domingo, 29 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... Isabel Campelo

Olá. A próxima entrevista é com a cantora Isabel Campelo. Desde muito cedo que se interessou pela música e desde aí desenvolveu um percurso como cantora tendo por exemplo cantado a canção "Boa Noite, Vitinho" em 1986 e o tema de genérico da telenovela "Nunca Digas Adeus" (TVI) em 2001 e também participou no Festival RTP da Canção e além da música também é professora, locutora e atriz e atualmente está a trabalhar no seu doutoramento sobre os Estúdios Namouche tendo depois escrever a tese e defende-la. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 7 de Maio.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela música?
I.C: Como não sei, mas quando... terá sido bastante cedo a avaliar por algumas histórias contadas pelos meus pais.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto cantora?
I.C: Muitas e diversificadas. Desde James Taylor a Caetano Veloso passando por Sting, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Zeca Afonso, Tom Waits...

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: As colaborações que fiz em estúdio com nomes como Rui Veloso, Paulo de Carvalho, Zé Mário Branco, Zé Calvário, Jorge Machado, Luís Pedro Fonseca, Zé da Ponte, Guilherme Inês... no tempo em que era preciso saber cantar para gravar em estúdio!!

M.L: Além da música também é professora, locutora e atriz. Qual destas funções em que se sente melhor?
I.C: Em todas. Atriz, enfim... sou uma mera aprendiz... fiz alguns musicais e colaborações em séries de TV e bem dirigida consigo representar. Gosto muito, mas tenho consciência que não é uma competência que tenha ao mesmo nível do canto ou de outras.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: Não consigo isolar "um momento”... mas uma experiência inolvidável foi sem dúvida a colaboração no espetáculo de José Mário Branco "A Noite". Absolutamente incrível!!

M.L: Como vê atualmente a música portuguesa em geral?
I.C: Vejo com bons olhos. A música cantada em Português está a voltar em grande força, existem muitos grupos com propostas interessantes. Mesmo ao nível dos que se expressam em Inglês (opção que vejo como menos interessante) existem artistas que merecem o meu respeito (David Fonseca e Rita Redshoes por exemplo).

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
I.C: Os únicos artistas portugueses a fazerem carreiras internacionais cantam Fado ou música que de alguma forma se relaciona com esse universo musical (caso dos Madredeus). Não me identifico minimamente com estes géneros musicais.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
I.C: Tenho muito pouco conhecimento desse público...

M.L: Em 2001 cantou o tema de genérico da telenovela da TVI “Nunca Digas Adeus”. Que recordações leva dessa experiência?
I.C: Boas. Agradou de uma maneira geral e isso é sempre gratificante.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
I.C: Os meus filhos foram as pessoas que mais me marcaram no meu percurso como cantora, como pessoa, como tudo!!

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na música?
I.C: Trabalhar muito e se possível ser multi-instrumentista. Sobretudo aos aspirantes a cantores/cantoras tocar um instrumento parece-me fundamental assim como ter conhecimento aprofundado de música. O mercado de trabalho hoje em dia é muito concorrencial e os músicos têm muito mais formação e mais meios para a obter. Por isso, os cantores não podem (não devem) ser aqueles "analfabetos musicais com jeitinho para cantar" que durante anos foram sempre dependentes dos músicos. Um cantor tem que ser outro músico numa banda em igualdade de circunstâncias com os demais.

M.L: Como vê o futuro da Música em geral nos próximos anos?
I.C: Vejo bem! Espero que a música portuguesa continue um percurso independente do Fado, parece-me que neste momento se vive uma certa obsessão pelo Fado ainda mais depois da sua classificação como Património Imaterial da Humanidade com o devido respeito. Por outro lado agrada-me que a música dita "pimba" não ocupe o lugar na cena musical que ocupava há uns anos. Existem muitos artistas a solo e grupos emergentes muito interessantes.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
I.C: Positivo. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes músicos, produtores e técnicos de som deste país alguns deles grandes personalidades também.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.C: Continuar o trabalho de campo para o meu Doutoramento (sobre os Estúdios Namouche em Lisboa), escrever a Tese e defende-la!!! Ter saúde e ver os meus filhos continuar a crescer e amadurecer. Sobreviver à crise. Ser feliz.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
I.C: Fazer a Route 66 de carro e comprar uma Vespa (e andar nela, pois já uma vez comprei uma mota parecida, mas entretanto engravidei da minha primeira filha e só andei à pendura...).ML

Brevemente...

Entrevista com... Isabel Campelo (Cantora)

sábado, 28 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... Piedade Maio

Olá. A próxima entrevista é com a ex-produtora Piedade Maio. Sogra da cantora Nucha, avó da também cantora Catarina Trindade e mãe de Paulo Trindade que trabalha na RTP como responsável operacional, o audiovisual surgiu na sua vida, quando tinha 17 anos ao participar em anúncios publicitários e foi a partir daí que se interessou por trabalhar numa produtora de publicidade a princípio como datilógrafa e depois desenvolveu um percurso como produtora tendo trabalhado na RTP, durante vários anos (onde produziu programas como "O Passeio dos Alegres", "Hermanias", "Jogo de Cartas", "Hermanias: Especial Fim de Ano", "Eu Tenho Dois Amores", "A Minha Vida Dava um Filme" e "Antenas no Ar") e atualmente trabalha com a sua nora, a cantora Nucha. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 15 de Abril.

