Entrevista com... Carmen Santos (Atriz)
domingo, 25 de novembro de 2012
Mário Lisboa entrevista... Maria da Fé
Olá. A próxima entrevista é com a fadista Maria da Fé. Natural do Porto, desde muito cedo que se interessou pelo fado tornando-se numa das mais importantíssimas figuras deste género musical com mais de 50 anos de carreira tendo por exemplo concorrido ao Festival RTP da Canção em 1969 com o tema "Vento do Norte" com letra de Francisco Nicholson e de Braga dos Santos e é casada desde 1968 com o poeta José Luís Gordo com quem teve duas filhas (uma delas é a também fadista Rita Gordo que lançou recentemente o seu primeiro álbum intitulado "Eu sou assim") e fundou em 1975 o restaurante Sr.Vinho, um dos mais importantes espaços culturais da cidade de Lisboa. Esta entrevista foi feita no passado dia 10 de Fevereiro no Teatro Rivoli no Porto na altura em que a entrevistada passou pela cidade para atuar num concerto no Teatro Rivoli.
M.L: Como é que surgiu o interesse pelo fado?
M.D.F: Essa pergunta já tem tantos anos… São já 50 anos a cantar, já nem me lembro quase… Não sei, é muito complicado… O interesse pelo fado vai aparecendo no dia-a-dia ao longo de 50 anos, todos os dias é uma aprendizagem… Comecei a cantar muito nova com 9 anos, com 13 anos ganhei um concurso de Fado… Sou do Porto, portanto eu fiz parte da minha infância no Porto, depois fui com 17 anos para Lisboa e a partir daí a minha vida foi sempre o fado.
M.L: Como é que surgiu o interesse pelo fado?
M.D.F: Essa pergunta já tem tantos anos… São já 50 anos a cantar, já nem me lembro quase… Não sei, é muito complicado… O interesse pelo fado vai aparecendo no dia-a-dia ao longo de 50 anos, todos os dias é uma aprendizagem… Comecei a cantar muito nova com 9 anos, com 13 anos ganhei um concurso de Fado… Sou do Porto, portanto eu fiz parte da minha infância no Porto, depois fui com 17 anos para Lisboa e a partir daí a minha vida foi sempre o fado.
M.L: Em 1969 concorreu ao Festival RTP da Canção com o
tema “Vento do Norte” com letra de Francisco Nicholson e de Braga dos Santos.
Que recordações guarda dessa experiência?
M.D.F: As melhores de
sempre. Fiz o meu melhor, fiz o meu trabalho com todo o respeito, com dignidade.
Defendi a canção com muita tensidade e fiquei tão feliz como se tivesse ganho o
Festival da Canção, porque acho que foi a canção (a nível do público) mais
votada tanto no continente como no ultramar.
M.L: Como vê atualmente o fado e a música portuguesa
em geral?
M.D.F: Acho que está de
boa saúde e agora com uma filha (Rita Gordo) a cantar ainda está mais enriquecida,
porque é uma área de canto… não foge muito às raízes do fado, mas também tem
uma autenticidade e uma verdade muito dela e que ela faz com muito carinho, com
muito respeito e que vai ter grandes frutos, já o provou e portanto o fado e a
música portuguesa desde que a tratem com respeito é sempre muito bom.
M.L: Tem uma carreira internacional. Gostava de ter
ficado no estrangeiro?
M.D.F: Não, nem pensar.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.D.F: Não tenho projetos,
eu já não tenho projetos. Já canto há 50 e tal anos, eu não posso ter projetos,
agora quero sossegar. Isto é um acontecimento que de vez em quando acontece,
não tenho nada programado na vida ao longo de 50 anos. Isto vai acontecendo ao
longo dos anos que vou vivendo e que vou cantando.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.D.F: Não tenho ambições.
