M.L: Recentemente integrou o elenco da telenovela “Laços de Sangue” (SIC), onde interpretou a personagem Álvaro Brito. Como correu este trabalho?
A.C: Correu
bastante bem. Tive a felicidade de estar muito bem acompanhado no meu núcleo na
novela. A Sílvia Filipe que fez a minha mulher, o João Maneira que fez o nosso
filho e é um ator maravilhoso e também o Pedro Diogo que fez o César e com o
qual criei uma enorme empatia e cumplicidade.
M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o elenco da
telenovela?
A.C: Surgiu
naturalmente. Tenho trabalhado desde o inicio na SP (Televisão) como ator e
como diretor de atores, assim quando a novela estava a ser escrita e eu dirigia
uma série para a RTP recebi o convite para fazer o senhor Álvaro.
M.L: “Laços de Sangue” foi fruto de uma parceria entre a
SIC e a TV Globo. Como vê esta parceria?
A.C: Vejo
com muitos bons olhos. A Globo é a maior produtora deste género de produto no
Mundo e poder ter uma parceria assim é fantástico.
M.L: A telenovela contou com a supervisão de Aguinaldo
Silva. Como vê o contributo dele, durante o processo de escrita da telenovela?
A.C: A
colaboração com um autor de renome e experiência tão evidentes foi um enorme
contributo para o desenvolvimento da trama da novela. E ficaram todos a ganhar especialmente
os autores que com ele trabalharam mais diretamente.
M.L: A telenovela é da autoria de Pedro Lopes. O que o
cativa na escrita dele?
A.C: Esta
é uma pergunta "tramada". Eu sou um grande amigo do Pedro. Tenho com
ele, uma forte ligação e admiro muito o seu trabalho não só ao que às novelas
diz respeito. Já dirigi duas novelas escritas por ele (uma delas chamada
“Perfeito Coração” (SIC), onde também fui ator), uma série (“Pai à Força” (RTP)
e como ator fiz “Liberdade 21” (RTP) e “Cidade Despida” (RTP). Portanto, posso
concluir dizendo que gosto muito do trabalho dele.
M.L: Como vê o enorme sucesso que “Laços de Sangue” teve,
durante a sua exibição?
A.C: O
sucesso deve-se, sem dúvida ao interesse que tinha a trama da novela. Uma vilã
forte e que se foi tornando odiosa. E personagens divertidas e com carácter que
ajudaram ao bom desenvolvimento dos diferentes núcleos e que foram (obviamente)
do agrado de muitos espetadores.
M.L: “Laços de Sangue” está nomeada para o Emmy
Internacional na categoria de Telenovela. Como vê esta nomeação (a telenovela ganhou o Emmy Internacional no
passado dia 21 de Novembro)?
A.C: Creio
que é o reconhecimento de um trabalho de muito bom nível e que foi feito por
uma grande equipa. E é já um enorme prémio para tão forte empenho na qualidade
da novela.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
A.C: Surgiu,
quando uns amigos me "ofereceram" um papel numa peça de amadores. Tinha
eu uns 18 anos. Mas só aos 24 senti de fato que era possível formar-me numa
Escola e foi quando ingressei no antigo Conservatório Nacional posteriormente
Escola Superior de Teatro e Cinema, onde concluí o Curso no ano de 1987.
M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
A.C: Gosto
de todos os géneros. Mas o Teatro é a mãe e pai de tudo o resto que um ator faz.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o marcou,
durante o seu percurso como ator?
A.C: Foi
na Televisão. Uma série da qual também sou co-autor chamada "Claxon"
(RTP).
M.L: Desde os últimos anos que é uma presença regular nas
telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
A.C: Na verdade, não fiz muitas novelas como ator. Dirigi
algumas sim, mas como ator prefiro as séries. São (em regra) muito mais
interessantes no plano artístico e do desenvolvimento das personagens.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma
telenovela?
A.C: Por
norma, não faço protagonistas e assim tenho uma carga horária mais ligeira. Mas
as novelas são de fato muito extenuantes para os atores e técnicos que nelas
trabalham.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi
a telenovela “Filhos do Vento” (RTP), onde interpretou a personagem Afonsinho.
Que recordações leva desse trabalho?
A.C: Guardo
as melhores das recordações. Tive a felicidade de fazer grandes amigos e
trabalhar com atores maravilhosos e a minha personagem era muito interessante.
M.L: Qual foi o momento que o marcou, durante o seu
percurso como ator?
A.C: A
possibilidade de trabalhar com o João Lourenço a convite dele no Teatro Aberto.
Ele é seguramente uma das pessoas mais importantes na minha vida como ator senão
mesmo a mais importante.
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
A.C: Parece-me
que atravessamos um grave momento nacional que se vai refletir tanto na
atividade teatral como na ficção televisiva.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.C: Nunca
pensei nisso.
M.L: Foi um dos fundadores da companhia Persona-Teatro
de Comédia, C.A.R.L. O que o levou a querer fundar a companhia?
A.C: Foi
no ano de 1986. Fui convidado pelo Guilherme Filipe e criamos a companhia,
porque queríamos ter uma voz autónoma e fazer textos de comédia. Queríamos
divertir e divertir-nos.
M.L: Que recordações leva do tempo em que esteve na
companhia?
A.C: Foram
dias fantásticos, os que passei com aqueles companheiros de quem fiquei amigo
até hoje, embora já não trabalhe com alguns há muito.
M.L: Além da representação também teve experiências
como diretor de atores e como guionista. Qual destas funções em que se sente
melhor?
A.C: Para
mim tornaram-se atividades complementares. E o fato de trabalhar em todas faz
de mim seguramente, um ator mais interessante e completo.
M.L: Foi presença regular nas produções da autoria de
Francisco Moita Flores. Que recordações leva dessa colaboração?
A.C: Muito
boas. Gosto muito do Chico Moita. Acho que é uma lástima, o afastamento dele da
escrita para televisão (atualmente,
Francisco Moita Flores está a escrever uma série policial para a TVI intitulada "Bairro Estrela Polar").
M.L: Qual foi a personalidade da representação que o
marcou, durante o seu percurso como ator?
A.C: O
Maior Ator que vi em cena e com o qual tive a grande felicidade de trabalhar e
de ser um forte amigo: Henrique Canto e Castro.
M.L: Recentemente fez 52 anos. Como é que se sente ao
chegar a esta idade?
A.C: Sinto-me
com 52 anos no BI e com uma vontade imensa de fazer muitas coisas interessantes
nesta minha maravilhosa profissão.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
A.C: Ainda
não faço balanços.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.C: Quero
dirigir um texto em Teatro.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito
ainda?
A.C: Dirigir
esse texto em Teatro.
M.L: Se não fosse o António Cordeiro, qual era o ator que
gostava de ter sido?
A.C: Só
mesmo o Ator que acabou de citar. Eu!ML
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