M.L: Como é que surgiu o audiovisual na sua vida?
P.M: Eu quando tinha 17 anos fazia anúncios de publicidade e foi daí que me interessei por trabalhar numa produtora de publicidade. Inicialmente como datilógrafa.

M.L: Trabalhou na RTP, durante vários anos. Que recordações leva do tempo em que trabalhou no canal?
P.M: Tenho maravilhosas recordações, produzi muitos programas e com equipas fantásticas, pessoas que ainda hoje estão no meu coração.

M.L: Como vê atualmente a RTP?
P.M: Vejo com muito gosto... só tenho pena de não existirem mais programas como grandes musicais...

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como produtora?
P.M: É difícil, porque foram tantos, mas posso referir um filme chamado "Flores Amargas" com Realização de Margarida Gil. Foi filmado no Vale do Jamor e os atores foram todos Timorenses, pessoas lindas que eu nunca vou esquecer.

M.L: Como vê atualmente o audiovisual em Portugal?
P.M: Perfeito, sempre a inovar, o que me dá muita alegria.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou, durante o seu percurso como produtora?
P.M: Foi a suspensão de um programa em direto chamado "FISGA" com um grande ator João Grosso que sem pensar cantou o hino nacional em rock (foi muito complicado).

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como produtora?
P.M: Quando recebi um telefonema no dia da primeira emissão dos “Jogos Sem Fronteiras” (RTP), onde me diziam que na hora do direto iria rebentar uma bomba (na Praça de Touros de Cascais). Claro que fiquei em choque, mas só o transmiti ao Diretor (que rapidamente chamou a Brigada). Poucas pessoas da equipa ficaram a saber... e as coisas correram muito bem!!!!

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como produtora?
P.M: Muitas, não posso referir nomes, porque são tantas...

M.L: Não trabalha no audiovisual há já vários anos. Tem saudades de trabalhar nesta área?
P.M: Não tenho saudades, porque me sinto realizada profissionalmente!

M.L: Como vê o futuro do audiovisual nos próximos anos?
P.M: Sempre a inovar...

M.L: Atualmente trabalha com a sua nora, a cantora Nucha. Como vê o percurso que a sua nora fez até agora?
P.M: Atualmente ajudo a minha nora, porque é uma pessoa maravilhosa. E sempre gostei do percurso dela. Tem feito de tudo: cantora, apresentadora, júri de vários programas... É uma lutadora...

M.L: Que balanço faz do seu percurso profissional?
P.M: Fantástico...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.M: Conseguir que a minha nora possa fazer um espetáculo no Coliseu dos Recreios, mas os apoios são só para alguns!!!!!!

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.M: Nada, estou muito feliz!!!!!ML

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... Patrícia Candoso

Olá. A próxima entrevista é com a atriz e cantora Patrícia Candoso. Estreou-se na representação em 2002 com a telenovela "Sonhos Traídos" (TVI) e interessou-se pela música desde muito cedo tendo-se estreado profissionalmente como cantora na 1ª temporada da série "Morangos com Açúcar" (TVI) da qual participou e desde aí desenvolveu um percurso com 10 anos de existência que passa pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Mundo Meu" (TVI) e "Casos da Vida" (TVI) e além da representação e da música também teve experiência como apresentadora e recentemente cantou o tema de genérico da telenovela "Doce Tentação" (TVI) e atualmente participa no espetáculo "Cinderela on Ice" que vai estar em cena no Pavilhão Gimnodesportivo em Nazaré nos próximos dias 3 e 4 de Agosto às 21h30 e no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz nos próximos dias 10 de Agosto às 21h30 e 11 de Agosto às 18h00 e às 21h30 e na telenovela "Louco Amor" (TVI). Esta entrevista foi feita no passado dia 23 de Março no Europarque em Santa Maria da Feira na altura em que a entrevistada passou pelo concelho a propósito do espetáculo "Cinderela on Ice" que teve estreia inédita no concelho. 

M.L: Como é que está a correr o espetáculo “Cinderela on Ice”?
P.C: Está a correr muito bem. Fizemos hoje o primeiro espetáculo no gelo, já tínhamos feito a “Cinderela” só em rodas e estreamos hoje a “Cinderela on Ice” e correu tudo muito bem. Estamos muito contentes e esperamos uma ótima sala hoje à noite que vai ser a estreia para o público, porque de manhã e à tarde tivemos só escolas e agora à noite vai ser aberto ao público e estamos assim com uma expectativa positiva.

M.L: Quais são os próximos locais que o espetáculo vai passar?
P.C: Vamos estar na Figueira da Foz em Maio… eu não sei assim muito bem de cor, mas penso que também vamos estar em Olhão e agora assim de cor, eu não sei exatamente os dias, mas é fácil: basta ver na página do Facebook do Palco Partilhado (a produtora responsável pelo espetáculo “Cinderela on Ice”) e tem lá sempre a atualização dos espetáculos.

M.L: Como é que surgiu este espetáculo?
P.C: O dono desta produtora fez uma parceria com o programa “Dança Comigo no Gelo” (RTP) para o qual eu fui convidada há uns dois anos atrás e na altura eu estava a fazer a “Branca de Neve (na Floresta Encantada)” em patins de rodas e demonstrou interesse em que eu participasse nas peças e tem sido um ciclo estes últimos dois anos. Várias peças que fizemos: a “Branca de Neve…”, estreamos a “Cinderela” em rodas, temos também “O Feiticeiro da Neve”, o “Aladino (e a Gruta Mágica)” que também vamos fazer em gelo e tem sido assim uma aventura.

