M.L: Como é que surgiu o interesse pela produção?
C.B: Surgiu bem cedo. Eu era bailarina clássica e devido a um
problema de saúde tive de abandonar essa minha vertente, mas nesse mesmo
instante prometi a mim mesma: não estou em cima de um palco, mas estarei atrás
de um. Era uma criança, mas sabia bem o que queria para mim.
M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu
percurso como produtora?
C.B: Tenho vários por diversas razões... o meu primeiro programa de
TV, o meu primeiro direto, o primeiro evento, a primeira película, todos os
trabalhos me marcam... todos eles são especiais e guardo-os com muito carinho.
Mas as 7 Maravilhas do Mundo, esse marcou e bem, a responsabilidade era bem
acrescida. Muitas equipas, muitos meios, pouco tempo e muito para fazer. Posso
dizer que nos últimos dias só saía do Estádio da Luz para ir a casa trocar de
roupa.
M.L: Durante o seu percurso como produtora trabalhou
em áreas como o audiovisual, a música e a produção de eventos (tendo por
exemplo produzido em 2007 a cerimónia das 7 Maravilhas do Mundo). Qual destas
áreas em que se sente melhor?
C.B: Sinceramente, sinto-me confortável em qualquer uma das áreas,
cada uma tem especificações diferentes. O meu empenho e dedicação são sempre os
mesmos. A diferença aqui é apenas o grau de adrenalina, os diretos e os eventos
ao vivo são sempre os mais excitantes, "Live Without a Net", não há
tempo para falhas... tudo tem de estar perfeito.
M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu
percurso como produtora?
C.B: Arrepiou-me fazer o
Euro 2004, o patriotismo e a solidariedade que vi... marcou-me.
M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
C.B: O estado da Cultura em Portugal... pois bem, esse é um
assunto bastante delicado para mim. Pois sempre entendi e me esforçei para
levar cultura a todo o Portugal. Com o passar dos anos, os apoios, os esforços,
o empenho tem vindo a diminuir... por dificuldades do País, é a resposta correta.
Infelizmente penso que neste momento estamos à beira de sermos um País inculto por
culpa de todos nós. Não apontemos dedos só a uma ou outra pessoa, a realidade é
que deixou de haver um esforço generalista. A cultura começou a sair cara... e
desistiram dela.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
C.B: Claro que sim, cada
vez mais tenho consciência de que lá fora ainda há muito para se fazer. E para
se crescer e aprender tem de se trabalhar com os melhores e esses neste momento
agora estão lá fora!
M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou
até agora, durante o seu percurso como produtora?
C.B: O meu primeiro
encontro com um ídolo meu... fiquei parada a olhar uns segundos sem conseguir
responder a nada... corei, foi bastante embaraçoso para mim.
M.L: Em 2000 trabalhou na série “Crianças SOS” que foi
produzida pela NBP (atual Plural) para a TVI na parte da produção e contratação
de atores. Que recordações leva desse trabalho?
C.B: Belos tempos, recordo com grande carinho todo esse tempo. Principalmente,
o Senhor Ruy de Carvalho: grande Homem, um Ser Humano sem igual, aprendi muito
com ele. Foi um trabalho bem distinto dos que já fiz, fazer uma série com
crianças não é fácil, elas não têm a paciência de um adulto e filmar 8 horas
por dia... não é pêra doce. Mas permitiu-me conhecer grandes nomes do nosso
leque de atores, o que para mim foi uma honra.
M.L: Qual foi a personalidade que a marcou, durante o
seu percurso como produtora?
C.B: Sem sombra de dúvidas o meu mentor, Sr. Manuel Falcão. Muito
do que sei aprendi com ele, ficarei eternamente grata!
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no mundo do espetáculo?
C.B: O melhor conselho que
posso dar é que antes de mais façam esta pergunta a si próprios: O que não é
possível fazer? Só existe uma resposta possível... nada, tudo é possível! Só se
tiverem essa atitude é que conseguiram ultrapassar os obstáculos que vão
aparecendo. Mas sem nunca perder a gentileza, a humildade e a palavra.
M.L: Está com quase 40 anos. Como é que se sente ao
chegar a esta idade?
C.B: É verdade, daqui a um
ano e pouco lá chegam os 40!! Sinto-me bastante tranquila e serena, adquiri
sabedoria, experiência e felicidade!
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
C.B: Sou uma privilegiada,
trabalhei em projetos únicos e marcantes que ficaram na história e ainda por
cima adoro o que faço!
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.B: Esses estão ainda nos segredos dos Deuses! A seu tempo serão
divulgados ao grande público.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito
ainda?
C.B: Uma digressão Mundial,
mas a seu tempo a oportunidade irá surgir!
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
C.B: O que mudava eu na minha vida? Boa pergunta... em
mim nada. Mas gostava de mudar nos outros: que as pessoas não se esquecessem do
seu lado humano, da palavra, da honestidade, da sinceridade, da humildade, de
olhar para o lado e fazer o bem. Não sejam gananciosos, a maior riqueza que
podem ter desta Vida não é material... nada paga um sorriso, um abraço, uma
palavra. Só assim será possível a Humanidade sobreviver... sejam felizes todos
os dias!ML
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