E não se iludam. É uma profissão difícil, de persistência e perseverança. Não somos atores só por fazer uma novela ou só por termos uma cara bonita... Ser ator é muito mais do que isso.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.D.S: Por enquanto, estou a fazer o mestrado em Artes Performativas, ramo Teatro-Música, na ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema). Vem aí mais peças musicais e projetos pessoais, dos quais prefiro não falar ainda.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
J.D.S: Tanta coisa... Ainda tenho um mundo pela frente a explorar. Tantas personagens para fazer.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
J.D.S: Sou feliz com o que tenho, sou feliz como sou. Claro que podemos sempre pedir mais trabalho e mais desafios.ML

Brevemente...

Entrevista com... Joana Duarte Silva (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Karla Muga

Olá. A próxima entrevista é com a atriz brasileira Karla Muga. Estreou-se na representação em 1989 com a mini-série "O Grito da Noite" da TV Manchete e desde aí tem desenvolvido um percurso como atriz que já conta com 24 anos de carreira, da qual passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Quatro por Quatro" (TV Globo), "A Indomada" (TV Globo), "Meu Pé de Laranja Lima" (TV Bandeirantes), "Tiro & Queda" (TV Record) e "Malhação" (TV Globo) e além da representação também é encenadora, diretora de atores e produtora e desde 2008 que vive em Portugal, onde trabalha como diretora de atores na produtora Plural Entertainment Portugal (ex-NBP). Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 26 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
K.M: Aos 13 anos.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
K.M: Fernanda Montenegro, Glenn Close, (Robert) DeNiro, Selton Mello…

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto de fazer?
K.M: Cinema e Televisão...

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
K.M: “A Indomada” (TV Globo).
M.L: Já fez telenovelas. Este é o género televisivo que mais gosta de fazer?
K.M: Sim... mas gosto muito de séries também. Tudo depende de quem escreve e de quem realiza. Se você não parte de um bom guião... não há milagres.

M.L: Em 1997 participou na telenovela “A Indomada” que foi exibida na TV Globo, da qual interpretou a personagem Grampola. Que recordações guarda desse trabalho?
K.M: Profissionalmente, foi uma fase muito próspera. Tenho uma predileção pela escrita do Aguinaldo Silva e do Ricardo Linhares (os autores de “A Indomada”)

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
K.M: Não tenho um momento que considero mais especial que outro... é tudo trabalho...

M.L: Como vê atualmente o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
K.M: O cinema vive a sua melhor fase. O teatro continua precisando de incentivos para poder cobrar bilhetes mais acessíveis.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
K.M: Posso dizer que já tenho carreira internacional… Portugal acolheu-me muito bem, trabalho desde 2008... tenho trabalhado muito. Completo 24 anos de carreira e a última etapa aqui foi muito produtiva.

M.L: Em 2013 celebra 24 anos de carreira, desde que começou com a mini-série “O Grito da Noite” na TV Manchete em 1989. Que balanço faz destes 24 anos?
K.M: Gosto daquilo que sei fazer, mas não estou disposta a fazê-lo a qualquer preço... A minha prioridade é qualidade de vida e paz de espírito. Hoje posso dizer que a minha felicidade não vem exclusivamente da carreira. Não sou escrava do entretenimento. Descobri que tenho muitos outros talentos.

M.L: Além da representação também é encenadora, diretora de atores e produtora. Qual destas funções em que se sente melhor?
K.M: Gosto mais da encenação, da dramaturgia e da preparação de elenco.

M.L: Atualmente vive em Portugal, trabalhando como diretora de atores na produtora Plural Entertainment Portugal (ex-NBP). O que a levou a ficar a viver em Portugal?
K.M: Gosto da vida que levo aqui.

