sábado, 19 de janeiro de 2013

Mário Lisboa entrevista... Helena Ignez

Olá. A próxima entrevista é com a atriz brasileira Helena Ignez. Interessou-se pela representação aos 17 anos, quando matriculou-se na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal da Bahia e desde aí tem desenvolvido um marcante percurso como atriz que passa essencialmente pelo teatro e pelo cinema sendo uma das mais importantíssimas figuras do cinema brasileiro e foi casada com os realizadores Glauber Rocha (1939-1981), com quem teve uma filha (Paloma Rocha) e Rogério Sganzerla (1946-2004), com quem teve duas filhas (Sinai Sganzerla e a atriz Djin Sganzerla) e além da representação também tem experiência como realizadora e atualmente está a preparar a sua terceira longa-metragem como realizadora intitulada "Ralé" que é livremente inspirada na peça "Ralé" de Máximo Gorki, com o pensamento do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro. Esta entrevista foi feita por vai email no passado dia 9 de Janeiro.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
H.I: Surgiu aos 17 anos, quando matriculei-me na Escola de Teatro e Dança da Universidade (Federal) da Bahia.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
H.I: As minhas influências vêm do método de Stanislavski e Bertolt Brecht.

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e cinema, mas pouca televisão. Gostava de ter trabalhado mais neste género?
H.I: Teatro e cinema absorveram a minha vida e a televisão ficou por fora. Não tive grande interesse por este género. Atualmente, fui convidada para dirigir uma mini-série adaptada do filme “Luz nas Trevas-A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2010).

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
H.I: “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “A Mulher de Todos” (1969) -ambos de Rogério Sganzerla- foram um marco na minha vida e no cinema nacional. Recentemente fiz no teatro “Os Sete Afluentes do Rio Ota” de Robert Lepage, que ficou 3 anos em cartaz e co-dirigi Djin Sganzerla em “O Belo Indiferente” de Jean Cocteau, também fiz “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues interpretando o papel de Madame Clessi.

M.L: Além da representação também tem experiência como realizadora. Qual destas funções em que se sente melhor?
H.I: Sinto-me bem situada em ambas realizações artísticas.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
H.I: O meu trabalho com Rogério Sganzerla e também a Belair, produtora fundada por Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e por mim mesma que produziu 7 filmes seminais para o cinema brasileiro.

M.L: Como vê atualmente o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
H.I: Estamos num momento de renovação e pesquisa e de uma maneira interessante e criativa que remete ao final dos anos 60, momento mágico do cinema brasileiro e das artes em geral, engajados na luta pela liberdade de expressão contra a ditadura militar.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
H.I: De momento, a repercussão da minha carreira é internacional. Mostras e homenagens nos festivais internacionais como: em 2006 no 20º Festival (International) de Films de Fribourg, Suíça com a Mostra “La Femme du Bandit”, no 22° Torino Film Festival-Itália, 8º Festival I Mille Occhi, Trieste-Itália, no 28º Filmfest München, na Alemanha em 2010, no 12º BAFICI em Buenos Aires. A estreia da minha longa-metragem “Luz nas Trevas-A Volta do Bandido da Luz Vermelha” foi no 63º Locarno Film Festival em 2010 junto com a exibição de “O Bandido da Luz Vermelha” e recentemente, em Dezembro de 2012, uma homenagem na Índia no 17th International Film Festival of Kerala.

M.L: Foi casada com o realizador Rogério Sganzerla até ao seu falecimento em 2004 e é mãe da atriz Djin Sganzerla. Como vê o percurso que o seu marido fez até falecer e o percurso que a sua filha tem feito até agora?
H.I: O percurso cinematográfico de Rogério Sganzerla é brilhante e a sua luz original começa a ser vista no mundo inteiro. Djin Sganzerla (a minha filha) é uma atriz premiada no Brasil e em Portugal e a sua carreira tem sido esculpida por momentos significantes no teatro e no cinema.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
H.I: Os realizadores com quem trabalhei como Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e Joaquim Pedro de Andrade e o encenador José Celso Martinez (Corrêa).

M.L: Como vê o futuro do Cinema em geral nos próximos anos?
H.I: Com duas vertentes, o cinema livre e poético e um percurso comercial a que tende o cinema brasileiro. Acredito no cinema autoral que mantenha o contato com o público.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
H.I: Prepare-se. De todas as maneiras, com informações técnicas e informação poética, que desde (Georges) Méliès existe nesta arte.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
H.I: Original, prazerosa e que me dê grande energia para me manter nela.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.I: “Ralé”, uma adaptação livre de “Ralé” de (Máximo) Gorki, com o pensamento do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
H.I: Ao mesmo tempo TUDO e NADA.ML

Sem comentários:

Enviar um comentário