M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
S.B: Talvez muito cedo,
por volta dos 6 anos, mas não tenho data, nem ideia precisa.
M.L: Quais são as suas referências, enquanto actriz?
S.B: Meryl Streep é continuamente uma referência,
Ralph Fiennes, Benicio Del Toro, Adrien Brody, Joaquin Phoenix…
M.L: De todos os trabalhos que tem feito até agora como
actriz, qual foi o que teve mais impacto em si em todos os aspectos?
S.B: D. Madalena de Vilhena em "Quem És
Tu?" (2001) de João Botelho.
M.L: Em 1995, participou na telenovela “Desencontros”
que foi exibida na RTP, na qual interpretou a vilã Manuela Branco. Em que se
inspirou para interpretar esta personagem, tendo em conta as suas motivações e
a trama em si?
S.B: No texto primeiro, depois os figurinos do
José Carlos que passei a usar foram uma grande inspiração. Mas as personagens, espero,
adquirem uma vida própria á medida que as vamos fazendo.
Suzana Borges como "Manuela Branco" em "Desencontros" |
M.L: Como vê, hoje em dia, o meio artístico em termos
globais?
S.B: Isto é o que quero
expressar sobre o meio artístico actualmente. É favor deixar as reticências.
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Mas, espero que o actual
governo de esquerda tenha a coragem de estabelecer, finalmente, um estatuto do
artista condigno de uma profissão que cria imaginários, como a nossa, e que
origina tanto capital na cultura e na economia do país.
M.L: Em 2016 celebra 37 anos de carreira, desde que se
estreou como actriz com a peça “O Despertar da Primavera”/“Tragédia Infantil” no
Palácio das Galveias em 1979. Que balanço faz destes 37 anos?
S.B: O melhor de tudo é
ainda, e sempre, sentir um imenso prazer em trabalhar.
M.L: Em 1992, estreou-se nas telenovelas com “Pedra
Sobre Pedra” que foi uma co-produção TV Globo/RTP e da autoria de Aguinaldo
Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. Olhando para trás, como revê a
sua estreia neste género televisivo específico?
S.B: Bem, ou muito bem por ser uma estreia numa
telenovela da Globo, a 4ª maior televisão do mundo, etc. Se calhar, quanto à
representação, menos bem, imagino. Mas não costumo ver o que faço. De qualquer
forma ter começado lá estabeleceu um padrão de exigência e competência de todas
as funções, que aliás se acentuou cá em “A Banqueira do Povo” (RTP), com
direcção do Walter Avancini, em que interpretei Maria do Carmo, uma personagem
muito diferente das anteriores.
Suzana Borges e o falecido Carlos Daniel em "Pedra Sobre Pedra" |
M.L: Actualmente, participa na peça “’Allo ‘Allo!” que
é inspirada na popular série televisiva que foi exibida na BBC entre 1982/1992
e está em digressão. Sendo mais vista como uma actriz dramática, como é que as
pessoas têm reagido ao seu desempenho dentro de um registo oposto, mais cómico?
S.B: Acho que têm reagido
bem. Mas para mim essa é uma falsa questão. Eu gosto da versatilidade e tenho
lutado para não ficar ligada a um perfil de personagem, o que é muito fácil de
acontecer em televisão, por exemplo. Mas penso que quando o público me está a
ver fazer a Helga, não lhe interessa nada se sou dramática ou cómica, mas sim,
se sou credível, ou melhor, se os surpreendo enquanto espia, soldado raso,
loura....
Suzana Borges como "Helga" em "'Allo 'Allo!" |
M.L: No que diz respeito à formação, fez 11 workshops com Marcia Haufrecht e aprendeu
o Método. Na sua opinião, o Método devia ser mais reconhecido em Portugal e
mais utilizado pelos seus actores?
S.B: Eu nunca estive no
Conservatório por isso fui fazendo continuamente formação. De facto, os workshops da Marcia foram mais
numerosos, depois do trabalho de voz com a Maria do Rosário Coelho, que fiz
durante 33 anos, e que muito prezo. O Método, é mais um método, mas é verdade
que quando se abraça faz avançar muito rapidamente as nossas capacidades. Acho
que para todos os actores seria bom conhecê-lo, embora não pense que seja adaptado
a todas as pessoas. Eu prefiro a Stella Adler, que acho mais abrangente e mais
ligado a questões de consciente colectivo, imaginação.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
S.B: Amor pelo trabalho,
disciplina, formação, método. Os mesmos que o José Alberto Osório Mateus, que
encenou "Tragédia Infantil", nos deu há 37 anos e que têm sido
regras de ouro, nos tempos fáceis e difíceis.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
S.B: Ir a Nova Iorque?ML
Esta entrevista não foi convertida sob o novo Acordo Ortográfico.
Fotografia: José Pinto Ribeiro
Fotografia: José Pinto Ribeiro
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