M.L: Como vê atualmente Portugal?
K.M: É uma fase menos boa, mas todos temos fases menos boas e passamos por ela. Portugal vai sair mais forte. O que importa é ter bom ânimo e não deixar-se abater. Procurar fazer a nossa parte, dentro de nós, a motivação. O Governo não tem que dar conta de tudo…

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
K.M: Não tenho marcas assim tão profundas, admiro o trabalho de muitos colegas, mas não gosto do mito... todos os dias esbarramos com colegas de trabalho mais especiais ou menos especiais. Eu sou impactada por pessoas do bem, pessoas proativas e positivas.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
K.M: Saber a diferença entre talento e vocação, o não é sinónimo de profissionalismo. Preocupe-se menos com a popularidade e mais com os estudos e pesquisa. O ator deve ser um bicho inquieto com sede de informação, vivência e experiências.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
K.M: Deixo a vida surpreender-me... Estou estudando, reciclando-me...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
K.M: Dar uma volta ao mundo.ML

terça-feira, 9 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Karla Muga (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Lara Santos

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista da TVI Lara Santos. Desde muito cedo que se interessou pelo jornalismo e como jornalista tem algumas influências maioritariamente nacionais e quando era adolescente tinha como referência, a Margarida Marante e a forma como conduzia as entrevistas, e como jornalista trabalhou na rádio e atualmente trabalha na TVI (começou a trabalhar no canal, primeiro como estagiária, durante quase um ano, e depois voltou em 2009, da qual faz parte da equipa-fundadora da TVI24 que foi lançada em Fevereiro desse ano) e também fez parte do grupo musical "Onda Choc". Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 25 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
L.S: Desde muito nova. Com 5 anos montava os meus próprios estúdios de rádio em casa e fazia programas e blocos informativos. Sempre soube que queria ser jornalista.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
L.S: Tenho algumas influências maioritariamente nacionais. Recordo-me que, na minha fase de adolescente, a Margarida Marante e a forma como conduzia as entrevistas era uma referência. E as nossas referências tornam-se sempre influências na forma como conduzimos o nosso trajeto.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
L.S: Todos os sítios por onde passei foram marcantes, mas, sem dúvida, o trabalho que mais me marcou foram os quase dois anos que estive na Rádio Clube Português e que fiz o “Posto de Escuta”, o programa das madrugadas, onde ouvia a vida e as histórias dos ouvintes. Cresci muito profissionalmente e enquanto ser humano.

M.L: Trabalhou na rádio e atualmente trabalha na TVI. Que balanço faz do tempo em que está no canal?
L.S: Tenho uma paixão pelo trabalho em televisão. Gosto muito de trabalhar e contar histórias com imagens. É estimulante. Sinto-me realizada profissionalmente e não trocava este trabalho por nada. Portanto, a avaliação destes anos de TVI não podia ser mais positiva.

M.L: A TVI celebra este ano 20 anos de existência. Como vê o percurso que o canal tem feito até agora?
L.S: A TVI é especial. É especial para quem trabalha cá e para os espectadores. É e sempre será. O canal pauta-se pelo excelente profissionalismo das pessoas que todos os dias correm atrás de histórias, vestem a camisola e contam a verdade ao espectador com amor e talento.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
L.S: Foram tantos. Todas as reportagens, os diretos, as pessoas que vamos conhecendo, as vidas com as quais temos contato. Não consigo, honestamente, escolher um dos momentos.

M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em Portugal?
L.S: Corre alguns riscos, mas tem sempre a mais-valia das pessoas que acreditam no jornalismo, que continuam a lutar por ele e que todos os dias vestem a camisola.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
L.S: Nunca fechamos portas, nem possibilidades, quando se trata de evoluirmos, enquanto profissionais.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora, durante o seu percurso como jornalista?
L.S: Há situações de imprevistos, quando estamos em direto que nos exigem muita concentração para sairmos delas da forma mais airosa possível. A preocupação é sempre o espectador. Todos os dias lidamos com situações dessas que momentaneamente nos gelam, mas umas horas depois fazem-nos rir. É uma parte deliciosa da profissão.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
L.S: Gosto de televisão e rádio. Já tive o prazer de trabalhar em ambas e sinceramente são dois amores. Diferentes, mas igualmente apaixonantes.

M.L: Fez parte do grupo musical “Onda Choc”. Que recordações guarda dessa experiência?
L.S: Foi a minha primeira experiência, perante as câmaras de televisão. Guardo as melhores recordações dessa época.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
L.S: Seria injusto dizer um nome, quando tenho trabalhado com tantas pessoas que tanto me têm ensinado.

