M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
P.T: Cedo, com 8 anos.
Quando comecei a experimentar fazer figuração em cinema e foi aí nessa altura
que percebi que queria ser atriz e tenho conseguido cumprir o meu desejo, o meu
sonho. Tenho realizado essa vontade.
M.L: Quais são as suas referências, enquanto atriz?
P.T: As minhas referências
são muitas. São as pessoas com quem eu vou cruzando, com quem eu vou aprendendo.
O Nicolau (Breyner), com certeza, é uma grande referência, o Chico Nicholson
outra, o Armando Cortez, o Álvaro (Fugulin). Estas pessoas já partiram, mas
outras todas continuam a fazer parte da minha vida e ainda bem que fazem.
M.L: De todos os trabalhos que tem feito até agora como
atriz, qual foi o mais marcante para si do ponto de vista pessoal, artístico,
etc.?
P.T: Não é uma pergunta muito
fácil para mim. Não consigo identificar nenhuma personagem, acho que gosto de
todas as que tenho a possibilidade de criar.
M.L: Em 1996, teve a sua grande oportunidade como
atriz com a telenovela “Roseira Brava” (RTP). 20 anos depois, como revê essa
grande oportunidade que teve na altura?
P.T: A oportunidade foi
procurada. Eu fui a um casting, não
foi fácil, já tinha ouvido muitos nãos, já estava naquela altura de talvez
desistir, ter que estudar para outra coisa, de pensar no meu futuro de outra
maneira, e foi quando aconteceu ser escolhida pelo Nicolau (produtor) e pelo meu querido Tozé Martinho (autor) e a minha aventura começou aí.
Patrícia Tavares como "Anabela" em "Roseira Brava" |
M.L: Como vê, hoje em dia, o meio artístico em termos
gerais?
P.T: Eu acho que temos
evoluído bastante. Há muito mais caminho a trilhar, acho que temos ótimos meios
humanos, quer da parte técnica quer dos atores, acho que temos imensa gente com
imenso talento e que estamos no caminho certo. Temos que continuar a andar para
frente e trabalhar, acho que só assim é que se conseguem as coisas.
M.L: Como lida com o público que tem acompanhado a sua
carreira nos últimos 20 anos?
P.T: Eu acho uma ternura e
sinto-me muito feliz e agradecida, quando as pessoas me abordam e me dizem,
“Acompanho-a desde pequenina e gosto muito do seu trabalho.”, e é uma frase que
toda a gente diz e que é ótima de se ouvir. É muito bom que gostem do meu
trabalho e sentir este carinho.
M.L: Além da representação, também tem experiência
como diretora de atores. Gostava de, um dia, desenvolver mais um percurso
alternativo em dirigir atores?
P.T: Nunca pensei muito
nisso. Eu vou aproveitando as oportunidades que me dão. É uma coisa que eu
gosto muito de fazer também, mas o que me completa é ser atriz. O que me
estimula mais é ser atriz, mais do que ser diretora de atores, embora na
realidade eu sempre estive como assessora de um diretor de atores, eu nunca fui
diretora de atores à exceção de quando fizemos “Crianças SOS” (TVI) em que o
elenco infantil estava completamente entregue a mim. Mas é uma coisa que me dá
imenso prazer, onde eu aprendi imenso também por estar atrás e a observar.
M.L: Em 2010, Portugal conquistou o seu primeiro Emmy
com a telenovela “Meu Amor” (TVI), na qual participou. Qual foi a sua sensação,
quando soube que “Meu Amor” ganhou o prémio?
P.T: Honestamente, eu não
fico deslumbrada com esse género de premiação. É de facto bom o nosso trabalho
ser reconhecido sobretudo lá fora, mas isso não quer dizer que se possa estar
descansado e viver sobre o fruto do que é um prémio. Pelo contrário, acho que
temos muito mais a provar agora e temos muito mais a fazer e não tenho dúvidas
que temos as qualidades humanas necessárias para que isso aconteça.
M.L: O Nicolau Breyner teve nos últimos 20 anos uma
enorme influência na sua vida. Como vê o percurso de 56 anos que ele
desenvolveu até falecer recentemente?
P.T: Foi um homem com uma
vida riquíssima. É um homem enorme e é sem dúvida uma fonte de inspiração. Foi
um privilégio e uma honra ter feito parte da vida dele e ele continuará a fazer
parte da minha vida sobretudo pelos ensinamentos que me transmitiu e isso eu
farei questão de honrar, enquanto estiver por cá.
Patrícia Tavares e Nicolau Breyner |
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
P.T: Estar atento o máximo
possível, observar, aprender a estar na profissão e não esperar que isto seja
um mar de rosas.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem desenvolvido
até agora como atriz?
P.T: Vou andando um dia de
cada vez, com a certeza de que há muito para aprender e com a imensa gratidão
que sinto de poder fazer parte deste mundo que é o mundo que eu escolhi quando
tinha 8 anos, portanto isto para mim é de facto uma grande emoção e uma grande
alegria e é uma prova de que os sonhos tornam-se realidade. Não podemos é ficar
à espera que nos batam à porta e que eles aconteçam, temos que fazer por eles.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
P.T: Há muita coisa para
fazer ainda, também não penso na vida dessa maneira. Há com certeza muita coisa
que eu ainda não vivi e que vou viver no seu tempo, sem pressa e sem grande
vontade de “quero cumprir aquilo”. Há muita coisa que quero cumprir, mas vou
cumprindo diariamente.MLhttps://www.facebook.com/Patr%C3%ADcia-Tavares-Actriz-1773819172846764/?fref=ts
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