Não tenho nada para fazer, quero ter saúde, estar viva, poder ver as minhas
netas a crescer e quero agora que este disco da minha filha (este trabalho que
ela fez) a crescer também.ML
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Mário Lisboa entrevista... Leticia Spiller

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
L.S: Foram duas épocas
diferentes: comecei a fazer teatro na escola aos 12 anos de idade, me apaixonei
pelo teatro, depois que vi um espetáculo. Em seguida aos 16 anos procurei o
Tablado e aos 17 ingressei no “Grupo Porão”, onde realizávamos investigações cénicas,
corpo, voz e essas coisas do teatro.
M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
L.S: Os 3. Cada um tem a sua
maneira, cada um tem o seu prazer!
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a
marcou, durante o seu percurso como atriz?
L.S: Gostei muito de viver
a Giovanna de “O Rei do Gado” (TV Globo) e a Maria Regina em “Suave Veneno” (TV
Globo) na TV. No filme “Oriundi” com Anthony Quinn (como Catarina), no
espetáculo “O Falcão e o Imperador” e no musical “Outside” como Peggy
Guggenheim.
M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo
que gosta muito de fazer?
L.S: Sim, gosto muito de
fazer TV.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão
foi a telenovela “Esplendor” (TV Globo), onde interpretou a personagem Flávia
Cristina. Que recordações guarda desse trabalho?
L.S: O universo fascinante
do sul do Brasil.
M.L: “Esplendor” é da autoria de Ana Maria Moretzsohn
com quem voltou a trabalhar em 2002 na telenovela “Sabor da Paixão” (TV Globo).
Como foi trabalhar com ela?
L.S: Maravilhoso, a Ana Maria
Moretzsohn é uma amiga que eu gostaria de ver mais.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
L.S: Cada estreia é um
marco seja na TV, cinema ou teatro.
M.L: Como vê atualmente o teatro e o audiovisual
(Cinema e Televisão) no Brasil?
L.S: Sempre produzi teatro
e agora neste momento estou produzindo a longa-metragem “O Casamento de Gorete”
pela minha produtora, a Paisagem Filmes. Com ela já produzimos também a curta-metragem
“Joãozinho de Carne e Osso” que vem-se apresentando em vários festivais.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
L.S: As novelas e os
filmes que fiz são muito exibidos fora do Brasil, mas gostaria de trabalhar com
alguns diretores que não são brasileiros.
M.L: Este ano celebra 27 anos de carreira desde que
começou como atriz no teatro amador no Colégio Sagrado Coração de Maria (onde
estudou) em 1985. Que balanço faz destes 27 anos?
L.S: Estou feliz com meu
caminho até aqui, pretendo continuar atuando, produzindo e estudando.
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira há vários anos?
L.S: São meus amigos, são
pessoas que fazem parte desse processo tanto quanto eu, um não existe sem o
outro.
M.L: Atualmente participa na telenovela “Salve Jorge”
da autoria de Gloria Perez e que estreou na TV Globo no passado dia 22 de
Outubro da qual interpreta a personagem Antônia. Como estão a correr as
gravações?
L.S: Começamos bem, ainda
não sei direito os rumos da personagem, mas é sempre muito bom trabalhar com
uma equipa de atores e técnicos tão eficientes e talentosos.
M.L: Como é que surgiu o convite para participar nesta
telenovela?
L.S: Eu soube que a Gloria
Perez estava escrevendo uma novela sobre a Turquia, escrevi para ela e ela me
retornou. Fiz uma vasta pesquisa inspirada no “giro sufi” para a montagem do
espetáculo “O Falcão e o Imperador”, onde além de atuar, assinei a direção. Foi
incrível no primeiro capítulo de “Salve Jorge”, a imagem dos “Dervishes”
girando e abrindo a novela.
M.L: Esta é a 2ª vez que trabalha com Gloria Perez,
depois da mini-série “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes” (TV Globo) em 2007.
Como é trabalhar com ela?
L.S: Tenho profundo respeito
e admiração pela Gloria e pela sua obra. Esta personagem agora, a Antônia é um
grande desafio assim como foi a Anália de “Amazônia…”.
