domingo, 30 de julho de 2017

Mário Lisboa entrevista... Isabel Ruth

Começou como bailarina e notabilizou-se como actriz em 1963 ao estrear-se no cinema com o clássico de Paulo Rocha, "Os Verdes Anos", e desde aí tem desenvolvido uma longa carreira na representação que passa essencialmente pelo teatro e pelo cinema, tendo também trabalhado com realizadores como António de Macedo, Pier Paolo Pasolini, João Botelho, José Álvaro Morais, Teresa Villaverde, Manuel Mozos, Manoel de Oliveira, Pedro Costa, Raquel Freire, Fernando Lopes, Margarida Gil, Cláudia Varejão, Alberto Seixas Santos e Sérgio Tréfaut. Considerada como a actriz-musa do Cinema Novo português, tem a necessidade de renovar a sua vida constantemente, e recentemente participou na longa-metragem "Treblinka" de Sérgio Tréfaut e que estreou no passado dia 13 de Julho. Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Julho.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
I.R: Quando o meu jovem marido João D’Ávila descobriu que eu tinha vocação para actriz.

M.L: Quais são as suas referências, enquanto actriz?
I.R: Tudo o que me rodeia.

M.L: Começou como bailarina, antes de enveredar pela representação. Já alguma vez se sentiu arrependida por ter deixado a dança para abraçar uma carreira como actriz?
I.R: Nunca me arrependi.

M.L: Estreou-se nas telenovelas em 2000 com “Ajuste de Contas” que foi exibida na RTP, na qual interpretou a personagem Marta. Que recordações guarda da experiência de participar num projecto dessa natureza?
I.R: Fui das primeiras jovens actrizes a fazer teatro e bailado quando a televisão surgiu em Portugal. Depois de alguns anos a viver no estrangeiro e portanto afastada da cena portuguesa, quando regressei voltei em força a fazer cinema e teatro. A minha experiência em 2000 no “Ajuste de Contas” foi mais um desafio de que me posso orgulhar.

Mário Jacques, António Montez, Rui Mendes, João Perry, Lia Gama, Sinde Filipe e Isabel Ruth em "Ajuste de Contas"
M.L: É considerada como a actriz-musa do Cinema Novo português. Tem saudades dessa altura específica do cinema nacional?
I.R: Não tenho saudades do passado, não quero transformar-me numa estátua de pedra!

António de Macedo, Isabel Ruth e António da Cunha Telles com o produtor/Presidente da Academia Portuguesa de Cinema Paulo Trancoso
M.L: Trabalhou frequentemente com Paulo Rocha que foi um dos responsáveis pelo Cinema Novo português. Como olha para o percurso que ele desenvolveu até ao seu falecimento em Dezembro de 2012?
I.R: Olho através dos seus filmes…


M.L: É natural de Tomar, onde viveu parte da sua infância. Tomar tem um significado muito especial para si ainda hoje?
I.R: Sim, tem. É lá que guardo uma parte da minha infância.

M.L: Disse numa entrevista que teve e ainda tem uma vida aventurosa. Na sua opinião, acha que devia haver mais espírito de aventura na vida das pessoas?
I.R: Não me meto na vida das pessoas, cada um vive como pode. Aventura significa para mim algo novo. Preciso de renovar a minha vida constantemente, preciso de Conhecimento!

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
I.R: Aconselho que seja honesto consigo próprio e se sente que a vida o encaminha para aí, que siga sem medo e com humildade.

M.L: Olhando para trás, sente-se de certa forma satisfeita com o percurso que tem desenvolvido até agora como actriz?
I.R: Acho sensato aceitar o que a vida me tem dado. Estou grata.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
I.R: Gostava de fazer um filme com um realizador que me enchesse as medidas…ML

Esta entrevista não está sob o novo Acordo Ortográfico

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