Continua a publicação das 6 entrevistas feitas entre 2012 e 2014 no âmbito da telenovela "Cinzas" e a próxima é a que foi concedida pela atriz Sofia Nicholson no dia 5 de Outubro de 2012. Filha do recém-falecido e co-autor de "Cinzas", Francisco Nicholson, teve em "Cinzas" como o seu 1º trabalho de grande visibilidade, onde interpretou "Adelina", a colega da jornalista da RTP, Marta (Sofia Sá da Bandeira).
M.L: Quando surgiu o convite para participar na
telenovela “Cinzas”?
S.N: Não fui de início convidada
para nenhum papel. Inscrevi-me para fazer figuração e chamaram-me para
preencher a "redação" da RTP, onde trabalhava a personagem
desempenhada por Sofia Sá da Bandeira. Limitava-me a dizer
"sim-não-obrigada-toma lá-dá cá". Nem nome tinha. A ideia de criar a
Adelina até partiu do Nicolau Breyner (o
produtor e um dos protagonistas de “Cinzas”) que sugeriu ao Francisco
Nicholson (meu pai) que me desse mais incidência para ver como me
aguentava.
M.L: “Cinzas” foi escrita pelo seu pai, Francisco
Nicholson, em parceria com Ângelo Granja. Qual foi a sua sensação, quando leu o
guião escrito por ambos?
S.N: Como disse, no início
nem era para entrar com personagem pelo que para mim era mais uma novela
escrita pelo meu pai e pelo Ângelo que conhecia desde miúda.
Depois, obviamente que me senti muito orgulhosa por participar no projeto e
recebia sempre o guião com muito entusiasmo e pressa de o ler.
M.L: Em “Cinzas”, interpretou Adelina. Fale um pouco
sobre esta personagem.
S.N: A Adelina era o grilo
de Pinóquio da Marta (Sofia Sá da Bandeira): decidida, pragmática e
divertida.
M.L: Como classifica a sua personagem?
S.N: Para mim foi
importante, porque acabou por ser a 1ª personagem de relevo que desempenhei,
enquanto profissional. Sem ser fulcral na trama da novela “Cinzas” acabou por
ser uma personagem que compôs a equipa de jornalistas da RTP e deu
dinamismo à mesma. Tenho muito carinho pela Adelina.
M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador
brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
S.N: O Regis era
extremamente exigente.
M.L: Houve algum momento marcante para si, durante as
gravações?
S.N: Um dia, o meu pai decidiu
assistir às minhas gravações sentado literalmente em frente ao décor, olhando-me fixamente com muita
atenção. Fiquei tão nervosa (apesar de já estar a gravar há algum tempo) que
não conseguia concentrar-me e dizer corretamente as minhas falas. Tive de pedir
para o meu pai sair para conseguir gravar. O meu pai divertiu-se imenso com a
situação. Foi uma risota geral no estúdio.
M.L: Como foi trabalhar com o elenco?
S.N: Uma honra sobretudo:
trabalhar com nomes como Armando Cortez, Nicolau Breyner, António Montez,
Mariana Rey Monteiro (para só citar esses). Os "mais velhos" davam
conselhos aos mais novos. Eu (do alto dos meus 22 anos) sentia-me muito
pequenina e com muito por aprender.
M.L: O que é que achou do trabalho do seu pai e do
Ângelo Granja na escrita de “Cinzas”?
S.N: Sempre gostei da
forma como o meu pai escreve. Sou suspeita. O Ângelo e ele entendiam-se muito
bem. Obviamente, gostei do que eles escreveram.
M.L: Como era o ambiente nas gravações de “Cinzas”?
S.N: Muitíssimo bom. Fiz
grandes amizades que mantenho ainda hoje.
M.L: Que recordações guarda do tempo em que trabalhou
em “Cinzas”?
S.N: Andava sempre a
correr entre o estúdio, a faculdade e o aeroporto. Era uma loucura, mas
lembro-me que andava muito feliz por estar a fazer algo que realmente gostava.
M.L: “Cinzas” foi o seu 1º trabalho de grande
visibilidade. Tem saudades deste trabalho?
S.N: Fico com saudades de
todos os meus trabalhos. Claro que este é especial por ser o 1º, mas não é mais
importante do que os outros.
M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela
NBP (atual Plural). Como vê o percurso que a produtora tem desenvolvido até
agora?
S.N: Soube criar um
mercado de trabalho a muita gente e é a que mais ficção produziu até hoje. É um
caso de sucesso.ML
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