M.L: Atualmente participa na telenovela da SIC “Rosa Fogo”, onde interpreta a personagem Carlota. Como estão a correr as gravações?
A.P: As gravações desta
novela correm com um grande ritmo. Tem sido algo cansativo, mas como temos uma
excelente equipa tanto técnica como de colegas, o trabalho acaba por dar muito
gozo.
M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o
elenco da telenovela?
A.P: O convite surgiu da diretora
de projeto Patrícia Sequeira. Fui convocada para uma reunião com ela e com a
diretora de atores Ana Nave em que me falaram de todo o projeto e em especial
do meu papel, a Carlota. Fiquei logo bastante entusiasmada, trouxe uns guiões
para ler e decidi rapidamente, pois todo o projeto me pareceu aliciante.
M.L: A última telenovela em que participou antes de
“Rosa Fogo” foi “Podia Acabar o Mundo” da SIC em 2008. Já tinha saudades em
participar numa telenovela?
A.P: Sim, embora eu gosto
de fazer de tudo dentro da minha área e tenha estado bastante preenchida com
teatro. Entretanto, a televisão é uma espécie de vício. É algo de que também
gosto muito e em que podemos confrontarmos diariamente com o nosso trabalho e
eu já sentia falta disso. Foi muito bom voltar.
M.L: “Rosa Fogo” é da autoria de Patrícia Müller. O
que a cativa na escrita dela?
A.P: O ser uma escrita muito
direta. As cenas não andam "à volta", as personagens dizem o que têm
para dizer e isso é muito bom para quem representa. Gosto também da temática
das relações entre mulheres e tenho mesmo pena de que a minha personagem não
tenha desenvolvido mais a relação com a Maria (a filha que a Carlota nunca
teve...). No entanto, acho que a relação de extrema fidelidade da Carlota com a
Gilda me marcou muito e tornou os confrontos que existem entre elas muito
fortes e emocionais, foram cenas que me deram muito prazer.
M.L: Como tem sido a reação do público a este projeto?
A.P: Pelo que posso sentir
na rua tem sido muito positiva e de alguma surpresa. A mim estão-me sempre a
pedir que "salve a menina"!!
M.L: Como classifica este projeto?
A.P: É um projeto muito
cuidado, seguramente um projeto de qualidade.
M.L: Recentemente, Portugal conquistou o seu segundo
Emmy com a telenovela da SIC “Laços de Sangue”. Como vê este reconhecimento
internacional?
A.P: É uma grande mais-valia
para todos os que trabalhamos nesta enorme área: ser-se reconhecido
internacionalmente. Faz-nos sentir orgulho, mas também mais responsabilidade.
Mostra que o nosso país não é tão pequeno como alguns nos querem fazer crer!!!
M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.P: Desde criança que me
sentia atraída pelo mundo das artes especialmente as performativas. Cheguei a
pensar em ser bailarina, mas o grande amor que tenho pela palavra levou-me a
decidir pela representação.
M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e
televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
A.P: Claro!!
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
A.P: Felizmente muitos.
Costumo sempre apaixonar-me pela última coisa que estou a fazer... Continuo a
representar a "Carta com Resposta" a partir de um texto do Fernando
Pessoa e esse é um trabalho que me diz muito por toda a problemática da
diferença que aborda. Recentemente, representei a Anna do "Closer" e
foi um trabalho fortíssimo de uma grande atualidade. Mas também já fiz a
Bernarda de "A Casa de Bernarda Alba" e ninguém fica igual, depois de
dar corpo às palavras de (Federico García) Lorca... Muita coisa!!
M.L: Desde os últimos anos que é uma presença regular
nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
A.P: Dá-me muito prazer
fazer televisão. Fazer novela é como correr a maratona! É um género muito
exigente em que estamos sempre a pôr à prova a nossa capacidade de resposta,
torna-se muito estimulante para um ator.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma
telenovela?
A.P: Como toda a gente!!!!
Temos de nos cuidar e não deixar de descansar sempre que podemos... É uma
questão de treino.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão
foi a série “Milionários à Força” (RTP), onde interpretou a personagem Cândida
Carrapito Leal. Que recordações leva desse trabalho?
A.P: Foi marcante???
Talvez!! Eu adorei, tínhamos um grande elenco. Adoro fazer comédia e trabalhar
com o Fernando Mendes, o Vítor de Sousa, a Rosa do Canto e o Carlos Areia foi
uma verdadeira escola para mim... Era uma equipa sempre muito bem-disposta e
disposta a dar a mão ao colega! Não posso esquecer nesta série, o
talentosíssimo Pedro Alpiarça!
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
A.P: Não tenho um momento,
tenho uma vida inteira cheia de projetos, de recomeços, de voltar sempre a
acreditar e de fazer sempre como se fosse a primeira vez. Às vezes sou
melancólica do passado, mas não sou nada saudosista!
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.P: Isso dava outra
entrevista!!! Mas sou otimista e acho que no teatro há muita gente nova a fazer
coisas interessantes, o mundo não pára. Gostava de ver mais respeito pelos
velhos pela sua sabedoria e capacidade de ainda dar e ensinar. A ficção
nacional, acho que está a crescer na direção certa: a da qualidade.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.P: Claro!!!!! Mas não
seria fácil, porque sou muito apegada à família... Mas sempre aceitei todos os
voos!
M.L: Este ano celebra 32 anos de carreira desde que
começou em 1980. Que balanço faz destes 32 anos?
A.P: Sempre a lutar... por
fazer melhor e por que se faça melhor! Detesto o facilitismo. Acho que consegui
desenvolver alguns projetos interessantes e dizer às pessoas, "as
coisas" que me interessam!!! É para isso que sou atriz: para comunicar,
para transmitir ideias, para tornar o mundo melhor!!!! Claro que sonhei fazer
muitas coisas que não fiz, mas já esqueci, não fico a olhar para trás... ainda
tenho muito para fazer e para dizer...
M.L: É uma das fundadoras da companhia Tenda-Palhaços
do Mundo que foi fundada em 2004. Como é que surgiu a ideia de fundar a
companhia?
A.P: Não, eu não sou
fundadora da Tenda, ainda que agora esteja empenhada neste projeto. Mas a Tenda
e os Palhaços do Mundo são duas vertentes diferentes. A Tenda será o rosto do
cidadão que intervém ativa e profissionalmente com a arte. Os Palhaços do Mundo
são o lado solidário que também com a arte faz chegar sorrisos a quem mais
precisa.
M.L: Que balanço faz do percurso que a companhia fez
até agora?
A.P: A Tenda está a crescer,
devagar, mas com passos seguros. Os nossos espetáculos têm vindo a criar um
público próprio que já nos segue e isso é extremamente importante tanto
infantil como adulto. E também no plano pedagógico temos desenvolvido um trabalho
continuado com as diversas ações de formação a que nos dedicamos. Portanto, o
balanço é muito positivo e seguramente para continuar.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
A.P: Tantas... felizmente.
Impossível citar uma.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.P: Vamos repor entre 15
e 25 de Março, a "Carta com Resposta" de Fernando Pessoa e Inês
Pedrosa no Teatro da Malaposta. E em Maio estrearei uma nova produção da Tenda
no Teatro da Trindade de um grande dramaturgo europeu. E claro, espero voltar a
fazer televisão brevemente!
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
A.P: Para o meu umbigo,
gostava de fazer um papel importante em cinema!!!! Em termos mais gerais, gostava
que o projeto dos Palhaços do Mundo tivesse mais possibilidades para crescer e
nos deixar ser verdadeiramente solidários e ir para as ex-colónias com os
nossos palhaços!ML
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