M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
S.C: Comecei a fazer teatro na escola com 15 anos, no Grupo
de Teatro Aurélia de Sousa no Porto. Foi uma experiência muito intensa e que me
marcou, mas na altura nem sonhava ser possível fazer disto profissão. Vim viver
para Lisboa aos 18 para estudar Ciências da Comunicação. Aos 20, voltei ao teatro
num grupo universitário. Uma noite ao sair de um ensaio tive a clara noção que
queria ser actriz mas ainda demorei a assumir a ideia. Mal acabei o
curso, fui directa para o Conservatório de Teatro.
M.L: Quais são as suas referências, enquanto actriz?
S.C: Tenho várias. A
Beatriz Batarda, a Isabel Abreu, a Carla Galvão, o Gonçalo Waddington e o Nuno
Lopes são alguns dos actores que conheço pessoalmente e que me
inspiram a tentar ser melhor. Lá fora, amo a Isabelle Huppert, a Julianne
Moore, a Julia Roberts e a Meryl Streep.
Isabel Abreu, Regina Duarte, Sofia Correia |
M.L: Como actriz e também como pessoa, se voltasse
atrás faria tudo de novo?
S.C: Faria. A vida está
sempre a mostrar-nos que está tudo certo, mesmo quando nos parece errada. Estou
numa fase óptima da minha vida e foi o caminho que fiz que
me trouxe até aqui.
M.L: Em 2010, participou na peça “Um Eléctrico Chamado
Desejo” de Tennessee Williams e encenada por Diogo Infante no Teatro Nacional
D. Maria II. Que recordações guarda de representar Tennessee Williams pela
primeira vez?
S.C: Foi maravilhoso. Era
o regresso da Alexandra Lencastre ao teatro e por isso foi especial. Os actores
e a equipa eram fantásticos e adorei trabalhar com o Diogo Infante, que era o
encenador. Tinha dois papéis mínimos, mas aprendi tanto a ver.
M.L: Celebra
10 anos de carreira em 2016, desde que se estreou como actriz profissional com
a peça “Orgia” de Pier Paolo Pasolini nos Artistas Unidos em 2006. Que
balanço faz destes últimos 10 anos?
S.C: Um percurso feliz.
Tive quase sempre trabalho. Fiz muito teatro, alguma televisão. Trabalhei
com encenadores maravilhosos, conheci gente incrível. Costumo dizer que o
melhor do teatro são as pessoas. O meu desejo nesta altura era
fazer uma novela do princípio ao fim e aconteceu. A cereja no topo do
bolo. Só espero ter cada vez mais trabalho para poder descobrir-me cada vez
mais como actriz e como pessoa.
"Orgia", a estreia profissional de Sofia Correia |
M.L: Trabalhou com os Artistas Unidos entre 2006/08.
Como olha para o percurso que a companhia de Jorge Silva Melo tem desenvolvido
desde 1995 até agora?
S.C: Acho incrível. Os Artistas
Unidos têm sido ao longo dos anos uma porta aberta a novos actores, novos
autores e isso é tão refrescante e entusiasmante. Foi uma óptima casa para me
estrear e adoraria voltar a trabalhar com eles.
M.L: Além da representação, também é professora de
Expressão Dramática. A representação e o ensino podem, a seu ver, coincidir-se
no que toca a inspirar as gerações mais novas por um Mundo melhor?
S.C: Acredito que sim. O
teatro obriga-nos a pensar e reflectir sobre o Mundo ajuda a querer torná-lo
melhor. Aulas de teatro acho que deviam ser obrigatórias para todas as
crianças: estimulam a criatividade, o trabalhar em grupo e sobre si
mesmo, abre novos mundos e ajudam a pensar “out of the box”.
M.L: Actualmente participa na telenovela “Rainha das
Flores” que está em exibição na SIC, onde tem na “Lia” a sua primeira grande
personagem televisiva. “Rainha das Flores” tem sido para si um projecto muito
gratificante principalmente no que toca à sua personagem em si e ao timing cómico da própria “Lia”?
S.C: A Lia é um bombom que
me foi dado. É uma personagem muito engraçada, que vive para encontrar o
Amor e não desiste à primeira. Tem um lado trágico-cómico maravilhoso. E adoro
o visual de pin-up. A equipa é espectacular, e este projecto vai ficar sempre
no meu coração.
Sofia Correia como "Lia" em "Rainha das Flores" |
M.L: Vive em Lisboa, mas é natural do Porto. A seu
ver, Porto está muito melhor agora artisticamente do que quando começou a
trabalhar profissionalmente como actriz?
S.C: Nunca
cheguei a trabalhar profissionalmente no Porto. Mas tento acompanhar a agenda
cultural da cidade. Há cada vez mais teatro e pessoas talentosas a fazer
do Porto um polo cultural cada vez mais interessante.
Sofia Correia e o seu Porto |
M.L: É licenciada em Ciências da Comunicação e
estagiou tanto na Antena 1 como na Rádio Oxigénio. Gostava de, um dia,
prosseguir com uma carreira paralela na Comunicação Social?
S.C: Há uns anos atrás
pensei nisso mas percebi que não era compatível. Pelo menos no início, sinto
que tinha que ter as coisas bem definidas e escolhi ser actriz. Mas não
importava nada de voltar a fazer rádio. Nunca se sabe o que pode acontecer. Mas
neste momento, estou focada em ser actriz.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
S.C:
Escrever um livro para crianças. Aliás, publicar que já tenho umas histórias
escritas.MLEsta entrevista não está sob o novo Acordo Ortográfico
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