M.L: Que expectativas têm em relação a este projeto?
L.S: Vai bombar (como se
diz aqui no Brasil)!
M.L: Em 1999 trabalhou com Anthony Quinn na
longa-metragem “Oriundi” de Ricardo Bravo. Que recordações guarda dele?
L.S: Uma grande lição para
mim contracenar com o maior ator que já conheci.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como atriz?
L.S: O Anthony Quinn.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
L.S: Depende da paixão de
cada um. O ator tem que estudar muito, tem que se dedicar. Eu comecei pelo
teatro, mas tem atores que começam na TV, outros no cinema.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.S: Realizar a longa-metragem
“O Casamento de Gorete”.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
L.S: Um filme com o (Pedro) Almodóvar.MLFotografia: Marcos Ribeiro
domingo, 18 de novembro de 2012
Mário Lisboa entrevista... Pedro Lamares
Olá. A próxima entrevista é com o ator Pedro Lamares. Natural do Porto, interessou-se verdadeiramente pela representação aos 19 anos (antes interessava-se mais pela poesia e pela música) tendo desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Paixões Proibidas" (RTP/TV Bandeirantes), "Deixa-me Amar" (TVI), "Casos da Vida" (TVI), "Olhos nos Olhos" (TVI), "Sentimentos" (TVI) e "República" (RTP) e além da representação também foi professor tendo lecionado Expressão Dramática no Colégio do Sardão em Oliveira do Douro entre 2004 e 2006 e brevemente vai estar em cena no Teatro do Bolhão no Porto com o espetáculo de poesia "O Fraseador" da qual também é o autor e que vai estar em exibição entre 5 e 16 de Dezembro. Esta
entrevista foi feita no dia 27 de Janeiro
de 2011 no Centro Multimeios de Espinho na altura em que o entrevistado
passou por lá a propósito da longa-metragem "Filme do Desassossego" de
João Botelho que é baseada no "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa
da qual participou e que estava em digressão na altura.
M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o
elenco do “Filme do Desassossego”?
P.L: Foi um telefonema,
chegou à minha agente essa coisa, alguém falou de mim e o João Botelho viu uns
vídeos de mim a eu dizer Fernando Pessoa na Internet, no Centro Cultural de
Belém e entraram em contato comigo, eu fui conhece-lo e ele fui ver o que é que
se sentia e tal… Foi assim uma coisa muito rápida.
M.L: Que balanço faz deste trabalho?
P.L: Eu faço dois
diferentes: faço do meu trabalho pessoal no filme que é um balanço de
crescimento, de aprendizagem num papel muito pequenino, mas que para mim foi
muito importante para fazer parte do filme do João que eu admiro tanto. Depois
faço um outro balanço do filme propriamente dito independentemente de mim, que
eu acho uma obra extraordinária honestamente. Eu sei que não fica nada bem
dizer estas coisas de um trabalho, onde nós participamos, mas eu enquanto
espectador é um filme que me impressiona muito.
M.L: Como foi trabalhar com João Botelho?
P.L: Foi ótimo. O João trabalha
religiosamente, ele tem um respeito pelo cinema… eu gosto muito da energia
dele, gosto muito da visão que ele tem de cinema.
M.L: Como classifica este projeto?
P.L: Eu acho que é um hino
à palavra portuguesa, por ser um filme de fato sobre uma das obras daquele que
para mim é o grande poeta português de sempre. Acho que é uma obra de
referência do cinema contemporâneo português… É profundamente (eu acho) cinema
português… Português no sentido de ter uma identidade portuguesa, de fato muito
vincada quer ao nível da palavra, quer ao nível da Lisboa que é mostrada nos
hábitos, nos ritmos… Eu acho que é um filme profundamente português.
