M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
E.P: O meu interesse pela representação surgiu não muito cedo. Estava no ano de 1984. Morava em Sacavém, onde havia uma cooperativa. Nesta haviam algumas atividades nomeadamente dança jazz, clássica, teatro amador, música, etc. Comecei por me inscrever na dança, na clássica e na jazz e um dia vinha a descer as escadas e espreitei a sala, onde estavam a decorrer ensaios de uma peça e fiquei. A primeira peça que fiz era uma peça infantil “O Guloso Mentiroso” escrita e encenada por Fernando Loureiro. E em 1989 profissionalizei-me. Integrei um grupo profissional O Bando.
M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais prazer em fazer?
E.P: O que me dá mais prazer é fazer teatro. Cinema e TV têm um tempo diferente, uma respiração diferentes. Mesmo assim, o cinema também é muito interessante, pois temos mais tempo, é feito com mais calma, temos tempo para estudar o guião, as cenas são filmadas com mais calma. Na TV, as novelas e as séries ultimamente são programas que têm de ser feitos a correr, pois a concorrência é feroz. Faço o melhor que posso, respeito, mas é um prazer diferente.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
E.P: Todos os trabalhos nos deixam qualquer coisa ou pelo conteúdo ou pelas pessoas com quem trabalhamos sejam elas atores, encenadores ou realizadores.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
E.P: Quando estou a fazer uma novela se só entro em alguns episódios não ocupa muito o meu tempo, mas se a personagem tem alguma continuidade como por exemplo na novela “Deixa Que Te Leve” (TVI) que tinha gravações em estúdio e exteriores nomeadamente em Arcos de Valdevez é um pouco mais cansativo. Ia para Arcos com o motorista e mais colegas, ficava-mos o tempo necessário e depois regressava-mos com o motorista. Se eventualmente em Lisboa estivesse a fazer outra coisa, pois teria que avisar antecipadamente os meus chefes da Plural (pois é esta a empresa da TVI encarregue de fazer estes programas).
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi o telefilme “O Amor Não Escolhe Idades” da série “Casos da Vida” (TVI), onde interpretou a personagem Mimi. Que recordações leva desse trabalho?
E.P: É engraçado tu dizeres que o telefilme “O Amor Não Escolhe Idades” foi o trabalho mais marcante em televisão, talvez foi o que foi mais publicitado ou mais visto devido aos atores que nele entravam. Pois, logo a seguir fiz um “Casos da Vida” que era “A Decisão”. Entrava eu, o João Lagarto, a Leonor Seixas e o Nuno Melo e aí sim éramos protagonistas, foi em 27/09/2008. Mas, de qualquer forma levo boas recordações, gostei de trabalhar com a equipa.
M.L: Este ano celebra 27 anos de carreira desde que começou como atriz amadora com a peça “O Guloso Mentiroso” em 1984. Que balanço faz destes 27 anos?
E.P: Pois, 27 anos de carreira se é que se pode chamar carreira a um percurso cheio de altos e baixos. Tem sido muito difícil para mim, pois tenho muitos momentos em que estou desempregada. Mas, estou contente, porque tudo o que fiz foi feito com prazer. Pois, tenho sorte em fazer uma coisa que gosto.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
E.P: Fiz alguns trabalhos com realizadores e encenadores estrangeiros, o que me deu muito gozo, aprendi muito com eles e tenho a certeza que eles gostaram de trabalhar comigo, embora eles não me conhecessem, nem eu a eles. Mas, isso é que é interessante para mim: estar disponível, arriscar, só assim que se aprende. Gostaria de ter trabalhado lá fora, mas nunca calhou. Pode ser que um destes dias, nunca se sabe.
M.L: Já trabalhou em Braga. Que recordações leva do tempo em que trabalhou lá?
E.P: Gostei de trabalhar na companhia de teatro de Braga, pois tive oportunidade de fazer autores e personagens fantásticas e como estive lá por vários períodos fiz muitos bons amigos na cidade e no teatro claro.
M.L: Qual foi a figura da representação que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
E.P: Houve três peças que me deram muito prazer fazer. “Depois da Tempestade”, uma peça escrita pelo dramaturgo espanhol Sergi Belbel encenada por Inês Câmara Pestana no Teatro do Século em Lisboa. Eu fazia a diretora de uma empresa. Depois em Braga, encenado por Rui Madeira fiz um monólogo escrito por um escritor romeno que vivia em Paris, nessa peça fazia uma freira. E também em Braga, fiz uma peça chamada “Praça de Touros” escrita e encenada por Alexej Schipenko, um escritor, encenador e músico que vive em Berlim. Era um espetáculo muito violento, por isso só se faziam 3 representações por semana.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
E.P: Pois, projetos não tenho. As coisas não estão fáceis, mas vou continuando.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
E.P: Também não tenho assim nada de especial que gostasse de fazer e gosto muito de ser quem sou.
M.L: Se não fosse a Elisabete Piecho, qual era a atriz que gostava de ter sido?
E.P: A Elisabete Piecho.ML
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