M.L: Qual é a personagem que interpreta neste espetáculo?
P.C: Neste espetáculo, eu sou a Fada Madrinha e faço a Cinderela, quando já é rainha ou seja a história começa comigo em Cinderela no palácio já rainha, já a viver no palácio a contar como é que ela e o Príncipe se conheceram e depois ao desenrolar todo da história no qual eu faço também a Fada Madrinha.

M.L: Como é interpretar personagens tão incontornáveis deste conto “Cinderela” como a Fada Madrinha ou a Cinderela?
P.C: É assim: por um lado é fácil, porque temos muitas referências. Temos muitas referências desta história, já houve muitas versões, já houve filmes, já houve desenhos animados, portanto há muitas, muitas versões na qual nos podemos basear. Mas basicamente o texto é diferente, é criado para esta situação e depois também canto algumas músicas, onde conto a história e depois também o patinar tem que se conjugar tudo para sair perfeito, mas não há um grande trabalho de pesquisa nem na elaboração da personagem, porque são personagens que são conhecidas do público principalmente o público jovem e também não podemos fugir muito do que é a Cinderela e do que é a Fada Madrinha. Portanto, temos que recriar um bocadinho aquilo que também já existe.

M.L: Como tem sido a reação do público a este espetáculo até agora?
P.C: Olha, tem sido positiva penso eu. A este concretamente, da “Cinderela on Ice”… como só tivemos hoje de manhã e hoje à tarde não tenho uma grande referência, mas penso que o público gostou imenso. O público da manhã principalmente era mais efusivo talvez fossem crianças mais pequeninas e manifestavam-se mais, mas normalmente tanto neste espetáculo como os outros espetáculos que temos, as crianças acabam por participar muito e para responder e dar sugestões às personagens, envolvem-se muito às vezes na história e fazem muitos comentários engraçados e se eles se envolvem na história é porque gostam e estão atentos. Acho que é bom.

M.L: Como classifica este espetáculo?
P.C: Na minha opinião apesar de ser um bocadinho suspeita, porque faço parte do projeto acho que é um projeto com muita qualidade, uma qualidade excelente de patinadores, de cantores, de atores, de performance e recomendo mesmo, porque é 100% feito por portugueses e nos tempos que correm acho que temos que cada vez mais apoiar o que é português e o que é nosso e portanto eu recomendo, claro.

M.L: Atualmente participa na telenovela “Louco Amor” que vai estrear brevemente na TVI (estreou no passado dia 6 de Maio) e onde interpreta a personagem Bia (Beatriz Sousa). Como estão a correr as gravações?
P.C: Está tudo a correr bem. Já estamos a gravar há cerca de dois meses (mais ou menos) e tem estado a correr bem, não posso adiantar muito do conteúdo da história nem da minha personagem e nem das outras personagens, mas acho que vai ser uma história muito envolvente e que o público vai gostar bastante.

M.L: A última telenovela em que participou antes de “Louco Amor” foi “Mundo Meu” da TVI em 2005. O que a levou a aceitar o convite para participar nesta telenovela?
P.C: É assim: em 2005/2006 fiz essa novela “Mundo Meu” e depois fui experimentar outras áreas também da representação como o teatro e fiz alguns telefilmes e fiz uma série para a RTP (“Um Lugar para Viver”) ao longo destes últimos anos, mas assim um grande, grande papel este é o primeiro desde essa altura. O que me levou a aceitar foi basicamente o querer também regressar à televisão num papel mais importante e porque gosto imenso de televisão, gosto imenso de representar e é sempre uma boa oportunidade.

M.L: A telenovela é da autoria de Tozé Martinho com quem já trabalhou anteriormente no teatro. O que a cativa na escrita dele?
P.C: Basicamente, fui aquilo que eu respondi há pouco, porque ele escreve histórias muito envolventes, muito reais e que facilmente o telespectador se identifica com as personagens. São histórias que não são muito ficcionadas, são histórias que podia acontecer a qualquer pessoa e acho que isso cria uma ligação boa entre o espectador e a própria novela.

M.L: A telenovela portuguesa celebra este ano 30 anos de existência. Que balanço faz destes 30 anos?
P.C: Eu acompanhei algumas coisas, durante estes anos. O balanço que eu faço é basicamente uma melhoria a todos os níveis, temos melhorado bastante. Se assim não fosse não tínhamos as audiências que temos e não tínhamos superado se calhar a (TV) Globo e outras produtoras, outras novelas que entraram no nosso mercado e na nossa televisão e hoje em dia temos um grupo muito forte de ficção nacional e em 30 anos realmente aprendemos bastante. Se calhar aprendemos também com o que de melhor se faz, porque não temos dúvidas que os brasileiros têm muitos anos também de novela e acho que aprendemos as coisas boas e melhoramos e vamos continuar.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação e pela música?
P.C: Pela música sempre houve um interesse desde muito jovem que canto e cantei em coros e grupos, portanto sempre houve essa ligação. Profissionalmente surgiu através da série “Morangos com Açúcar” (TVI), foi quando surgiu cantar profissionalmente. O interesse pela representação surgiu um bocado sem eu estar à espera, nunca tinha pensado muito a sério nisso e houve uma oportunidade de um casting para uma novela que era os “Sonhos Traídos” (TVI) e resolvi ir e depois acabei por ser escolhida e foi-se desencadeando o meu interesse pela representação.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto cantora?
P.C: Tenho várias. A nível nacional, eu gosto imenso e admiro imenso a voz da Dulce Pontes, gosto muito de Sara Tavares, gosto muito de Lúcia Moniz. São assim aquelas vozes que eu me habituei a ouvir desde muito jovem. A nível internacional como é óbvio a Whitney Houston, porque na minha juventude foi o auge da Whitney Houston como cantora e era inevitável qualquer rapariga que sonhasse ser cantora gostava de ser como a Whitney Houston. Atualmente, tenho várias referências e vou ouvindo um bocadinho de tudo, porque não consigo selecionar só um estilo musical que eu gosto, porque como cantora gosto de ouvir tudo.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou tanto como atriz e como cantora?
P.C: Apesar de já ter feito várias coisas nas duas áreas inevitavelmente, a personagem que mais me fez crescer como atriz e que me proporcionou cantar profissionalmente foi sem dúvida a personagem que eu fiz nos “Morangos com Açúcar”, mas também foi muito importante a primeira personagem que eu fiz nos “Sonhos Traídos”… Eu não consigo eleger qual é a personagem da minha vida, porque provavelmente essa personagem ainda irá surgir, ainda irá acontecer, mas posso dizer é que todas as personagens que eu fiz são especiais em determinadas características que foram importantes na minha vida.