M.L: Como vê o futuro da Comunicação Social em geral nos próximos anos?
L.S: É cada vez mais abrangente. Está presente em todo o lado. A notícia, cada vez mais, chega mais depressa. A única preocupação que devemos ter, mesmo em constante contra-relógio, é primar pelo rigor da notícia.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
L.S: Ser jornalista tem que ser inato. Não se aprende a ser curioso, não se aprende a ser bom comunicador. Ser jornalista sente-se. Uma reportagem de 1 minuto e meio, por vezes, tem dias de trabalho por trás. A paixão pelo jornalismo é muito distante da ilusão de querer aparecer na televisão.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como jornalista?
L.S: Não mudaria nada nestes anos de carreira profissional. Fui e sou feliz a trabalhar.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.S: Continuar a contar histórias, a mostrar vidas, a chegar à notícia.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.S: Sinceramente, nunca pensei nisso.ML

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Lara Santos (Jornalista da TVI)

Mário Lisboa entrevista... Maria João Lopo de Carvalho

Olá. A próxima entrevista é com a escritora Maria João Lopo de Carvalho. Desde muito cedo que se interessou pela escrita, tendo-se estreado como escritora em 2000 com o romance "Virada do Avesso", e desde aí tem desenvolvido um brilhante e versátil percurso como escritora e além da escrita também têm experiência como professora e em 2011 lançou o seu mais recente romance intitulado "Marquesa de Alorna" que, até agora, tem tido um enorme sucesso. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 20 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela escrita?
M.J.L.D.C: Desde sempre. O meu pai era escritor e jornalista, sempre vivi rodeada de livros, autores, ideias...

M.L: Quais são as suas influências, enquanto escritora?
M.J.L.D.C: Na literatura infantil, Sophia (de Mello Breyner Andersen) e Matilde Rosa Araújo…

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
M.J.L.D.C: O recente romance histórico “Marquesa de Alorna” que já vai na 7ª edição!

M.L: Além da escrita também têm experiência como professora. Qual destas funções em que se sente melhor?
M.J.L.D.C: Ambas, não vive uma sem a outra, são indissociáveis…

M.L: Como escritora gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, o teatro e o cinema?
M.J.L.D.C: Sim. O cinema, sim, mas já é tarde...

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como escritora?
M.J.L.D.C: Publicar o 1º livro e vender 70 000 exemplares…

M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
M.J.L.D.C: Esquecida... ou quase...

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
M.J.L.D.C: Sim, acredito que vá ter livros publicados no mercado internacional…

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
M.J.L.D.C: Gosto muito de todos e de cada um em especial.

M.L: Como é que é a sua rotina, quando escreve?
M.J.L.D.C: Só escrevo à luz do dia entre as 10h00 e as 19h00, todos os dias, sem exceção…

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
M.J.L.D.C: O meu pai, sempre.

M.L: Como vê o futuro da Cultura em geral nos próximos anos?
M.J.L.D.C: A precisar de atenção e de investimento…

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na escrita?
M.J.L.D.C: Ler muito e escrever na mesma medida…

M.L: Em 2013 vai fazer 51 anos de idade. Como vê a sua vida daqui para frente?
M.J.L.D.C: Cheia de adrenalina e projetos…

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como escritora?
M.J.L.D.C: Que sou uma privilegiada por poder fazer o que mais gosto.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.J.L.D.C: Muitos! Não vou revelar…

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.J.L.D.C: Dar a volta ao mundo sozinha.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
M.J.L.D.C: Sou uma sortuda! Só quero continuar a ter saúde e paz de espírito.ML

domingo, 7 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Maria João Lopo de Carvalho (Escritora)

Mário Lisboa entrevista... Paula Santos

Olá. A próxima entrevista é com a Comerciante de Bijuteria e Acessórios de Moda Paula Santos. Trabalhou como cabeleireira, durante 4 anos, tendo tirado um curso nessa área, quando estudava, mas nunca foi uma área que gostasse de trabalhar, e devido à crise atual foi dispensada e ficou desempregada e foi aí que decidiu inaugurar, em 2012, a loja "Paula Santos" que está situada na Corga de Lobão e é uma loja dedicada à Bijuteria e Acessórios de Moda e que, até agora, tem tido uma boa adesão por parte do público. Esta entrevista foi feita no passado dia 10 de Dezembro na loja "Paula Santos" na Corga de Lobão.

