Há um ano que é vereadora do pelouro de Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Santa Maria da Feira. Que balanço faz deste último ano em que está no cargo?
Foi um ano muito difícil. Por dois motivos: primeiro, estava a iniciar as funções. Não era completamente novo, porque já tinha trabalhado na área da Educação aqui no pelouro como adjunta do antigo vereador, mas a parte da Cultura, Desporto e Juventude não permite, portanto além de ser difícil estava a iniciar novas funções, tinha de aprofundar melhor os dossiers. Por outro lado, fomos atravessados por esta crise que veio dificultar o nosso trabalho e veio para ajudar quanto às dificuldades económico-financeiras, as áreas acessíveis para atacar sempre a área da Cultura, a área do Desporto como muitas vezes é entendida como áreas (não digo que supérfluas), mas que não é necessário tanto investimento e onde é mais fácil cortar. Daí foi um ano difícil, mas as medidas, as dificuldades das diferentes instituições, a dificuldade que a Câmara tem e que está a atravessar neste momento e tentar implementar os nossos projetos no terreno. Mas, apesar de difícil é eficiente.
O que a levou a aceitar o convite para integrar a equipa do Dr. Alfredo Henriques (Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira)?
Em primeiro lugar e principal razão por enorme respeito que tenho pelo Presidente Alfredo Henriques. É um homem que eu admiro imenso. Casos como o seu passado fale por si, há vários anos que está na autarquia e conseguiu atravessar estes últimos anos, estar na política e continuar a ter a imagem de um homem íntegro, honesto e que trabalha em prol do concelho e é raro termos uma personalidade destas que durante tantos anos está na política e ter a imagem de integridade que ele tem e que infelizmente hoje é tão raro nos nossos políticos. Eu tenho uma enorme admiração por ele e quando fui convidada nem tive coragem de recusar o convite.
O que é que fazia, antes de aceitar o cargo de vereadora?
Antes de ser vereadora, eu era a adjunta do anterior vereador, o Dr. Amadeu Albergaria e antes de ter vindo para a Câmara, eu era professora na Escola Secundária de Fiães.
Como vê a evolução de Santa Maria da Feira em termos culturais?
Na minha opinião, Santa Maria da Feira tem dado passos gigantescos na cultura. Nós somos uma referência a nível da cultura, uma referência a nível nacional e isso é facilmente perceptível. Estar no Algarve, diz que é de Santa Maria da Feira ligam-nos logo a qualquer evento: “É a terra, onde se realiza a Viagem Medieval, o Imaginarius, a Terra dos Sonhos, o Festival de Cinema Luso-Brasileiro, o Festival para Gente Sentada”. Portanto, Santa Maria da Feira é conhecida a nível nacional pelos eventos culturais que realiza. Ao longo dos anos, esses eventos não têm mantido a qualidade, têm ano para ano aumentado a sua qualidade na sua excelência e isso muitas vezes é difícil: desenvolver o projeto e depois mantê-lo sempre com qualidade e essa qualidade nem sempre aumenta, porque se as coisas forem iguais acabam por desmerecer e a mais-valia que Santa Maria da Feira tem é que faz os mesmos eventos, mas todos os anos eles são diferentes. Há sempre inovação, há criatividade, consegue sempre aumentar a qualidade e no caminho da excelência e por isso acho que Santa Maria da Feira tem feito um excelente trabalho a nível da cultura.
Qual é a coisa que gostaria de fazer, enquanto vereadora?
Tanta coisa… Acima de tudo, o meu trabalho tem como missão, tem como meta que daqui a quatro anos Santa Maria da Feira continuar a ser uma referência, o que significa que conseguiu elevar sempre o patamar da qualidade ano a ano, portanto continuamos a estar no topo a nível da cultura. Grandes sonhos, grandes eventos que eu gostaria que se realizasse: está concluído o Centro de Criação de Artes e Teatro de Rua e já com a realização de oficinas para os residentes aqui no concelho de Santa Maria da Feira.
Houve algum momento marcante para si, durante o seu percurso profissional?
O meu percurso profissional acho que é marcado por pequenos acontecimentos ao longo da minha vida e sempre em todos os projetos que eu fui desenvolvendo uma entrega muito grande em prol do serviço público. O que eu gosto de fazer é de trabalhar para proporcional bem-estar aos utentes, aos feirenses, aos munícipes como estava na escola aos alunos, aos Encarregados de Educação, portanto desempenhar bem as minha funções. Não tenho assim nada de marcante, acho que sempre gostei daquilo que fiz sem avessos, sem títulos e baixos, portanto eu acho que sou pessoa feliz, sinto-me bem como sou, com o que estou a fazer, porque gosto daquilo que faço. Portanto, não há momentos assim que me tenham marcado toda a minha vida profissional. Acho que são as pequenas coisas que vão acontecendo no dia-a-dia que nos vão marcando e o nosso percurso profissional e que vai ser sempre enriquecedor para as fases seguintes. Hoje eu sou o resultado de toda a minha vivência profissional ao longo da minha vida.
Nunca pensou em trabalhar nas grandes cidades como Lisboa?
