M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
C.F: Não me recordo exatamente
da data. Sei que na altura da escola secundária já traçava esse objetivo. Fui
por isso estudar Jornalismo na Universidade de Coimbra. A paixão não esmoreceu
e tornou-se parte da minha vida. Já tentei fazer esse exercício mental, mas na
verdade não me consigo imaginar a trabalhar noutra área.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
jornalista?
C.F: Suponho que me
pergunta por fontes de inspiração. São muitas e diversas. Desde a Literatura ao
Cinema, desde uma viagem até uma pessoa que conheço casualmente. Tudo o que nos
rodeia pode fazer despertar uma boa história. Quanto às minhas referências,
tenho aprendido muito com os bons profissionais da minha casa, tanto na Antena
1 como na RTP.
M.L: Como jornalista, trabalha na televisão e na
rádio. Qual destes meios de comunicação que mais gosta de trabalhar?
C.F: Gosto dos dois. Não
de forma igual, cada um com as suas especificidades. A Antena 1 desafia-me
frequentemente para trabalhar em grandes formatos, reportagens de maior fôlego,
mais pensadas, mais detalhadas. A RTP obriga-me muitas vezes a cobrir
determinado assunto em direto, missão que me põe constantemente à prova. Costumo
dizer que espero nunca vir a ser obrigada a escolher. Sinto-me realizada assim,
com a possibilidade rara de trabalhar para os dois meios. Agradeço a confiança
depositada em mim e esforço-me para não defraudar expectativas.
M.L: Trabalhou na SIC Notícias e desde 2003 que
trabalha na RTP/Antena 1 na delegação de Coimbra. Que balanço faz do tempo em
que trabalha no canal televisivo/emissora de rádio?
C.F: Têm sido 11 anos
fantásticos, tecidos de momentos felizes e outros dececionantes, de boas
conquistas e alguns falhanços, de muitas alegrias e frustrações ocasionais. Nem
podia ser de outra forma. Como apaixonada pelo meu trabalho tenho ao mesmo
tempo a fasquia pessoal muito elevada. Sou intolerante com o erro e lido mal
com o fracasso. Logo de seguida, vou à luta para tentar fazer mais e
melhor.
M.L: Como vê a evolução que a RTP tem tido, desde que
ingressou no canal até agora?
C.F: Vejo que a RTP e a
Antena 1, como estações de serviço público, estão sob constante escrutínio
público e têm todos os dias de afirmar-se
pela qualidade e pela diferença. Estar
permanentemente no fio da navalha pode ser cansativo, diria mesmo extenuante.
Penso que o maior desafio tem sido esse. Mesmo com as críticas diárias e com a
constante saída de profissionais, conseguir que quem aqui trabalha mantenha a
mesma dedicação e empenho.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como jornalista?
C.F: Ser enviada especial
a Chipre em 2013, na altura em que eclodiu a crise financeira, para rádio e
televisão. Pelo desafio e pela responsabilidade. Mas seria injusta se não
referisse muitos outros trabalhos que tenho realizado a partir de Coimbra, com
um olhar alargado sobre a região Centro. Interesso-me particularmente por temas
relacionados com os direitos humanos e tenho conseguido, de vez em quando,
focar-me nessa área.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
C.F: Penso que não dá para
pintar um retrato único. Existem escolas distintas, caminhos diversos de
trilhar o jornalismo. Penso que hoje existe oferta para todo o tipo de procura.
Algumas respostas com mais qualidade do que outras.
M.L: É natural de Oliveira do Bairro que pertence ao
Distrito de Aveiro, onde vive até hoje. Gostava de, um dia, passar a trabalhar
e a viver em Lisboa?
C.F: Não tenho esse
objetivo. Acredito que nas delegações se pode cumprir tão bom jornalismo quanto
nas redações centrais. Defendo que a rede de correspondentes constitui uma das
grandes riquezas da Rádio e Televisão de Portugal, dando um forte contributo
para a RTP e a Antena 1 marcarem a diferença.
M.L: Nos últimos anos tem sido premiada por algumas
das reportagens que tem feito para a Antena 1. Tendo em conta a sua discrição a
nível profissional, como lida com este tipo de reconhecimento?
C.F: Lido com normalidade.
Claro que sinto orgulho por ver o meu trabalho reconhecido. Mas não deixo de
sentir a pressão, a adrenalina e o receio de falhar por causa disso. Cada
distinção acaba por ser mais um incentivo, um indicador de que estou a seguir
na direção certa, e dá-me sempre vontade de fazer mais e melhores reportagens.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do jornalismo?
C.F: Refletir bem, porque
é uma profissão que exige muito esforço e dedicação. Mas se tem a certeza de
que é mesmo este o caminho, então terá de estudar muito, trabalhar muito... e boa
sorte!
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como jornalista?
C.F: Acho que ainda é cedo
para balanços. O que sinto é que sou agora melhor jornalista do que no passado
e acredito que vou continuar a ter essa sensação no futuro. Acho que estou
constantemente a tentar aprender mais, a pôr-me à prova, a querer superar-me. Gostava
de ter mais tempo para me dedicar às grandes reportagens, um formato em que me
sinto confortável.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.F: Tenho sempre várias
ideias de reportagem à espera de oportunidade. Tomo notas no telemóvel e no
computador. Algumas chegam a ver a luz do dia. Outras não passam do projeto. Gostava
de me conseguir libertar mais das tarefas do dia-a-dia para investir nestes
trabalhos. De resto, não tenho neste momento grandes aspirações profissionais. Aos
34 anos atingi um patamar de realização pessoal que me faz sentir feliz
exatamente assim como estou, aqui neste mesmo local.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
C.F: Uma viagem de volta
ao Mundo com o meu marido e a minha filha.ML
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