M.L: Quando surgiu a ideia de inaugurar a loja “Paula Santos”?
P.S: Surgiu-me a ideia, porque eu estava desempregada, estava no fundo de desemprego e como o meu fundo de desemprego estava a acabar, surgiu-me esta ideia, porque a Moda é uma coisa que eu gosto… Tudo o que seja relacionado com Moda, acessórios de Moda, eu gosto e achei que era uma boa aposta, porque são coisas acessíveis e as mulheres de hoje em dia gostam muito de malas, de bijuteria e tudo o que seja de acessórios de Moda, por isso é que me surgiu essa ideia.

M.L: Como tem sido a adesão do público à loja, desde a sua inauguração?
P.S: Tem duas facetas: tem pessoas que gostam, acham que tem coisas bonitas, preços razoáveis e depois tem outras pessoas que ficam surpreendidas, nesta altura de crise, de eu apostar numa loja deste género.

M.L: Como é que consegue os contatos para conseguir os acessórios suficientes à venda na loja?
P.S: Através da Internet. Tudo o que seja de bijuteria foi através de um site na Internet, fui tudo à base da Internet, pesquisei na Internet, fui ver os artigos que havia, se tinha aquilo que pretendia, escolhi algumas, exclui outras, porque não tinha nada a ver com aquilo que eu queria e depois selecionei aquelas que eu queria e comecei a comprar.

M.L: Quais são os próximos objetivos da loja “Paula Santos” para o futuro?
P.S: Desenvolver. Queria ver se começava a pôr outros artigos, também queria ver se conseguia pôr artigos de roupa (roupa de qualidade a preços acessíveis) e vou evoluindo… Vou tentar sempre procurar coisas novas e diferentes.

M.L: O que é que fazia, antes de inaugurar a loja “Paula Santos”?
P.S: Era cabeleireira. Não tem nada a ver com esta área, tirei o curso de cabeleireira, quando estava a estudar, mas nunca fui uma área que eu gostasse de trabalhar… Entretanto, trabalhei noutras áreas, depois fiquei desempregada, durante quatro anos e a minha cabeleireira que eu ia que era a minha ex-patroa convidou-me para ir lá trabalhar e eu aceitei, porque precisava de emprego e estive a trabalhar lá 4 anos… Mas, entretanto, devido a esta crise fui dispensada, porque era a mais jovem, a última a entrar e fiquei outra vez no desemprego… Fui então que eu decidi apostar nisto.

M.L: Como vê atualmente a Moda em Portugal?
P.S: Eu acho que a Moda em Portugal está a evoluir muito, acho que a Moda em Portugal é muito importante, eu acho que as mulheres portuguesas são muito vaidosas. Hoje em dia, cada vez mais.

M.L: Gostava de trabalhar no estrangeiro?
P.S: Já trabalhei no estrangeiro, já estive na Suíça, estive lá muitos anos, vim para cá adolescente, depois voltei para lá na minha fase de adulta, antes de casar, estive lá a trabalhar e voltei outra vez para Portugal. Tive a experiência do estrangeiro, é diferente daqui, o nosso país é muito melhor.

M.L: Gostava de, um dia, criar a sua própria linha de acessórios de roupa?
P.S: Não, não era esse o meu objetivo. Nunca pensei assim numa coisa tão além. Pelo menos, para já não.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.S: Já fiz tudo o que pretendia (acho eu). Casei, tive um filho, tenho a loja que eu sempre quis. Estou a receber um feedback muito bom, por parte das pessoas… Acho que, por agora, os meus desejos estão todos concretizados.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.S: Sinceramente, não sei. Gostava que as coisas corressem sempre bem. Acho que eu não queria que mudasse nada, está tudo a correr bem.ML

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Brevemente...

