No dia 14 de Setembro de 1992, estreou na RTP a telenovela "Cinzas" que foi a 1ª produção da então NBP (Nicolau Breyner Produções), agora Plural Entertainment Portugal, e marcou o início da produção contínua de telenovelas que progressivamente levou à criação de uma pequena indústria de ficção nacional que atualmente existe. A propósito de homenagear "Cinzas" e a sua importância no que diz respeito à evolução significativa da ficção televisiva portuguesa, entre 2012 e 2014 eu entrevistei 6 pessoas que trabalharam em "Cinzas" e uma delas foi o recém-falecido Francisco Nicholson que foi o co-autor e também fez uma pequena participação como o advogado do vilão Amílcar Santos (António Montez). Esta entrevista foi feita no dia 21 de Fevereiro de 2013.
M.L: Quando surgiu a ideia de escrever “Cinzas”?
F.N: Procurei encontrar um argumento que se
afastasse das vivências citadinas alargando horizontes e diversificando as
paisagens.
M.L: Escreveu “Cinzas” em parceria com Ângelo Granja.
Como foi trabalhar com ele?
F.N: O Ângelo era um grande amigo e um amigo
grande. Trabalhar com ele, na imprensa, na TV ou na ficção, era sempre um
prazer pelo excelente convívio.
M.L: Houve algum momento marcante para si, durante o
processo de escrita de “Cinzas”?
F.N: Vários. “Cinzas” foi uma novela com vários
acidentes e alguns incidentes de percurso, histórias de bastidores que dariam
para outra telenovela divertidíssima.
M.L: Além da escrita, também fez uma pequena participação
em “Cinzas”, interpretando o advogado do vilão Amílcar Santos (António Montez).
Que recordações guarda dessa personagem?
F.N: Nenhumas. Era uma personagem irrelevante.
M.L: “Cinzas” também contou com a participação de
atores como Armando Cortez, Rui Mendes, Manuela Maria, Helena Isabel, Júlio
César, Morais e Castro, Fernando Mendes, Maria João Luís, Ricardo Carriço,
Sofia Sá da Bandeira, Helena Laureano, José Raposo, Camacho Costa, Márcia
Breia, Rosa do Canto, Mafalda Drummond, Mariana Rey Monteiro e Nicolau Breyner (que também produziu “Cinzas”). Como foi
trabalhar com eles?
F.N: Um elenco supimpa. Bons colegas e excelentes
atores.
M.L: “Cinzas” foi o primeiro trabalho de grande visibilidade
de Sofia Nicholson. Como vê o percurso que a sua filha tem desenvolvido até
agora?
F.N: Ascensional, seguro e muito positivo. A Sofia
fez-se uma senhora atriz. E isto não é conversa de pai baboso.
M.L: “Cinzas” foi realizada pelo falecido realizador
brasileiro Regis Cardoso. Que recordações guarda dele?
F.N: O Regis era um excelente profissional, mas um
pouco irrascível. Feitios…
M.L: Houve alguma situação embaraçosa que o tenha
marcado, durante o processo de escrita de “Cinzas”?
F.N: Nunca fui pessoa de me embaraçar.
M.L: Como é que era a sua rotina, quando escrevia
“Cinzas”?
F.N: A mesma de sempre. Passava os dias convivendo
com as minhas personagens. À noite ia com a maioria delas para a cama. Uma cama
pequena para tanta gente mesmo ficcionada.
M.L: “Cinzas” foi exibida na RTP entre 1992/93 e
marcou o seu regresso à escrita de telenovelas, depois de “Origens” (RTP, (1983).
Tem saudades deste trabalho?
F.N: Tenho, embora não me considere um saudosista.
M.L: Que recordações guarda do tempo em que escrevia “Cinzas”?
F.N: Era vinte anos mais novo.
M.L: “Cinzas” foi a primeira telenovela produzida pela
NBP (atual Plural) que foi fundada por Nicolau Breyner. Como vê o percurso que
a produtora tem desenvolvido até agora?
F.N: É uma realidade incontornável.ML
Genérico "Cinzas"
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