M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
P.A.M: O meu interesse
pela representação surgiu por volta dos 14 anos ao ver televisão. Via as
novelas e ia para o quarto tentar imitar cenas. Reações, sensações, respostas
de personagens e comecei a achar que também era capaz.
M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
P.A.M: Eu tenho trabalhado
sobretudo em Teatro e esta é sem dúvida, a área que mais me preenche a todos os
níveis. Sou sortuda por ter tido sempre bastante trabalho em Teatro. No
entanto, adoraria fazer Cinema. Aquilo que fiz tanto em Cinema como em
Televisão foram pequenas participações. Sobretudo nesta fase da minha vida quero
muito fazer ficção em TV e quero mesmo muito fazer Cinema. É pena que em
Portugal seja tão difícil entrar no restrito mundo do Cinema.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
P.A.M: Houve alguns trabalhos
que me marcaram muito por diferentes razões. Um trabalho simples sem orçamento
e sem grandes pretensões, mas que me marcou profundamente: foi “Afixação
Proibida”, um espetáculo sobre o movimento surrealista português. Foi a reunião
de vários fatores extremamente felizes: a equipa, os textos, poemas
maravilhosos de autores surrealistas portugueses genialmente compilados por
Frederico Corado que também dirigiu o projeto de uma forma sublime, a ida à
Casa das Mudas na Madeira com este espetáculo, com estas pessoas naquela
altura. Foi tudo especial. Outra peça que amei fazer por outras razões foi “Agora
Eu Era”, um espetáculo sem palavras, só ação para menores de 6 anos em que tive
a felicidade de participar com a Companhia de Teatro do Chapitô. Chegar às
crianças através de referências gestuais foi uma experiência arrebatadora. E
por fim, tenho de referir “Sexo? Sim, Obrigada” de Dario Fo que estreei com a
minha amiga e colega atriz Rita Frazão no Teatro Independente de Oeiras no ano
passado (2010) sob brilhante direção de Carlos D'Almeida Ribeiro. Aqui foi o desafio
de sermos apenas duas atrizes, uma hora e meia em palco sem parar e também o
tema, porque foi extremamente gratificante o desafio de falar de sexo de uma
forma elegante e divertida! Este trabalho fez-me sentir mais madura a nível
pessoal, mas também artístico.
M.L: Desde há vários anos que faz parte do elenco residente
e da direção do Teatro Independente de Oeiras. Que balanço faz do tempo em que
está na companhia?
P.A.M: Eu estou na Companhia há
16 anos como atriz e faço parte da Direção desde 2007. No entanto, estive
afastada alguns anos pelo meio por razões profissionais incompatibilizantes.
Mas é nesta Companhia que tenho as minhas melhores recordações sendo a
principal, a minha estreia como atriz em 1997 e também os meus melhores amigos.
Sinto-me realmente felizarda por poder juntar as duas melhores coisas que um
ser humano pode desejar: trabalhar naquilo que mais gosta com as pessoas que
mais gosta... Ah! E perto de casa.... acho que não preciso dizer mais nada...
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
P.A.M: Todos os meus passos têm
sido em frente nesta minha profissão. Infelizmente neste país anda-se muito
devagar, mas o importante é continuar a andar! O momento mais marcante está a
acontecer agora, porque finalmente tive coragem de vir para fora de Portugal.
Estou em Nova Iorque desde Setembro e ficarei até Dezembro a aprender uma nova
técnica (Michael Chekhov's Technique) e é impressionante como todo um novo
mundo de oportunidades se abre, quando damos espaço para que isso aconteça.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
P.A.M: Eu acho que há melhor ficção,
melhor cinema e melhores atores em Portugal, apesar de muitos estarem "escondidos"
no Teatro. O problema é que ninguém se interessa em conhece-los e eles ou vão
continuando "escondidos" no Teatro ou mudam de país... E quando digo
"escondidos" no Teatro, não é necessariamente uma coisa má. Como já
referi, o Teatro para mim é tudo. Mas tenho pena que por vezes atores tão bons
passem despercebidos do grande público apenas, porque as pessoas não vão ao
Teatro e acham que só quem aparece na Televisão é que é ator (quando muitas
vezes a verdade é bem diferente...) e os realizadores e produtores também não
os conhecem, porque não querem saber e quando fazem "castings" são
fictícios, porque os elencos estão já escolhidos...
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.A.M: Gostava. Mas apenas,
porque o meu país não me abre as portas que deveria abrir e não presta atenção
ao que tem cá dentro. É o sistema português que nos expulsa. E isso
entristece-me profundamente.
M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de
trabalhar no futuro?
P.A.M: Pedro Diogo, Carla
Chambel, Vitor D'Andrade, Pedro Giestas, Ruben Garcia, Ana Palma, Rita Lello,
Carla Galvão. Nem sei, há tantos!
M.L: Qual foi a personalidade da representação que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
P.A.M: Marcou-me muito o tempo
que estive no Teatro A Barraca e tudo o que aprendi com a Maria do Céu Guerra,
o João D'Ávila e o Hélder Costa. Mas tento beber o mais possível de todas as
pessoas com quem trabalho. Toda a gente tem algo para ensinar e isso é
maravilhoso.
M.L: Recentemente fez 31 anos (a entrevistada fez 32 anos no passado dia 13 de Junho). Como é que
se sente ao chegar a esta idade?
P.A.M: Sinto-me bem e feliz.
Dizem que a vida começa aos 30... e eu começo a acreditar que sim!
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
P.A.M: O balanço é positivo, mas
quero mais e melhor! Por isso vim para Nova Iorque...
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.A.M: Não faço ideia! Acho que
vou fazer uma peça no início do ano, mas não tenho certezas de nada! O que é ótimo,
está tudo em aberto.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito
ainda?
P.A.M: Saltar de pára-quedas, aprender
a patinar e andar de cavalo... Ah! Teatro? Shakespeare, “A Fera Amansada” de
preferência... e mais um ou dois clássicos... Cinema, claro e uma telenovela
para saber como é já agora...
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua
vida?
P.A.M: Algumas coisas, mas não
posso dizer tudo, senão ficam todos a saber tanto como eu...
M.L: Se não fosse a Patrícia Adão Marques, qual era a atriz
que gostava de ter sido?
P.A.M: Audrey Hepburn ou então a Nicole Kidman,
mas antes do botox... e sem casar com o Tom Cruise ou a Penélope Cruz
pela garra latina que ela tem! Mas o melhor mesmo é ser a Patrícia Adão Marques
e construir o meu próprio percurso sem imitar ninguém.ML
Sem comentários:
Enviar um comentário