domingo, 14 de abril de 2013

Mário Lisboa entrevista... Maria João Rosa

Olá. A próxima entrevista é com a jornalista da TVI Maria João Rosa. Inicialmente tinha como objetivo fazer o Conservatório de Cinema para se tornar realizadora, mas, durante o tempo em que tirou o curso de Comunicação Social, começou a interessar-se pelo jornalismo, tendo tido a sua primeira experiência profissional nessa área na revista Media XXI em 1998 e depois ganhou uma bolsa para estagiar na TVI em 2002 e atualmente trabalha no canal, onde apresenta desde 2009, o programa "Cinebox" na TVI24, em parceria com Vítor Moura. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 4 de Março.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.J.R: Quando fui para a faculdade tirar o curso de Comunicação Social, confesso que não tinha intenção de me tornar jornalista. Escolhi o curso, porque gostei muito do programa, porque queria tirar uma licenciatura abrangente, onde pudesse aprender sobre áreas muito diversificadas e tinha como objetivo, fazer depois o Conservatório de Cinema para me tornar realizadora. Aconteceu que, durante o curso, ganhei imenso gosto pelo jornalismo e tive a minha primeira experiência profissional na revista Media XXI. Por fim, ganhei uma bolsa para estagiar na TVI em 2002, foi aí que o bichinho da televisão se apoderou de mim e foi então que, na verdade, me tornei jornalista. Estive vários anos a trabalhar na editoria de Sociedade, fiz grandes reportagens, jornalismo de investigação e, sobretudo, informação diária. Senti grande satisfação ao realizar os meus pequenos "filmes", as minhas peças de informação, que eram vistas por milhares de pessoas no próprio dia ou nos dias em que iam para o ar. E claro, assim que me pude especializar na área do Cinema, foi ouro sobre azul! Juntei a minha paixão pelo Cinema ao gosto que cresceu em mim pela televisão e ao meu desejo de contar histórias através de imagens.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
M.J.R: As minhas influências como jornalista passam muito pelos colegas com quem mais aprendi nos anos em que me tornei jornalista na TVI, a trabalhar na editoria de Sociedade. Alguns são conhecidos, outros nem por isso, mas todos eles me deram algo que ainda perdura na minha forma de trabalhar. Posso referir os nomes de alguns colegas que chegaram a ser meus editores e que admiro imenso como o Paulo Simão e o Francisco Prates. O meu colega Vítor Moura também é uma referência para mim até porque já faz jornalismo de Cinema há mais anos do que eu. Como pivots e personalidades de televisão, devo dizer que aprendi bastante com a Ana Sofia Vinhas, com o José Carlos Castro que me deu formação como pivot e com o meu atual diretor José Alberto Carvalho.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como jornalista?
M.J.R: Apesar de ter tido momentos muito gratificantes nalgumas grandes reportagens que fiz, enquanto trabalhei na editoria de Sociedade da TVI, o arranque do “Cinebox” e da TVI24 foram os momentos mais marcantes da minha vida profissional até à data.

M.L: Desde 2002 que trabalha na TVI, onde apresenta desde 2009, o programa “Cinebox” na TVI24, em parceria com Vítor Moura. Que balanço faz do tempo em que está no canal?
M.J.R: O balanço é amplamente positivo, criamos um programa de raiz e imprimimos-lhe uma personalidade própria, tentamos marcar a diferença, desde o início em relação a outros programas do género e conseguimos conquistar um público fiel, que nos dá feedback constante, nomeadamente através das redes sociais. Além disso, tendo o “Cinebox” arrancado ao mesmo tempo que a TVI24, é não só um programa pioneiro do canal, como também um caso de sucesso, já que desde o início da TVI24, o programa nunca parou e, enquanto outros foram desaparecendo, o “Cinebox” permaneceu até hoje.

