Hoje (27 de Março) é o Dia Mundial do Teatro. O Teatro é uma das minhas áreas artísticas de eleição e certamente a que melhor representa este ser versátil que é o actor. Ao longo destes últimos anos, eu tenho feito os possíveis e os impossíveis para, através do meu trabalho, dar voz aos que trabalham no meio artístico e a propósito deste dia em particular eu vou publicar textos individuais de pessoas com diferentes percursos artísticos. O primeiro texto foi escrito pela actriz Carmen Santos que celebra 45 anos de carreira profissional em 2019.
"A PROPÓSITO DO DIA MUNDIAL DO TEATRO
Em 1974 o TEATRO também
mudou em Portugal.
Reivindica um estatuto de
Serviço Público e expande-se por todo o território nacional. Integra-se nas
campanhas de divulgação cultural em colaboração com as forças armadas. Fez-se
teatro em salas, ao ar livre, em sociedades recreativas, em celeiros, em
lugares urbanos ou fora deles. Há uma grande aproximação entre gente do teatro
e o público. O espectador cresce ao lado dos agentes teatrais.
No final do século XX,
porém, essa energia começa a esmorecer. Resistir, e não desistir, foi o que as
circunstâncias exigiram. Companhias de teatro sossobraram, por contingências
sociais, económicas, políticas... O teatro tem um cordão umbilical que nunca
pode ser cortado – uma ligação indestrutível com a sociedade humana.
No século XXI a organização
teatral é, efectivamente, diferente e diversa. Desapareceram as
“companhias” teatrais, caracterizadas por um núcleo básico de cariz artístico,
por um colectivo de actores. Agora existem núcleos de produção, de maior ou menor
vitalidade, ou iniciativas circunstanciais de produção teatral, que cumprem
projectos mais ou menos pontuais, com um contingente artístico arrebanhado de
acordo com a necessidade.
As entidades teatrais de
estado ou municipais seguem regras semelhantes - “acolhem” projectos externos
que alimentam o seu currículo.
Muitos projectos acabam
por ser estrangulados pelo agendamento mínimo que é oferecido. Em geral, há um
desajuste grande entre o tempo de preparação (invisível para o público) e o
exíguo tempo de exibição. O actor está a ser encurralado pela fraca
visibilidade que lhe é concedida. E o espectador perde, eventualmente, a
desejada e necessária capacidade de critério, na avaliação do visível.
Mário Lisboa
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