M.L: Além da representação e da música também teve experiência como apresentadora tendo por exemplo apresentado com o seu ex-marido, o João Catarré o programa “Destinos.pt” na RTP entre 2006 e 2007. Que recordações leva dessa experiência?
P.C: É assim: a minha formação académica é Comunicação, eu sou licenciada em Ciências de Comunicação e Jornalismo e portanto fui uma experiência (a meu ver) muito positiva e que eu ansiava fazer. Porquê? Porque era a primeira experiência que tinha realmente a ver com o meu curso e gostei bastante de fazer esse programa. Mas não continuei nessa área, porque realmente aquilo que mais gosto de fazer é representar e cantar e como é óbvio não podemos fazer tudo, temos que ir deixando coisas para trás e tentar seguir um caminho que é aquele que realmente nos faz felizes e o que mais gostamos de fazer.

M.L: Qual foi o momento que a marcou tanto como atriz e como cantora?
P.C: Não consigo assim eleger um momento, assim de repente não me recordo de nada que… Como disse, todos os momentos que eu tive, todas as personagens que eu fiz são todos diferentes e todos têm coisas importantes.

M.L: Como vê atualmente o teatro, a ficção nacional e a música portuguesa em geral?
P.C: É assim: tento ver de uma maneira positiva, porque eu acho que com o que se passa neste momento a nível nacional, tudo o que se passa com o nosso país acho que estas áreas têm tentado fazer tudo para continuar de pé e para continuar a brilhar e continuar a dar tudo pelo público e acho que neste momento temos muito bons atores, muito bons cantores e só temos que fazer uma coisa: é valorizar-nos e valorizar o que temos.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.C: Gostar gostava, acho que todas as pessoas têm imensos sonhos e nesta área com certeza, um dos sonhos poderá passar por aí. Mas tenho a perfeita noção das dificuldades que isso traz, não é assim tão fácil e vê-se pela quantidade de pessoas que conseguem vingar lá fora não são assim tantas. Estou bem como estou, estou bem no meu país, se algum dia tiver que tentar alguma coisa lá fora não sei… vamos ver.

M.L: Este ano celebra 10 anos de carreira desde que começou com a telenovela “Sonhos Traídos” da TVI em 2002. Que balanço faz destes 10 anos?
P.C: Olha, eu nunca tinha pensado nisso realmente. Acho que foram 10 anos muito positivos, de muito trabalho e trabalho bom. Orgulho de todos os trabalhos que fiz. Felizmente posso dizê-lo, porque com certeza que haverá pessoas que provavelmente tenham feito um ou outro trabalho que não tenha sido tão positivo. Eu felizmente não. Nos últimos 10 anos fiz sempre o que quis e orgulho-me disso. Que engraçado, 10 anos…

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira nos últimos 10 anos?
P.C: Se calhar neste momento lido muito melhor do que há 10 anos como é lógico, porque é complicado para uma pessoa que é totalmente desconhecida e que passeia na rua despreocupada de repente ser conhecida e ter que lidar com isso. Mas normalmente as pessoas são sempre bastante carinhosas e simpáticas e nunca tive nenhum caso e nem nenhum problema em falar com as pessoas e tirar fotografias… Normalmente as pessoas são sempre muito amáveis, portanto lido bem com isso.

M.L: Recentemente cantou o tema de genérico da telenovela da TVI “Doce Tentação”. Que balanço faz dessa experiência?
P.C: Olha, fui uma situação engraçada, porque eu fui convidada para fazer a novela “Louco Amor” e entretanto surgiu esse convite que eu aceitei obviamente e com muito agrado e acho que tem sido uma boa aposta da TVI fazer genéricos cada vez com melhor qualidade e eu gostei particularmente. Gosto imenso da música, acho-a muito divertida, acho que está muito bem escolhida para aquela telenovela e para aquele genérico e acho que tem sido um sucesso. A própria novela tem tido muito boas audiências e ainda bem.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou tanto como atriz e como cantora?
P.C: Na primeira novela que eu fiz tive a oportunidade de contracenar com grandes atores: Ruy de Carvalho, Eunice Muñoz, Helena Isabel, Artur Agostinho e sem dúvida a pessoa que mais me marcou e da qual eu senti imenso carinho e imensa admiração foi o Artur Agostinho que infelizmente já morreu há sensivelmente um ano e foi sem dúvida uma pessoa que eu adorei conhecer e que sempre se mostrou muito amável, muito profissional e fui uma pessoa brilhante nas áreas todas que abraçou. Portanto, basicamente em todos os níveis no panorama nacional é sem dúvida a figura que mais admiro.