M.L: Recentemente protagonizou a mini-série
“República” (RTP), onde interpretou Carlos que se apaixona por uma mulher da
alta sociedade interpretada por Helena Costa e que se torna numa das pessoas
que implanta a República em Portugal. Como correu este trabalho?
P.L: Acho que correu bem.
Foi um trabalho muito duro de se fazer, foi muito intenso, foi feito em muito pouco
tempo (em muito menos tempo do que era preciso para se fazer aquilo), com
cuidado necessário. Portanto, foi um trabalho duro, mas com uma equipa ótima, é
uma equipa de cinema (não era uma equipa de televisão, mas de cinema), muito
rodada… O realizador que é o Jorge Paixão da Costa que é um realizador de
cinema e de televisão, uma pessoa com muita escola e que sabe muito bem do que
está a fazer… Foi porreiro, eu gostei da personagem (o Carlos), foi divertido,
foi engraçado, foi forte, foi um trabalho pesado e eu acho que correu bem.
Achei o resultado bem.
M.L: “República” foi uma das mini-séries criadas pela
RTP a propósito de celebrar o centenário da República. Como vê esta iniciativa
por parte do canal?
P.L: Vejo como uma coisa
muito importante. Porque tem a ver com o orgulho nacional: nós chegamos aos EUA
e eles fazem filmes por tudo e por nada sobre a sua História, nós temos
momentos tão marcantes na nossa História, nós temos o 25 de Abril, uma
revolução que muda o estado de um país inteiro matando duas pessoas por engano,
temos a revolução da Implantação da República que é uma revolução ganha por
equívoco, da retirada dos alemães e eu acho que nós temos que começar a contar
as nossas histórias e portanto acho que uma função de um canal público (Serviço
Público de Televisão) é investir para contar a nossa História ao nosso povo.
Portanto, acho uma iniciativa notável honestamente, acho mesmo importante
independentemente de eu estar ou não estar no projeto.
M.L: Quando é que se interessou pela representação?
P.L: Só comecei a
interessar-me verdadeiramente pela representação aos 19 anos. Até aí
interessava-me pela poesia e pela música, não exatamente no teatro.
M.L: Fez
teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais prazer em
fazer?
P.L: Espetáculos. Eu gosto
muito de fazer espetáculos, eu gosto muito de palco. Gosto muito de cinema
também. É difícil de escolher entre esses dois. A televisão não é exatamente e
entre o cinema e o teatro é difícil de escolher e eu tenho um fascínio enorme
pelo palco. Na televisão aprendi imenso, mas não é de longe o que me dá mais
prazer.
M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que o
marcou, durante o seu percurso como ator?
P.L: Há dois ou três que
me marcaram. Houve uma ópera que eu fiz no Coliseu do Porto e que depois fui
fazer para Itália. Aquilo marcou-me imenso, na altura em que eu fazia uma
personagem sem texto, uma personagem muda que era o Mercador, que eu adorei
fazer esse trabalho. Em cinema, foi este filme, o “Filme do Desassossego” e toda
esta experiência e uma digressão que eu estou a ter com o filme… Porque eu
trabalho em várias áreas não é difícil destacar uma coisa só… Em poesia, há um
projeto que para mim é muito especial que é o projeto Coincidência que é com o
Álvaro Teixeira Lopes, que é um projeto de piano, poesia e imagem, que eu adoro
e me marca imenso. Em teatro, talvez a minha primeira peça profissional que foi
o “Tio Vânia” dirigida pelo Rogério de Carvalho.
M.L: Desde “Dei-te Quase Tudo” (TVI) que é uma
presença regular nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito
de fazer?
P.L: Não muito. Eu fiz 5
telenovelas, já não faço há um ano agora (a
última telenovela em que o entrevistado participou até agora foi “Sentimentos”
que foi exibida na TVI entre 2009 e 2010). Não é um género televisivo que
eu procuro muito, não é mesmo. Agora, foi um género que foi muito importante
para mim para me dar trabalho, durante um tempo e que foi muito importante para
me ensinar a lidar com câmara, para me ensinar a resposta rápida que a
televisão exige, para me ensinar um outro código de trabalho que foi muito
importante para mim. Agora, não é uma paixão que eu tenha propriamente, embora
haja coisas em televisão que eu gosto como as séries que são feitas com mais
tempo. As telenovelas são feitas com grande rapidez. É muito industrial, é
muito difícil.