Quando era mais jovem. Era o meu sonho digamos… Nem era Lisboa, era trabalhar para Barcelona. Sempre me seduziu as grandes cidades, mas as circunstâncias da vida e foi-me entregando aos diferentes projetos. Nunca foi uma pessoa de meter um sonho e de estar a trabalhar só a prol desse sonho. Mas a vida profissional foi acontecendo e a pessoa vai-se entregando ao que está a fazer, gosta do que está a fazer e não está a viver em prol desse sonho. Tenta em realizar e desempenhar a sua profissão da melhor maneira.
Gostava de ter trabalhado no estrangeiro?
Barcelona. É a minha cidade de eleição.
Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso profissional?
Há pessoas que admiro, mas não tenho assim nenhuma pessoa que a nível profissional me tenha marcado muito. Ao longo do meu percurso profissional contactei com muitas pessoas que me enriqueceu, não houve uma que sobressai-se. Todas as pessoas que me rodeiam dão-me sempre algo em termos de dar a conhecer e de aprendizagem. Não há ninguém que eu pretenda destacar ou ninguém que me tenha marcado profundamente ao longo da minha vida, mas sim várias pessoas. Não quero destacar ninguém.
Como vê atualmente a Cultura e a Educação em Portugal?
Apesar de nós sermos um país sempre a dizer mal, sempre a criticarmos negativamente como somos, o que fazemos, na minha opinião acho que em termos educativos e culturais temos dado grandes passos devido a uma forte evolução nestas duas áreas e basta pararmos um bocadinho e pensarmos o que era a nível da educação por exemplo há 10 anos atrás ou há 20 anos atrás. Não tem comparação com as condições que as escolas têm hoje, com as competências que os nossos alunos têm, portanto demos grandes saltos. É lógico que ainda temos um longo caminho para percorrer, ainda há muito a crescer, ainda há muito a evoluir quer na área da Educação quer na área da Cultura. Mas nós nunca devemos esquecer que somos uma democracia ainda muito jovem, o 25 de Abril foi há ainda relativamente pouco tempo. Nós estivemos muitos anos fechados num casulo em que nem todos tinham acesso à educação (não eram bem todos, quase nem tinham acesso à educação), só uma pequena franja é que tinha acesso à educação e a nível da cultura também era tudo barrado ao exterior, era completamente barrado e era muito centrado e muito fechado, portanto não se pode criar, recriar de um dia para outro, demora o seu tempo e é isso. É esta evolução que temos atravessado que acho que tem sido a um ritmo bom para Portugal hoje a nível das artes, música, pintura, escultura, eventos. Nós estamos ao nível de qualquer outro país da Europa do qual fazemos parte, portanto apesar de muito choro, de muitas lamurias, eu acho que estamos num bom caminho.
O que é que acha do trabalho que a Gabriela Canavilhas (Ministra da Cultura) e que a Isabel Alçada (Ministra da Educação) fizeram nas respetivas áreas até agora?
Tenho a certeza que o trabalho delas não é fácil. Neste momento, eu sei as dificuldades que as duas têm em procurar manter as iniciativas em conjunto de projetos e imprimir as metas que elas pretendem alcançar quer a nível da cultura quer a nível da educação, mas com acentuadas produções nos seus orçamentos. Digo que elas estão a fazer o máximo do esforço para conseguir que haja uma regressão no nível de desenvolvimento, implementação dos projetos apesar dos cortes que têm existido. Convém não esquecer que quer as duas ministras entraram para o Governo e logo a seguir Portugal foi afetado por uma crise acentuada e elas estão a tentar desenvolver um conjunto de projetos, metas que se tinham predisposto a fazer, mas com restrições muito acentuadas, portanto há um esforço muito grande. Não têm havido grandes iniciativas, porque está-se a tentar reestruturar sem beliscar muito os projetos que estão neste momento no terreno.
Como vê atualmente o concelho de Santa Maria da Feira?
Acho que é um concelho jovem, um concelho cheio de potencialidades, um concelho em que as suas gentes são extremamente empreendedoras com grande responsabilidade e sentido de inovação e criatividade. É um concelho que está atravessar também uma fase complicada resultando da crise que têm afetado principalmente as pessoas e a indústria, está a ser flagelado pelo desemprego, mas este desequilíbrio que está agora a procurar o seu equilíbrio vai permitir que com a sua capacidade de inovação, de criatividade e de empreendedorismo Santa Maria da Feira vai continuar a ser um grande concelho.
Qual é a coisa que gostava de fazer e que não tinha feito ainda?
Uma coisa que não fiz ainda, que gostaria muito de fazer e que nunca tive oportunidade de fazer é estar assim um mês a viajar pelo mundo fora. Não digo andar à volta ao mundo, mas andar um mês a saltitar de país em país. Gostava muito, mas quando estiver aposentada.
O que é que gostava que mudasse na sua vida?
Nada de especial. Não creio que mudasse nada. Eu quero é ver um dia de cada vez, vivê-lo com muita paixão, com muita entrega e esperar sempre que o dia seguinte seja melhor do que o dia de hoje. ML
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