M.L: Recentemente, Portugal conquistou o seu segundo Emmy com a telenovela da SIC “Laços de Sangue”. Como vê este reconhecimento internacional?
P.C: Acho muito bom. Só nos faz pensar que realmente melhoramos imenso, que o nosso trabalho está a ser reconhecido e vamos lá ver… espero que a novela que eu estou a fazer também ganhe um Emmy…

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na música ou na representação?
P.C: Eu não dou conselhos, porque acho que às vezes dão-se muitos conselhos e pouco se acerta. A única coisa que eu digo é que para além de ser ter um talento ou uma apetência para fazer o que quer que seja tem que se trabalhar bastante. O saber cantar ou saber representar ou ter jeito só por si não chega. É importante, mas tem que se trabalhar muito, tem que se estudar, tem que se aprender e pelo menos é a minha experiência. Eu comecei nesta profissão como tu disseste há 10 anos, mas sempre tive o cuidado de continuar a estudar, de terminar os meus estudos. E acho que isso é muito importante de nós estudarmos, de nós termos a vontade de aprender e trabalharmos, porque se não for assim o talento só por si não chega. Esta é a minha opinião.

M.L: Quais são os seus próximos projetos (depois de “Cinderela on Ice” e “Louco Amor”)?
P.C: Sei lá, eu ainda não comecei… Não faço ideia mesmo, não faço ideia. Agora tenho uns largos meses pela frente de gravações, este projeto vai continuar e temos outros como o “Aladino (on Ice)” que vai estar no Casino Estoril no mês de Maio e mês de Junho e depois não sei. Durante o Verão normalmente não há uma grande quantidade de espetáculos infantis, mas no Natal (Novembro e Dezembro) são sempre meses de muito trabalho, portanto até ao final do ano é basicamente isto.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.C: Cinema, provavelmente.ML

domingo, 22 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... Patrícia Adão Marques

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Patrícia Adão Marques. Interessou-se pela representação, quando tinha 14 anos ao ver televisão e depois de ver as telenovelas tentava imitar cenas, mas também reações, sensações e respostas de personagens e começou a achar que também era capaz de fazer isso e desde aí desenvolveu um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão fazendo parte do elenco residente e da direção do Teatro Independente de Oeiras desde 1997 e 2007 respetivamente e recentemente participou no noticiário satírico "Inimigo Público" que é exibido no Canal Q e apresentado por Joana Cruz tendo também uma edição em formato imprensa no jornal Público. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 21 de Novembro na altura em que a entrevistada estava em Nova Iorque nos Estados Unidos para aprender uma técnica chamada Michael Chekhov's Technique.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
P.A.M: O meu interesse pela representação surgiu por volta dos 14 anos ao ver televisão. Via as novelas e ia para o quarto tentar imitar cenas. Reações, sensações, respostas de personagens e comecei a achar que também era capaz.

M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
P.A.M: Eu tenho trabalhado sobretudo em Teatro e esta é sem dúvida, a área que mais me preenche a todos os níveis. Sou sortuda por ter tido sempre bastante trabalho em Teatro. No entanto, adoraria fazer Cinema. Aquilo que fiz tanto em Cinema como em Televisão foram pequenas participações. Sobretudo nesta fase da minha vida quero muito fazer ficção em TV e quero mesmo muito fazer Cinema. É pena que em Portugal seja tão difícil entrar no restrito mundo do Cinema.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
P.A.M: Houve alguns trabalhos que me marcaram muito por diferentes razões. Um trabalho simples sem orçamento e sem grandes pretensões, mas que me marcou profundamente: foi “Afixação Proibida”, um espetáculo sobre o movimento surrealista português. Foi a reunião de vários fatores extremamente felizes: a equipa, os textos, poemas maravilhosos de autores surrealistas portugueses genialmente compilados por Frederico Corado que também dirigiu o projeto de uma forma sublime, a ida à Casa das Mudas na Madeira com este espetáculo, com estas pessoas naquela altura. Foi tudo especial. Outra peça que amei fazer por outras razões foi “Agora Eu Era”, um espetáculo sem palavras, só ação para menores de 6 anos em que tive a felicidade de participar com a Companhia de Teatro do Chapitô. Chegar às crianças através de referências gestuais foi uma experiência arrebatadora. E por fim, tenho de referir “Sexo? Sim, Obrigada” de Dario Fo que estreei com a minha amiga e colega atriz Rita Frazão no Teatro Independente de Oeiras no ano passado (2010) sob brilhante direção de Carlos D'Almeida Ribeiro. Aqui foi o desafio de sermos apenas duas atrizes, uma hora e meia em palco sem parar e também o tema, porque foi extremamente gratificante o desafio de falar de sexo de uma forma elegante e divertida! Este trabalho fez-me sentir mais madura a nível pessoal, mas também artístico.

M.L: Desde há vários anos que faz parte do elenco residente e da direção do Teatro Independente de Oeiras. Que balanço faz do tempo em que está na companhia?
P.A.M: Eu estou na Companhia há 16 anos como atriz e faço parte da Direção desde 2007. No entanto, estive afastada alguns anos pelo meio por razões profissionais incompatibilizantes. Mas é nesta Companhia que tenho as minhas melhores recordações sendo a principal, a minha estreia como atriz em 1997 e também os meus melhores amigos. Sinto-me realmente felizarda por poder juntar as duas melhores coisas que um ser humano pode desejar: trabalhar naquilo que mais gosta com as pessoas que mais gosta... Ah! E perto de casa.... acho que não preciso dizer mais nada...