M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma
telenovela?
P.L: Mal. São muitas horas
de trabalho por dia e depois chegas ao fim do dia e vais para casa e tens 20
cenas para decorar para o dia seguinte, pouquíssimas horas para dormir. É muito
duro, é um trabalho muito duro mesmo. As pessoas só passarem por lá é que
sabem.
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão
foi a telenovela “Paixões Proibidas” (RTP/TV Bandeirantes), onde interpretou a
personagem Mateus. Que recordações guarda desse trabalho?
P.L: Fortíssimas e muito
boas. Foi um trabalho violentíssimo, muito duro de se fazer, foi um dos
trabalhos mais duros que eu fiz na vida (acho eu). Foi muito duro estarmos
retirados, durante tanto tempo, trabalharmos com condições muito complicadas, muito
precárias, mas para mim a experiência de vida no Brasil valia a pena todo este
fim. Impressionante, mudou-me completamente. É um país que mexe muito comigo.
Foi muito bom, a experiência de poder estar a viver no Rio de Janeiro, durante
aquele tempo e de criar vínculos tão fortes com aquelas pessoas…
M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
P.L: Vejo o teatro não
estando em grande proliferação em termos de quantidade. Acho que se está a
fazer muito bom teatro em Portugal. Eu aconselho muito uma coisa: vejam o
Teatro Meridional. O Meridional é uma grande referência para mim, do estado do
Teatro em Portugal ou seja de se fazer sem grandes meios, sem grandes
orçamentos, mas de se fazer muito bem, com muito cuidado, com muito teatro no
sentido mais puro da palavra, de construção de trabalho de equipa, de soluções,
de encontrar soluções que não sejam tecnológicas, que sejam soluções humanas,
soluções simples e que funcionam muitíssimo bem.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.L: Sim, de alguma forma.
Por exemplo, eu não tenho uma ambição de Hollywood, eu não tenho mesmo. Mas por
exemplo eu adorei trabalhar no Brasil, adoraria voltar a trabalhar no Brasil.
Gostei muito de estar a fazer a ópera em Itália, já estive a fazer uma coisa de
poesia em Bruxelas que gostei imenso… Eu gosto muito de viajar, eu adoro viajar
e eu adoro trabalhar, portanto eu consigo juntar as duas coisas ao mesmo tempo…
M.L: Qual foi a figura da representação que o marcou,
durante o seu percurso como ator?
P.L: Várias. Houve muitos
americanos (claro), europeus, etc… Houve o Robert DeNiro, o Al Pacino, o John
Malkovich, o Anthony Hopkins… foram figuras que me marcaram muito… há muitos
portugueses também… há uma geração de mulheres que eu adoro que é a Natália
Luíza, a Maria João Luís, a Luísa Cruz… eu digo que é a geração das “Luísas” e
das “Luís” (que é a Maria João Luís)… que são atrizes extraordinárias… eu tenho
muitas referências… tenho atores da minha geração como o Filipe Duarte, o Nuno
Lopes que são ótimos.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
P.L: Viajar no Oriente e
viajar em África.
M.L: Se não fosse o Pedro Lamares, qual era o ator que
gostava de ter sido?
P.L: Não faço a mínima ideia. O fato de eu os achar
muito bons atores não quer dizer que eu quero ser eles, porque muitas vezes eu
os acho extraordinários como atores, mas não ambiciono a vida que eles levam.