Entrevista com... Paula Santos (Comerciante de Bijuteria e Acessórios de Moda)

Mário Lisboa entrevista... Ana Casaca

Olá. A próxima entrevista é com a escritora Ana Casaca. Desde muito cedo que se interessou pela escrita, tendo sido licenciada em Direito e como escritora escreveu para literatura (estreou-se nessa área em 2002 com o livro "A Vontade de Regresso", da qual tem um blogue com o mesmo título) e para televisão (onde escreveu produções como "Filha do Mar" (TVI), "Tu e Eu" (TVI), "Podia Acabar o Mundo" (SIC) e "Rosa Fogo" (SIC) e em 2013 regressou à literatura com o seu segundo livro intitulado "Todas as Palavras de Amor" que, até agora, tem tido um enorme sucesso. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 12 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela escrita?
A.C: O meu interesse pela escrita nasceu do meu interesse por livros. Desde pequena que gosto de me perder num bom enredo, de me deixar levar pelas palavras dos outros. As palavras dos que fazem da escrita profissão, sempre foram uma espécie de alento na minha vida. A escrita surgiu como uma consequência natural do gosto pela leitura, sentia-me compelida a escrever. Tudo era um bom motivo para o fazer.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto escritora?
A.C: Apesar de ter escritores que venero e aos quais presto vassalagem das mais diversas formas, não posso dizer que fui influenciada por algum escritor em particular, pois a minha maior influência é a vida. A minha vida, a vida daqueles que me rodeiam. Os afetos, meus e dos outros. Estou sempre alerta e atenta. A permeabilidade ao mundo, é uma das coisas que nunca quero perder, pois é ela o meu grande motor no que respeita à escrita.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
A.C: O meu percurso é pequeno ainda. Espero ter muitas páginas pela frente, enquanto escritora, pois só agora começo a ver-me como merecedora dessa designação. Mas, tentando responder à tua pergunta, o que mais me marcou foi este último livro, “Todas as Palavras de Amor”. Foi através dele que aprendi a não desistir daquilo que mais gostava de fazer: Escrever. Foi através dele que senti que tudo, até aqui, tinha valido a pena.

M.L: Como escritora escreveu para literatura e para televisão. Qual destas áreas que lhe dá mais gosto de escrever?
A.C: Foi o meu primeiro romance que me levou aos guiões. O Manuel Arouca leu o manuscrito do “A Vontade de Regresso” e chamou-me para trabalhar na sua equipa, apresentando-me a um mundo totalmente diferente, em termos de escrita. O tom coloquial e mais instantâneo é fundamental em guionismo e eu tive que me libertar de várias camadas, até atingir aquele ponto que se deseja nos diálogos mais fluídos. O guionismo sempre me desafiou em termos de criatividade, pois aqui as tuas ideias e a tua imaginação são constantemente postas à prova e é necessária uma agilidade mental, muitas vezes, desgastante. Estás sempre a jogar com uma certa dose de desconhecido, pois o que funciona para ti, pode não funcionar para quem vai ver e pode não funcionar para quem vai representar ou para os meios ao dispor da produção. São duas coisas totalmente distintas, mas que podem coexistir pacificamente, complementando-se, até. Confesso que o que mais me completa é a literatura e o que mais me desafia é o guionismo.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, o cinema?
A.C: Se estamos no campo do sonho, aqui vai: Adorava experimentar cinema. Também adorava poder escrever disparates ou outra matéria igualmente relevante, para uma publicação jornalística e ser paga para isso.

M.L: Entre 2008 e 2009 escreveu juntamente com Manuel Arouca, Tomás Múrias e Melissa Lyra, a telenovela “Podia Acabar o Mundo” que foi exibida na SIC. Que recordações guarda desse trabalho?
A.C: Felizmente, guardo recordações boas de praticamente todos os meus trabalhos. “Podia Acabar o Mundo” foi a primeira novela que escrevemos para a SIC e, por esse motivo, um desafio maior.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como escritora?
A.C: Foi a primeira reunião que tive com o Manuel S. Fonseca, na editora Guerra e Paz. Ele ligou-me, depois de ler o meu manuscrito e quis encontrar-se comigo no dia seguinte. Quando ele me disse: “Nós estamos muito interessados em editar esta história”, eu senti que era o princípio de muitas coisas importantes na minha vida.