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
P.A.M: Todos os meus passos têm sido em frente nesta minha profissão. Infelizmente neste país anda-se muito devagar, mas o importante é continuar a andar! O momento mais marcante está a acontecer agora, porque finalmente tive coragem de vir para fora de Portugal. Estou em Nova Iorque desde Setembro e ficarei até Dezembro a aprender uma nova técnica (Michael Chekhov's Technique) e é impressionante como todo um novo mundo de oportunidades se abre, quando damos espaço para que isso aconteça.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
P.A.M: Eu acho que há melhor ficção, melhor cinema e melhores atores em Portugal, apesar de muitos estarem "escondidos" no Teatro. O problema é que ninguém se interessa em conhece-los e eles ou vão continuando "escondidos" no Teatro ou mudam de país... E quando digo "escondidos" no Teatro, não é necessariamente uma coisa má. Como já referi, o Teatro para mim é tudo. Mas tenho pena que por vezes atores tão bons passem despercebidos do grande público apenas, porque as pessoas não vão ao Teatro e acham que só quem aparece na Televisão é que é ator (quando muitas vezes a verdade é bem diferente...) e os realizadores e produtores também não os conhecem, porque não querem saber e quando fazem "castings" são fictícios, porque os elencos estão já escolhidos...

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.A.M: Gostava. Mas apenas, porque o meu país não me abre as portas que deveria abrir e não presta atenção ao que tem cá dentro. É o sistema português que nos expulsa. E isso entristece-me profundamente.

M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
P.A.M: Pedro Diogo, Carla Chambel, Vitor D'Andrade, Pedro Giestas, Ruben Garcia, Ana Palma, Rita Lello, Carla Galvão. Nem sei, há tantos!

M.L: Qual foi a personalidade da representação que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
P.A.M: Marcou-me muito o tempo que estive no Teatro A Barraca e tudo o que aprendi com a Maria do Céu Guerra, o João D'Ávila e o Hélder Costa. Mas tento beber o mais possível de todas as pessoas com quem trabalho. Toda a gente tem algo para ensinar e isso é maravilhoso.

M.L: Recentemente fez 31 anos (a entrevistada fez 32 anos no passado dia 13 de Junho). Como é que se sente ao chegar a esta idade?
P.A.M: Sinto-me bem e feliz. Dizem que a vida começa aos 30... e eu começo a acreditar que sim!

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
P.A.M: O balanço é positivo, mas quero mais e melhor! Por isso vim para Nova Iorque...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.A.M: Não faço ideia! Acho que vou fazer uma peça no início do ano, mas não tenho certezas de nada! O que é ótimo, está tudo em aberto.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.A.M: Saltar de pára-quedas, aprender a patinar e andar de cavalo... Ah! Teatro? Shakespeare, “A Fera Amansada” de preferência... e mais um ou dois clássicos... Cinema, claro e uma telenovela para saber como é já agora...

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.A.M: Algumas coisas, mas não posso dizer tudo, senão ficam todos a saber tanto como eu...

M.L: Se não fosse a Patrícia Adão Marques, qual era a atriz que gostava de ter sido?
P.A.M: Audrey Hepburn ou então a Nicole Kidman, mas antes do botox... e sem casar com o Tom Cruise ou a Penélope Cruz pela garra latina que ela tem! Mas o melhor mesmo é ser a Patrícia Adão Marques e construir o meu próprio percurso sem imitar ninguém.ML

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mário Lisboa entrevista... João Didelet

Olá. A próxima entrevista é com o ator João Didelet. Interessou-se pela representação, quando estava a estagiar em Alcácer do Sal e houve um curso de iniciação ao trabalho de ator patrocinado pela Câmara da qual participou e foi aí que percebeu que era na representação em que se sentia bem e que era uma coisa que gostava muito de fazer e desde aí desenvolveu um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Herman Enciclopédia" (RTP), "Jornalistas" (SIC), "Crianças SOS" (TVI), "Super Pai" (TVI), "Lusitana Paixão" (RTP), "O Teu Olhar" (TVI), "Floribella" (SIC), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Um Mundo Catita" (RTP), "Sentimentos" (TVI) e "Pai à Força" (RTP) e atualmente participa na telenovela "Doce Tentação" (TVI) e recentemente participou na peça "Os 39 Degraus" que foi baseada numa longa-metragem com o mesmo título realizada por Alfred Hitchcock da qual contou com encenação de Claudio Hochman e que terminou a sua temporada no Teatro Villaret em Lisboa no passado dia 8 de Julho. Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Março no Teatro Rivoli no Porto na altura em que a peça "Os 39 Degraus" estava em cena no Teatro Rivoli.

M.L: Como é que está a correr a peça “Os 39 Degraus”?
J.D: Está a correr muito bem, felizmente. Estamos há um ano e pouco em cena praticamente sempre em digressão e agora é já a 3ª vez que estamos aqui no Porto, porque fomos sempre bem recebidos, o público tem aparecido, as pessoas gostam, portanto são motivos para estarmos contentes e satisfeitos.