Eu gosto muito da minha vida aqui, eu gosto muito da minha família, eu acho que
não queria ter sido outra pessoa, eu acho que gosto desta.ML
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Mário Lisboa entrevista... Inês Botelho

M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
I.B: Em consequência directa, mas não obrigatória de uma gigantesca paixão pela leitura. De algum modo quis prolongar e criar a experiência da leitura. Comecei a inventar pequenas histórias aos seis ou sete anos e até aos doze escrevinhei muito, convencida que seria escritora. Quando reli esses textos percebi que não tinha qualquer tipo de voz autoral. Não só não encontrava uma história que gostasse realmente de contar como tudo o que escrevia se revelava demasiado inócuo e desinteressante. Por isso, preferi desenvolver a faceta de leitora e abandonar a de escritora. Só regressei intencionalmente à escrita aos quinze anos, quando me surgiu a ideia para o que viria a ser a trilogia. Começou como desafio, tornou-se vício, necessidade e converteu-se aos poucos em profissão.
M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto
escritora?
I.B: Devo imenso ao
modernismo, mas também ao maravilhoso e a um certo imaginário muito associado à
infância que parece ter tendência para se agarrar ao hospedeiro e o acompanhar
sempre, ainda que frequentemente apenas no subconsciente. O cinema é-me
igualmente importante: de Ingmar Bergman a David Lynch passando por uma lista
demasiado vasta e caótica para a conseguir enumerar rapidamente. Em termos literários
e em épocas diferentes: Marion Zimmer Bradley, Michael Cunningham, Vergílio
Ferreira, Natália Correia, Maria Teresa Horta, Ana Teresa Pereira, Aldous
Huxley, William Faulkner, John dos Passos, Vladimir Nabokov, Amos Oz, Margaret Atwood, Neil Gaiman e Angela Carter foram
todos cruciais.
M.L: Qual foi o livro que lhe deu mais prazer em
escrever?
I.B: O último, sempre o
último. A escrita é em parte um exercício que idealmente melhora com a prática.
Só quando conhecemos bem as regras as podemos subverter e aí tudo se torna mais
interessante, mais estimulante, mais desafiante e enriquecedor.
M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, durante o
seu percurso como escritora?
I.B: Todos até porque o
percurso ainda é curto. De qualquer modo, terminar “A Filha dos Mundos” e vê-lo publicado revelaram-se momentos
essenciais. E adorei a oportunidade de apresentar “O passado que seremos” nas Correntes D'Escritas.
M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
I.B: A passar por uma fase
difícil e precária como todo o país. Por um lado tem-se dinamizado cada vez
mais: cria-se hoje em Portugal de forma muito interessante e variada. No
entanto, faltam apoios, incentivos, suportes básicos. Precisamos de uma
verdadeira consciência e política culturais: urge ultrapassar essa mediania de
considerar a Cultura como algo secundário ou mesmo terciário.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
I.B: Claro. Quem não
gostaria? Só não sei se acontecerá ou quando a conseguirei.
M.L: Dedicou a sua vida profissional no Porto. Gostava
de trabalhar em Lisboa?
I.B: Uma das vantagens
desta profissão é a ausência de um local fixo de trabalho. Tão depressa estou
no Porto como em Guimarães, Leiria, Braga, Faro, Coimbra ou Lisboa, seja em
Bibliotecas, Escolas, Centros Culturais, Feiras do Livro. Essa mobilidade
agrada-me. O Porto e Vila Nova de Gaia têm sido a minha casa (quase sempre),
mas se as circunstâncias ou as hipóteses me conduzirem a viver noutras cidades
(mesmo noutros países) irei com entusiasmo.
M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu
percurso como escritora?
I.B: Tantas. Sem a família
e os amigos faltar-me-ia o suporte para qualquer tipo de percurso. E enquanto
escritora deverei sempre imenso à minha professora de português do secundário
(Maria Luísa Pinto) pelo apoio e incentivo, mas também (embora não
exclusivamente) a Maria da Luz Santos e Maria Fernanda Tapada, porque no início
me foram ladeando a entrada neste meio e a Manuel Alberto Valente que agora me
introduz em realidades literárias que desconhecia ou a que não tinha acesso.