M.L: A TVI celebra este ano 20 anos de existência. Como vê o percurso que o canal tem feito até agora?
M.J.R: Tem sido um percurso muito interessante, em que o canal tem crescido e ultrapassado várias metas. Espero grandes coisas da TVI24 no futuro e conto poder contribuir com isso através do “Cinebox” e não só.

M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social em Portugal? Como vê o futuro da Comunicação Social em geral nos próximos anos?
M.J.R: A Comunicação Social em Portugal atravessa um período difícil. Em tempos de crise económica e da crescente tendência do "infotainment", é complicado manter a independência do jornalismo e a fidelidade ao valor da informação. Há cada vez mais candidatos a jornalistas e cada vez menos postos de trabalho, o que também torna mais difícil, a condição destes profissionais. Acredito, no entanto, que com inteligência e profissionalismo é possível ultrapassar, a maior parte dos obstáculos que nos apresentam, mas acima de tudo vai ser preciso ter muita boa vontade e "vestir a camisola" do meio de comunicação ao qual se pertence para se conseguir vingar como jornalista, sem perder o ânimo.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.J.R: A minha carreira como jornalista, felizmente, já me dá muita atividade a nível internacional. Ao fazer reportagens em Cannes, nos Óscares, em Los Angeles e em muitas apresentações de filmes pelo mundo fora, tenho com frequência a oportunidade de trabalhar com equipas internacionais. Seja como for, se um dia surgir a oportunidade de trabalhar para um meio de comunicação estrangeiro, adoraria ter essa experiência. Quem sabe o que o futuro traz?

M.L: Este ano celebra 16 anos de carreira, desde que começou como jornalista na revista Media XXI em 1997. Que balanço faz destes 16 anos?
M.J.R: Não são bem 16 anos de carreira, visto que depois de uma primeira experiência profissional em 1998 (e não 97), só voltei a trabalhar como jornalista em 2002, quando comecei a estagiar na TVI. Seja como for, pelo menos de 2002 até agora, faço um balanço muito positivo, cresci como jornalista, tornei-me também pivot e especializei-me na área que mais me apaixona: o Cinema.

M.L: Qual é a personalidade do Cinema que gostava de entrevistar no futuro?
M.J.R: Já tive a oportunidade de entrevistar algumas das personalidades que mais admiro no mundo do Cinema como o Woody Allen e o Quentin Tarantino. Gostaria muito de entrevistar o David O. Russell (o realizador de "Guia Para Um Final Feliz" (2012), de cuja carreira já sou fã, mas além disso não tenho nenhuma entrevista específica que gostasse particularmente de fazer de momento. São todas interessantes e todas excelentes oportunidades de conhecer o mundo do Cinema por dentro.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
M.J.R: Já experimentei a escrita, pontualmente, não só, quando trabalhei na Media XXI, mas também em artigos e entrevistas de cinema que escrevi, ao mesmo tempo que trabalhava já na TVI, por exemplo para a revista Visão. É algo que também me agrada, mas a televisão é o meu meio favorito.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
M.J.R: O meu conselho é que tente fazer, paralelamente à licenciatura, uma formação profissional mais prática (como, por exemplo, a do Cenjor) e que procure estagiar assim que possível num meio de comunicação, mesmo que não seja logo na área que se pretende seguir de futuro. O jornalismo aprende-se sobretudo na prática, a teoria e a formação académica são essenciais para dar maturidade e bagagem cultural, mas uma pessoa só se torna jornalista "na tarimba". É um lugar-comum, mas é verdade!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.J.R: Para já, o meu projeto continua a ser, sobretudo, o “Cinebox”, fazê-lo cada vez melhor é um trabalho a tempo inteiro! A par disso, tanto eu, como o Vítor Moura fazemos todas as peças informativas sobre Cinema para as notícias da TVI e da TVI24. Somos os senhores do Cinema na TVI.ML

1 comentário:

  1. Parabéns. Admiro a sua capacidade de persistência e de ser apologista da sempre importante unidade Teoria/Prática.

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