M.L: Quais são os próximos locais que a peça vai passar?
J.D: Que eu me recorde, depois do Porto temos o (Teatro da) Malaposta em Odivelas que é ao pé de Lisboa, depois Lamego, depois em Sintra, Nazaré e outras que também não tenho de cor ainda…

M.L: Como é que surgiu esta peça?
J.D: Esta peça foi estreada pela 1ª vez em Londres, depois nos Estados Unidos. Esta é uma adaptação de um filme do (Alfred) Hitchcock com o mesmo nome “Os 39 Degraus” que é uma intriga à Hitchcock sobre uma pessoa que é acusada de um assassinato que não cometeu, portanto isto passa-se ao mesmo tempo, antes da 2ª Guerra Mundial, portanto tem homicídio e história de espionagem. O herói desta história tem que andar a fugir da polícia e atrás das pessoas que mataram a Anabella Schmidt que é a pessoa que é assassinada na casa dele e então é à volta disto. Ele anda a fugir da polícia, atrás das pessoas que mataram a mulher para provar a sua inocência. O que é que acontece? Depois para teatro é passado com poucos meios, portanto cinema, depois é adaptado para teatro, mas com poucos meios que a ideia era mesmo essa. Um cenário com quatro baús e poucos elementos: há uma janela, há uma porta, mais um cadeirão e com isto nós conseguimos recriar todas as situações por onde o filme passa, portanto isso a nível de cenário. Somos quatro atores: um ator faz uma personagem que é o protagonista que no fundo passa pela peça toda e depois a Vera (Kolodzig) faz três mulheres e eu e o Rui (Melo) fazemos bastantes personagens, portanto andamos sempre a trocar de personagens. É uma loucura muito grande e acho que resulta, porque a história não perde a intriga, mas torna-se depois também cómica com aquela lotação de personagens, a lotação dos cenários, depois temos o som, a luz, etc. Isto é uma espécie de relógio suíço que tem que funcionar tudo para nós contarmos a história.

M.L: “Os 39 Degraus” é baseada numa longa-metragem com o mesmo título realizada por Alfred Hitchcock. Já tinha visto a longa-metragem, antes de se envolver na peça?
J.D: Não, por acaso essa não tinha visto. Mas antes de começar os ensaios, quando soubemos vimos o filme juntos. Tivemos a curiosidade de ver o filme, foi importante.

M.L: A peça é encenada por Claudio Hochman com quem já trabalhou anteriormente. Como é trabalhar com ele?
J.D: É fantástico, porque ele é muito imaginativo, muito criativo, exigente e rigoroso, portanto acho que foi importante para este tipo de trabalho e foi muito bom. Um bom trabalho.

M.L: Em “Os 39 Degraus” interpreta várias personagens. Como é que consegue passar de uma personagem para outra?
J.D: Com ginástica. Acima de tudo muita ginástica. Nós temos um processo de ensaios relativamente louco que dá para treinar no fundo e ensaiar essas passagens… são cliques que nós temos que fazer, de prepara-nos para isso: saímos de cena, trocamos um chapéu, um casaco, temos um casaco, adoptamos uma outra postura física, outra voz e entramos em cena. Tem que ser assim, uma coisa rápida.

M.L: Como é trabalhar com o elenco?
J.D: É fantástico. Nós divertimos, cruzando-nos bem, vamos conhecendo bem e está a correr muito bem em cena.

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
J.D: Tem sido fantástica. Não quero estar a exagerar, mas a maior parte das vezes acabamos o espetáculo com as pessoas a aplaudirem de pé e eu depois, quando saio do teatro ainda me cruzo com alguém que tenha visto o espetáculo. As pessoas estão com um ar bem-disposto por falar de coisas do espetáculo, a rirem-se ainda, portanto a reação tem sido a melhor possível.

M.L: Como classifica esta peça?
J.D: Eu acho que é um bom objeto de teatro, uma boa comédia, tem um humor muito engraçado, é um tipo de teatro que não é muito visto em Portugal que é um teatro mais físico. E tem um humor inteligente (acho eu) sem ser-se complicado, mas tem um humor inteligente.

M.L: Atualmente participa na telenovela “Doce Tentação” (TVI), onde interpreta a personagem Evaristo Nobre. Como estão a correr as gravações?
J.D: Estão a correr bem felizmente. Estamos a meio do processo mais ou menos, mas está tudo a correr às mil maravilhas, nós estamos a gostar do que estamos a fazer e acho que as pessoas também estão a gostar de ver.

M.L: Como é trabalhar com a São José Correia e com a Sofia Nicholson?
J.D: É muito engraçado. Divertimos muito, elas são duas atrizes fantásticas e temos sempre de fazer muito trabalho de uma forma séria, mas também de vez em quando tem lugar para alguma risada ou brincarmos um bocadinho, mas está a ser uma boa experiência. Principalmente, porque por acaso com as duas nunca tinha contracenado, está a ser a primeira vez e está a correr muito bem.

M.L: A telenovela portuguesa celebra este ano 30 anos de existência. Que balanço faz destes 30 anos?
J.D: Eu acho que houve uma grande evolução desde da história até ao nível técnico, temos melhores atores, evoluímos bastante, a escrita… acho que tem sido um balanço positivo. Ao princípio, quando eu comecei a ser ator, uma das coisas que eu dizia era: “Isto é uma coisa que se tem de fazer. Para se aprender tem que se fazer”. E não é só aos atores que têm de aprender, mas também os técnicos, os realizadores, quem escreve, a produção… tem que se aprender. Fazia-se muita comparação entre a novela brasileira e a portuguesa, quando a novela portuguesa apareceu. Quando nós aparecemos, os brasileiros já tinham 30 anos de novela, portanto nós tínhamos 30 anos de atraso provavelmente. Portanto, agora estamos a começar a dominar o que é aquela línguagem toda. O balanço é positivo.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
J.D: O interesse pela representação surgiu numa altura da minha vida em que eu estava a estagiar em Alcácer do Sal e aconteceu que houve um curso de iniciação ao trabalho de ator patrocinado pela Câmara e eu frequentei esse curso e de repente percebi que era aí que eu me sentia bem e era isso que eu gostava de fazer. Depois, a partir daí foi à luta.