M.L: Que balanço faz da sua carreira?
I.B: Os balanços parecem-me
um pouco prematuros até porque os associo mais a um final de carreira e espero,
preciso de estar apenas no início. Em todo o caso agrada-me o caminho até aqui.
Tem aspectos extraordinários e evita a perfeição que sempre me pareceu monótona
e enfadonha, uma porta demasiado escancarada para a estagnação que quero evitar
a todo o custo.
M.L: Quais são os seus próximos projectos?
I.B: Neste momento (por
circunstâncias várias), tudo prossegue a um ritmo mais vagaroso do que
tencionava. Ainda assim, os projectos mais imediatos são terminar o mestrado e
o livro em que me encontro a trabalhar há já algum tempo. E tenho dois ou três
contos que gostaria de escrever nos próximos meses. De resto, continuo a
acumular uma panóplia de ideias e possibilidades de viabilidade imprecisa.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
I.B: Demasiadas. Pretendo
viajar para lugares que ainda não se proporcionaram: da Rússia à Irlanda, ao
Egipto, ao Peru, ao México, à Islândia e também viver uns meses num quotidiano
diferente. Adoraria aventurar-me pelo teatro e o cinema, talvez até regressar a
um contacto mais directo com a música. Principalmente, quero experiências
diversas, enriquecedoras, estimulantes, que me desafiem e permitam desenvolver.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
I.B: Nada, embora não me
importasse de viver numa conjectura política e económica mais humanas.
M.L: Se não fosse a Inês Botelho, qual era a escritora
que gostava de ter sido?
I.B: Admiro várias escritoras: Maria Teresa Horta,
Natália Correia, Clarice Lispector, Angela Carter, Flannery O'Connor, Virginia
Woolf, tantas outras. No entanto, não desejaria encarnar qualquer delas.
Prefiro sempre ser apenas eu com as minhas virtudes e imensos defeitos.ML
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Mário Lisboa entrevista... Isabel Alçada
Olá. A próxima entrevista é com a escritora Isabel Alçada. Desde muito cedo que se interessou pela escrita e em 1982 começa a escrever juntamente com Ana Maria Magalhães, a coleção literária "Uma Aventura" que passou por várias gerações e que já foi alvo de adaptações para televisão e para cinema e em 1987 colaborou na escrita da telenovela "Palavras Cruzadas" (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (irmão da Ana Maria Magalhães) e além da escrita também é professora tendo sido Ministra da Educação entre 2009 e 2011, durante o 2º mandato de José Sócrates como Primeiro-Ministro. Esta entrevista foi feita no passado dia 31 de Maio na Escola E.B 2/3 da Corga de Lobão.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
I.A: Eu sempre gostei de escrever, já como aluna gostava de escrever. Tive a sorte de ter professores que estimularam esse interesse, mas verdadeiramente e em pleno surgiu, quando tentei como professora incentivar os alunos a lerem mais, a gostarem de ler e gostarem de escrever.
M.L: Em 1987 colaborou na escrita da telenovela “Palavras Cruzadas” (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (que é irmão da Ana Maria Magalhães). Como foi a experiência de escrever uma telenovela?
I.A: Não a escrevemos toda, nós colaboramos na conceção do enredo e colaboramos na escrita de alguns episódios para a telenovela, mas depois verificámos que era um trabalho muito intenso e que tinha de ser feito em full time e não era consentâneo com o nosso trabalho de docentes, portanto professoras que estávamos nós as duas no ativo e também gostávamos de escrever os nossos livros e que não era compatível e por isso escrevemos alguns episódios, mas não todos. Mas foi um trabalho interessante.
M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
I.A: Eu sempre gostei de escrever, já como aluna gostava de escrever. Tive a sorte de ter professores que estimularam esse interesse, mas verdadeiramente e em pleno surgiu, quando tentei como professora incentivar os alunos a lerem mais, a gostarem de ler e gostarem de escrever.
