M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.C.B: Há 17 anos atrás, quando
me inscrevi no curso de teatro de uma companhia teatral brasileira chamada Os
Sátyros que ficava na Rua do Telhal.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
R.C.B: Desde miúda que
nunca tive ídolos nem posters de
estrelas de cinema ou de estrelas pop
no quarto. Acredito que somos fruto das nossas experiências e das pessoas que
vamos encontrando pela vida, dos livros que lemos, dos filmes e discos. Desta
forma as minhas influências são inequivocamente uma mistura de todas estas
vivências e daquilo que o meu imaginário depreende delas.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
R.C.B: Gosto sobretudo de representar.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
R.C.B: É para mim difícil de lhe responder
a essa pergunta, porque o último trabalho é de algum modo o resultado do anterior
e assim de todo um percurso. Nesse sentido todos me marcaram.
M.L: Em 2008, participou no telefilme “Anjos de Serviço”
da série “Casos da Vida” (TVI), na qual interpretou a personagem Paula Santos. Que
recordações guarda desse trabalho?
R.C.B: A Paula era uma mulher simples que
queria o melhor para o seu filho. Talvez por ser de uma classe social mais
desfavorecida havia nela uma exigência e uma vontade que o filho vingasse na
vida, e talvez pelo facto de o educar praticamente sozinha o seu cansaço
tornava-a por vezes ansiosa e agressiva aos olhos dos outros. Mas quem nós
somos na realidade não é necessariamente como nos vêem, não acha?
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
R.C.B: Infelizmente, o teatro sobrevive
com muita dificuldade, mas não deixa de ser para mim a casa onde se pode sonhar
e fazer sonhar.
No
que diz respeito à ficção nacional parece-me que tem evoluído cada vez mais e
fico contente por saber que começam a haver cada vez mais projetos em que vão
buscar atores com formação e diretores de atores maravilhosos, autores que
sabem escrever e equipas felizes, como foi o caso de “Belmonte” (TVI), uma novela
que tive o prazer de fazer mais recentemente.
M.L: Em 2015, celebra 17 anos de carreira, desde que
começou com o espetáculo “Área Medioeva” em 1998. Que balanço faz destes 17
anos?
R.C.B: Bastante positivo. Vivi-os sempre a
trabalhar. Que mais se pode querer?
M.L: Além da representação, também é encenadora. Em
qual destas atividades em que se sente melhor?
R.C.B: Não consigo separar-me nem separar
estas atividades, porque para mim fazem parte da necessidade de criar, recriar,
habitar, inventar, da minha maneira de ver a vida. A minha profissão é um
veículo por excelência para expressar essa minha visão e que apenas é dada por
linguagens diferentes.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
R.C.B: Que trabalhe muito, que seja muito
sério na forma como encara a profissão e que seja saudável. Um ator é um atleta
de alta competição. Tem de estar pronto para entrar em qualquer campeonato e
vestir qualquer fato. Deve jogar sempre para ganhar a taça de campeão do Mundo.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.C.B: Planeio o meu regresso ao teatro
para muito breve bem como o regresso à televisão.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
R.C.B: Um retiro de silêncio.MLFotografia: Bruno Simão
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