M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.F: O interesse surgiu
num grupo cultural de Paço de Arcos! Eu fazia alguns saraus de poesia e
começamos a fazer teatro! E das primeiras experiências fiz logo uma peça que me
envolveu muito, "A Birra do Morto" de Vicente Sanches! A partir daí
não quis parar, tinha 15 anos e tornou-se num vício meu fazer teatro!
M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
R.F: Quando era mais miúda
a primeira atriz que me apaixonou foi a Meryl Streep no filme “África Minha”
(1985)! Depois segui sempre o seu percurso e acho-a fascinante enquanto atriz!
Acho que as minhas referências tendem a ir mudando mas esta é assim uma atriz
que mantive como uma referência, um bom exemplo mesmo como atriz, mulher e todo
seu percurso e escolhas! Muitas vezes os atores não têm escolha! Isso é sempre
triste!
M.L: De todos os trabalhos que tem feito até agora
como atriz, qual foi o mais marcante para si nomeadamente do ponto de vista
emocional?
R.F: Há personagens que
realmente nos tocam mais, às vezes não tanto pela densidade mas até por naquele
momento da nossa vida serem mais próximas! A personagem que mais me emocionou
foi a Filomena (da peça “Queres Fazer Amor Comigo?”), uma mulher funcionária
pública muito repreendida pela sociedade mas principalmente por ela mesma! Uma
mulher sofrida e incapaz de sentir qualquer prazer pela vida! Foi um
processo intenso e difícil para mim mas estas personagens difíceis de chegar
são as melhores em termos de processo! Depois o resultado é muito gratificante!
M.L: Como vê, hoje em dia, a arte da representação a
nível global?
R.F: Globalmente hoje
creio que os atores e atrizes se tornaram muito os reis e rainhas do pop! Mas isto é só uma ideia muito
generalista! Isto acontece quando a arte é deixada para trás! Felizmente não é
sempre assim! Continuo a acreditar na profissão de ator como algo realmente
significativo na sociedade! Os atores comunicam e contam histórias, comovem,
fazem-nos rir e chorar. São veículos, agentes, médiuns! É aqui que moram as
musas da inspiração; o romantismo, a análise, a intuição, a razão, o
conceptual. Admiro muito esta profissão e tenho muito respeito!
M.L: Em 2016 celebra 20 anos de carreira, desde que se
estreou como atriz com a telenovela “Roseira Brava” da RTP em 1996. Que balanço
faz destes 20 anos?
R.F: 20 anos! Pois nem
acredito! Sinto-me uma miúda ainda! Cresci muito, enquanto ser humano
essencialmente! Caí muito, levantei, desisti várias vezes, voltei a
apaixonar-me. Perdi-me e encontrei-me! Sou otimista e tenho muita fé e assim
nada me assusta!
M.L: Também tem experiência como professora na área
teatral. De que forma esta passagem pelo ensino artístico modificou-a tanto
como atriz e como pessoa?
R.F: Dar aulas foi uma
descoberta fantástica! Nunca quis ser aquela professora que vai parar ao ensino
porque não consegue trabalhar na sua área. Sofri esse trauma com uma professora
de biologia! Mas curiosamente tudo aconteceu em simultâneo e descobri que adoro
ensinar e até sei algumas coisas... E principalmente descobri que o teatro muda
mesmo muitas vidas! Fazer a diferença na vida de outras pessoas é uma
dádiva muito especial! Aprendo muito a dar aulas!
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
R.F: Acho que é mais
interessante a ideia de ser atriz do que realmente sê-lo! Acredito em talentos
mas acho que nada se consegue sem trabalho e dedicação! Creio
que Disciplina e empenho são as chaves para qualquer profissão.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
R.F: Sonhos vou ter
sempre, muitos mesmo! Mas a nível profissional, ainda falta muita coisa e ainda
bem! Pessoalmente adorava viajar num balão! Ou fazer a Route 66! Sonhos que vão
chegar!ML
Sem comentários:
Enviar um comentário