M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto
escritora?
I.A: A Ana Maria Magalhães e eu procuramos um modelo
de histórias que agradasse à população escolar para quem nos dirigíamos que
eram na altura (quando começamos) alunos do 5º e 6º ano de escolaridade e
verificávamos que as histórias que eles mais gostavam eram histórias com ação,
mistério e personagens da idade deles que foi um modelo criado por uma
escritora inglesa chamada Enid Blyton, portanto as nossas histórias de alguma
forma têm esse modelo. Mas depois, por exemplo fomos muito influenciadas talvez
por uma escritora portuguesa que hoje as pessoas já não leêm tanto, porque têm
uma problemática diferente, tem assuntos que já não são tão contemporâneos que
é a Virgínia Castro e Almeida.
M.L: Em 1987 colaborou na escrita da telenovela “Palavras Cruzadas” (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (que é irmão da Ana Maria Magalhães). Como foi a experiência de escrever uma telenovela?
I.A: Não a escrevemos toda, nós colaboramos na conceção do enredo e colaboramos na escrita de alguns episódios para a telenovela, mas depois verificámos que era um trabalho muito intenso e que tinha de ser feito em full time e não era consentâneo com o nosso trabalho de docentes, portanto professoras que estávamos nós as duas no ativo e também gostávamos de escrever os nossos livros e que não era compatível e por isso escrevemos alguns episódios, mas não todos. Mas foi um trabalho interessante.
M.L: Como vê atualmente a Cultura e a Educação em
Portugal?
I.A: Ao longo da minha
vida que já é longa tenho assistindo a um progresso enorme na abertura dos
portugueses à Cultura e nas possibilidades que se oferecem hoje aos portugueses
de beneficiar na criação nas várias áreas (nas artes, no teatro e no cinema,
etc.). Nós só basta ver o número de auditórios que hoje existem, os teatros que
hoje circulam pelo nosso país, o número de galerias de arte, de museus, etc. E
portanto na área da Cultura tem havido uma grande evolução e nós precisamos que
isso aconteça, porque um país evolui, é um país em que as pessoas têm acesso à
Cultura e que os criadores têm apoio para continuar a produzir as suas obras.
Na área da Educação têm havido um progresso assinalável, basta ver os
resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que é uma
cooperação internacional de aprendizagem de jovens de 15 anos nos vários países
da OCDE e no nosso país verificou-se que na última avaliação houve um salto
enorme e que os nossos jovens de 15 anos já têm muito melhores resultados tanto
na leitura e escrita, literacia como na Matemática e nas Ciências e nós temos
que continuar nesse caminho de progresso.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
I.A: Eu gosto muito do trabalho
que faço, já tive oportunidade de colaborar em organismos internacionais, de
fazer avaliações de projetos educativos em organizações internacionais, mas
gosto muito de trabalhar no meu país e sinto muito próxima dos professores, das
escolas. Fui um trabalho que ao longo dos anos desenvolvi e que me sinto segura
e quando as pessoas sentem-se segurança naquilo que fazem é muito bom que essa
segurança possa beneficiar os outros e possa contribuir para que aqueles que
são como nós os portugueses possam a ter um futuro melhor com melhores
condições de educação.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.A: Vou continuar a
escrever histórias, vou continuar a ensinar e vou continuar a reservar tempo
para a minha vida pessoal que está muito centrada hoje nos meus netos.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
I.A: Nunca consegui tirar a carta de avião e gostava
de ter sido aviadora, portanto nunca tirei. Já viajei em vários tipos de
aviões, em alguns pequeninos com 6 lugares e até ao lado do piloto (não como
co-piloto, porque não sei conduzir), mas gostava de ter tirado a carta de
avião. Acho que é muito agradável, uma pessoa poder ter essa experiência de
conduzir um meio de transporte voador.ML
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