M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
N.D.N: Aos 15 anos, quando
os meus amigos resolveram juntar-se a um grupo de jograis que se estava a
formar. E como fazíamos muitas coisas interessantes juntos, lá fui.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
N.D.N: Tudo e todos. Tanto
grandes interpretações de atores como situações do quotidiano. Essencialmente, o
Sentimento, real ou ficcionado (para mim no exercício da minha profissão), é
sempre real.
M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar
mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
N.D.N: Gosto muito de ser dirigida e de novas
abordagens e conceitos. Estabeleço então para mim o meu próprio desafio:
absorver, tomar como meu o que me é pedido que seja na linguagem estética e
técnica que me é proposta.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: Não sei especificar trabalhos, mas foram
vários os momentos de transcendência, tanto em palco, como em teatro de rua
como em cinema.
M.L: Além da representação, também tem experiência
como assistente de encenação, produtora e figurinista. Em qual destas funções
em que se sente melhor?
N.D.N: Atriz. Absolutamente.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: O período que sucedeu os quatro anos que fiz
de pausa da representação para descanso, e durante os quais fui convidada a
assinar uma coluna de crítica de teatro para uma publicação de artes enquanto
trabalhava intensamente no “backstage”
como figurinista, assistente de encenação, apoio à cenografia e adereços. A
aprendizagem resultante da constante observação e intervenção de um ponto de
vista exterior revelou-se surpreendente.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
N.D.N: Melhores dias virão, mas piores também já os
vi. Prevalecem os interesses (sejam eles de que natureza forem…) e os círculos
herméticos, mas… como sempre penso, “a coisa há-de se compor”.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
N.D.N: Com a internacionalização da carreira advém o
seu reconhecimento fora de portas e o seu reforço “cá dentro”. É sempre um bom
caminho. Melhor será que não sejamos reconhecidos “cá dentro” apenas porque nos
valorizaram em terras estrangeiras! Mas penso que este raciocínio é válido para
qualquer profissão.
M.L: Em 2014, celebra 23 anos de carreira, desde que
se estreou como atriz no teatro em 1991. Que balanço faz destes 23 anos?
N.D.N: “Segue o teu coração” nem sempre é um
conselho sensato, mas 23 anos depois de uma “mera experiência” que logo se revelou
apaixonante, este era O conselho.
M.L: Em 2008, fundou a companhia Gteatro, juntamente
com Anna Carvalho e Carlos Piecho. Como é que surgiu a ideia de fundar a
companhia?
N.D.N: Após o término de um projeto onde
trabalhávamos os três, numa luzidia manhã de um domingo de Maio tive uma
autêntica epifania (um pouco lírica a descrição, mas à distância é assim mesmo
que me parece): convidei o Carlos Piecho, com quem já trabalhava há mais de dez
anos, a criar o nosso próprio projeto. Queríamos mais uma pessoa e convidámos a
Anna Carvalho.
M.L: Que balanço faz do percurso que a companhia tem feito,
desde a sua fundação até agora?
N.D.N: Obviamente oscilante
com o panorama político nacional, mas sempre assente no princípio do
auto-sustento. Nunca fomos uma companhia de repertório comercial, temos um
universo próprio e temos como lema “O teatro vai”. O amadurecimento foi
uma consequência natural da passagem dos anos, houve ajustes no nosso trabalho,
em nós, entre nós, já várias pessoas passaram por mim e pelo Carlos e todas
deixaram um legado positivo.
M.L: Qual foi a pessoa que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
N.D.N: Várias pessoas marcaram o meu percurso, duas
delas definindo-lhe pontos de viragem (Carlos Piecho e José Pinho) e uma muito
especial, apoiando-me nas minhas decisões (a minha Mãe).
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
N.D.N: Mais vale tentar nem que depois se tenha de arrepiar caminho, do que passar uma vida inteira a dizer “O meu sonho era ter sido
ator…”.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
N.D.N: O meu próximo
projeto, já quase a estrear (estamos já nos ensaios gerais) é o meu filho
Vicente.
Entretanto, outros projetos
de palco e cinema avançarão, há sempre uma fila deles.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
N.D.N: Uma
longa-metragem.MLFotografia: Francisco Vaz Fernandes
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