sábado, 13 de abril de 2013

Mário Lisboa entrevista... Joana Duarte Silva

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Joana Duarte Silva. Desde muito cedo que se interessou pela representação, tendo-se estreado como atriz em 2000, e desde aí tem desenvolvido um percurso como atriz que já conta com 13 anos de carreira, da qual passa essencialmente pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "O Bairro da Fonte" (SIC), "Filha do Mar" (TVI), "Remédio Santo" (TVI) e "Rosa Fogo" (SIC) e entre 2009 e 2010 trabalhou na companhia Seiva Trupe no Porto e recentemente fez uma breve participação na telenovela "Dancin' Days" que, atualmente, está em exibição na SIC e atualmente está a tirar um mestrado em Artes Performativas, ramo Teatro-Música, na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 1 de Março.


M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
J.D.S: Desde pequena que fazia teatrinhos em casa e cantava muito. Quando tinha 16 anos, houve um casting para os “Jardins Proibidos” (TVI) no Teatro Vasco Santana, na antiga Feira Popular. Eu inscrevi-me, porque a personagem era nadadora e eu fazia natação de competição. Fui fazer o casting, mas não fiquei com o papel. Um ano depois, ligaram-me para fazer um casting para uma série. Fui e fiquei! Mais tarde, percebi que gostava mesmo de representar e então fui estudar teatro. 

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
J.D.S: Esta pergunta não é fácil de responder! Não sigo nenhuma influência em particular.

M.L: Faz essencialmente teatro e televisão. Gostava de trabalhar em cinema?
J.D.S: Sim, gostava muito de fazer cinema. Quem não gostava?! Certamente chegará a minha vez!

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Cada trabalho é diferente, à sua maneira. Cada trabalho tem o seu encanto, as suas coisas boas e as suas coisas menos boas. Em cada peça que faço há uma aprendizagem, uma evolução. Quando era mais nova estava sempre atenta a tudo, ao trabalho dos colegas mais velhos, etc... Talvez, por isso, tenha aprendido muito em “A Ópera de Três Vinténs”, no Teatro Aberto, apesar de ter tido um papel pequenino. Tive a sorte de trabalhar com pessoas muito generosas e talentosas que me ensinaram imenso.

M.L: Entre 2001 e 2002 participou na telenovela “Filha do Mar” que foi exibida na TVI, da qual interpretou a personagem Ana. Que recordações guarda desse trabalho?
J.D.S: As recordações desses tempos são muito boas. Desde ao ambiente nos camarins até ao Plateau. A maioria das minhas cenas eram com a Natalina José e com a Irene Cruz. Ambas me ajudavam muito e me davam dicas, pois eu era muito nova.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Na verdade, não sei! O nosso percurso é feito de conquistas e cada passo que damos nos marca. Estamos em constante aprendizagem... Talvez o conseguir fazer uma cena da maneira que queremos, o sentir que a fizemos com verdade. Isso aconteceu-me, quando trabalhei com o Michael Margotta, num workshop sobre o Método, em que senti que cresci muito como atriz.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
J.D.S: A ficção nacional deu um grande pulo, desde o início, mas os argumentos continuam fracos e desinteressantes. A nível teatral, penso que existe uma tentativa de reinvenção do género dramático. As pessoas querem ver coisas diferentes! Há uma tendência, cada vez maior, para uma mistura das várias áreas disciplinares (Dança, Música, Teatro), bem como para a interseção da performance e instalação com o teatro. Procuram-se novas formas de encenação.  

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
J.D.S: Sim, gostava. Mas tenho a noção que é muito difícil. Isso implicava ter ido para fora estudar, já há alguns anos. Claro que a vida é uma caixinha de surpresas e nunca sabemos o nosso futuro.

M.L: Em 2013 celebra 13 anos de carreira, desde que começou em 2000. Que balanço faz destes 13 anos?
J.D.S: Já lá vão 13 anos!!! O balanço é positivo. Nesta área, temos de ser muito persistentes e aprender a lidar com os "nãos" que vão ficando pelo caminho. A pouco e pouco vamos construindo o nosso espaço e a nossa carreira e acho que tenho conseguido isso. Comecei na TV, sabia muito pouco! Fui estudar interpretação e canto. Fiz muito teatro e atualmente tenho tido trabalho no Teatro Musical, que é um dos meus géneros preferidos. As coisas foram-se compondo naturalmente!

M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
J.D.S: Não tenho assim grandes fixações. Mas gostaria de trabalhar com a Maria João Luís, a Dalila Carmo, o Ivo Canelas, entre outros...

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
J.D.S: Gosto de escrever, para mim, mas não para teatro. Como se costuma dizer: "Cada Macaco no seu Galho". Acho que, quando começamos a trabalhar em áreas que não são as nossas, as coisas se tornam perigosas. Já há tantos atores que não o são!!! Temos escritores e pessoas que escrevem para teatro com muito talento.

M.L: Recentemente, as telenovelas “Remédio Santo” da TVI e “Rosa Fogo” da SIC foram nomeadas para o Emmy Internacional na categoria de Telenovela. Como vê este reconhecimento internacional?
J.D.S: É bom, as novelas portuguesas terem o reconhecimento internacional, sem dúvida. Acho que se evoluiu muito nesse género em Portugal. Contudo, penso que ainda há um longo caminho a percorrer.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
J.D.S: Não sei dizer só uma! Marcaram-me muitas pessoas!

M.L: Entre 2009 e 2010 trabalhou na companhia Seiva Trupe no Porto. Que recordações guarda do tempo em que trabalhou na companhia?
J.D.S: Fui muito bem tratada na Seiva Trupe. Fiz três peças na companhia e morei no Porto nessa altura. Fui muito bem recebida, quer pelas pessoas da companhia, quer pelos colegas.

M.L: Gostava de, um dia, voltar a trabalhar na companhia?
J.D.S: Porque não?! Se o trabalho for desafiante e interessante e se os convites surgirem, terei todo o gosto em voltar.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
J.D.S: Estudem!!! Tenham os pés bem assentes na terra. E não se iludam. É uma profissão difícil, de persistência e perseverança. Não somos atores só por fazer uma novela ou só por termos uma cara bonita... Ser ator é muito mais do que isso.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.D.S: Por enquanto, estou a fazer o mestrado em Artes Performativas, ramo Teatro-Música, na ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema). Vem aí mais peças musicais e projetos pessoais, dos quais prefiro não falar ainda.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
J.D.S: Tanta coisa... Ainda tenho um mundo pela frente a explorar. Tantas personagens para fazer.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
J.D.S: Sou feliz com o que tenho, sou feliz como sou. Claro que podemos sempre pedir mais trabalho e mais desafios.ML

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