M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
J.D: Eu acho que uma pessoa, quando gosta de representar (como o meu caso, como gosto de representar gosto de fazer os três) digamos que a minha escola, onde eu comecei é o teatro e é uma coisa que eu sinto sempre necessidade de voltar. Agora, gosto de fazer televisão e gosto de fazer cinema também, portanto dão um gozo diferente. O teatro tem esta questão do público, ao vivo. A televisão tem outras questões: há a questão da resposta imediata, nós temos que dar respostas rapidamente às situações que vão surgindo, às cenas que vamos fazendo, fazemos muitas cenas e depois evidentemente temos o reconhecimento, as pessoas gostam de nós, nós sentimos isso na rua. O cinema é um lado que também se chama pela imagem, mas tem-se um bocadinho mais de tempo, conta-se uma história mais rapidamente uma hora ou uma hora e meia mais ou menos, portanto cada um tem a sua aliciante, cada um tem formas diferentes de eu gostar.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o marcou, durante o seu percurso como ator?
J.D: Posso dizer que em televisão, os “Jornalistas” (SIC) com o Caixinha que terá sido uma personagem que eu gostei muito de fazer, depois também em cinema fiz um telefilme que quase que era uma biografia sobre o Mário de Sá Carneiro e em teatro tive vários: “Sonho de uma Noite de Verão”, os trabalhos que fiz com o (Teatro da) Garagem, com o (Teatro) Meridional. Aqui vários exemplos de coisas que me marcaram.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “Lusitana Paixão” (RTP), onde interpretou a personagem Augusto Salada. Que recordações leva desse trabalho?
J.D: É uma boa recordação. É uma adaptação de “Os Maias” para os nossos dias e tinha um grupo muito divertido que fazia parte daqueles grupos dos políticos e dos corruptos (por assim dizer) e eu era um corrupto falhado… era corrupto, mas depois a minha vida como vida, como pessoa era um bocado falhado e tinha situações muito engraçadas, muito caricatas e muito cómicas e lembro-me perfeitamente que era com o João Lagarto, com o Carlos Mendes, tínhamos um grupo bem engraçado… acho que fui fazendo umas cenas cómicas e estavam lá a acontecer coisas, que eu era um bocado gabarolas e dizia que fazia, que acontecia, mas no fundo era um cobardezinho e estava uma personagem bastante engraçada. É engraçado estar a falar nisso, porque eu percebi que essa novela foi muito vista fora de Portugal. Não tanto em Portugal, mas fora de Portugal foi muito vista, porque quando chegou o Verão e Agosto andava em digressão com uma peça e passava pelos sítios e os emigrantes é que me falavam mais dessa novela que os portugueses… quer dizer, as pessoas que viviam cá falavam menos da novela que os emigrantes e os emigrantes fartavam-se de vir ter comigo e falar do Salada e da novela em si.

M.L: “Lusitana Paixão” foi realizada por André Cerqueira e por Jorge Paixão da Costa. Como foi trabalhar com eles?
J.D: Bem, são duas pessoas diferentes, mas que no fundo estavam a trabalhar para o mesmo fim. O Jorge Paixão é um realizador com uma grande experiência e é uma pessoa que tem uma grande capacidade de nos dirigir, tem uma grande força e uma presença em palco forte e ao mesmo tempo é muito divertido. O André é outra escola, é uma escola que vem mais da escola da (TV) Globo e tem uma outra maneira de estar connosco, outra maneira de nos dirigir, de nos conduzir, mas também de uma forma bastante agradável e consistente e coesa. Portanto, tenho boas recordações desses dois realizadores.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
J.D: Como é que eu vejo? Tem muita coisa para acontecer ainda. Nós temos de continuar a trabalhar e explorar novos caminhos e fazer coisas para dar continuidade a esta bela profissão.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
J.D: Sim, acho que sim. Porque não? É agora uma dúvida que vou ter.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
J.D: Lido bem e fico contente que as pessoas gostem do meu trabalho. Só tenho a agradecer-lhes e espero que continuem a gostar e a agradecer sempre o carinho que me têm dado.

M.L: Quais são os seus próximos projetos (depois de “Os 39 Degraus” e “Doce Tentação”)?
J.D: Estes projetos ainda estão para demorar um bocadinho, portanto para já não tenho assim nada em vista que possa também falar… também passa por aí. Se calhar há coisas para o futuro, mas ainda estão um bocadinho no segredo dos Deuses e onde deixar de estar. Não há certezas, portanto não vale a pena estar a falar de uma coisa que não sei se vai acontecer ou não.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
J.D: Não sei, há tanta coisa por fazer. É difícil, sabes? Há tantos textos que não fiz, que não guardei… É complicado dizer. Precisava de voltar por exemplo ao (William) Shakespeare, gosto dos clássicos, gosto de fazer personagens históricas, não me importava de fazer mais personagens históricas, coisas novas que existam… É difícil de dizer: “É aquele, tem de ser aquele”. Há muita coisa.ML