M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
A.C: Acho que somos absolutamente extraordinários a desenrascarmos projetos com poucos meios. A arte de fazer bem, ou menos mal, com poucos recursos, é uma arte muito portuguesa e terá que se reinventar de novo, dada a negra conjuntura do país. Também sinto que os portugueses estão cada vez mais sedentos de cultura acessível e de qualidade. A cultura deveria ser acessível a todos. Deveria ser banalizada e vista como uma manifestação intrínseca de uma sociedade saudável. Em certas capitais europeias, não tão faustosas quanto isso, estás sempre a esbarrar na cultura, como parte da cidade e dos seus habitantes.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
A.C: Se, por carreira internacional, te referes a ver o meu livro traduzido em dezenas de línguas, sim. Se te referes a um convite para adaptar o meu livro ao cinema francês, italiano, britânico, sonhemos em grande, americano, é claro que sim também, que eu não sou de fugir a sonhos bons…

M.L: Como é que é a sua rotina, quando escreve?
A.C: Como tenho filhos pequenos, tenho que adaptar as minhas rotinas às rotinas deles. Já não tenho aquela liberdade total de escrever a qualquer hora do dia e da noite. Gosto sempre mais de começar a escrever de manhã muito cedo, com uma boa caneca de café e, geralmente, bandas sonoras de filmes a tocarem no Mp3.

M.L: Recentemente, a telenovela da SIC “Rosa Fogo”, da qual participou no arranque do projeto, foi nomeada para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
A.C: Como disseste bem, participei no arranque da novela, por isso não me envolvi do princípio ao fim do projeto. Mas fico sempre feliz, quando um projeto português passa a ser falado além-fronteiras.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
A.C: Eu não consigo dissociar o meu “percurso” como escritora, do meu percurso como pessoa. Por isso, haverá sempre quem/o que me inspire e me marque o suficiente para ter vontade de escrever sobre isso. Tenho que tentar manter sempre os olhos e o coração abertos.

M.L: Como vê o futuro da Cultura em geral nos próximos anos?
A.C: Um país que corta na educação e na saúde, é um país que não dará qualquer espécie de prioridade à cultura. Infelizmente é isto. O que não quer dizer que nos transformemos numa sociedade embrutecida, pois muitas vezes, é das situações mais adversas que nascem os grandes rasgos e que as pessoas mais se viram para o que lhes dá alento espiritual.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na escrita?
A.C: Rubem Fonseca responde a esta pergunta, de forma sublime, no seu livro “José”. Aqui fica a citação: “Gostar de ler e digitar palavras, seria suficiente para a pessoa se tornar um escritor? José sabia que o mais importante requisito era motivação, essa energia psicológica, essa tensão que põe em movimento o organismo humano, determinando um certo comportamento. José sabia que se o aspirante a escritor não tiver uma motivação forte, escreverá, quando muito alguns poemas de dor de cotovelo, alguns contos, talvez até um romance, mas logo desistirá. José estava certo de que na realidade, a motivação de cada escritor está essencialmente ligada à sua experiência, à sua vida, desejos, ambições, sonhos, pesadelos. Não interessa o tipo de motivação, apenas tem que ser suficientemente forte”. É precisamente isto que eu penso em relação a querer fazer da escrita, uma carreira. A escrita tem que te ser orgânica e tens que ser perseverante. Não podes desistir ao primeiro obstáculo, pois existirão, certamente, muitos obstáculos ao teu sonho.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito até agora como escritora?
A.C: Gostava de responder a esta pergunta, daqui a um par de anos, quando já tivesse, pelo menos, mais uma história escrita.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.C: “Todas as Palavras de Amor” ainda é um recém-nascido, que me tolda um pouco a capacidade de fazer projetos. Mas já comecei a escrever outra história, que não quero deixar morrer…

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.C: Sou imensamente privilegiada nesse sentido. As coisas que mais amo, já alcancei. Tenho uma família que me completa e dedico-me à escrita. O resto será sempre um upgrade ao que já tenho. Como viajar mais, ver mais mundo, ver mais histórias que escrevi arrumadas entre uma capa e contracapa.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
A.C: Gostava de ter mais tempo. Tempo para as coisas mais supérfluas, que também são fundamentais para temperar as nossas vidas.ML