M.L: Como é que surgiu o interesse pelo fado?
M.D.F: Essa pergunta já tem tantos anos… São já 50 anos a cantar, já nem me lembro quase… Não sei, é muito complicado… O interesse pelo fado vai aparecendo no dia-a-dia ao longo de 50 anos, todos os dias é uma aprendizagem… Comecei a cantar muito nova com 9 anos, com 13 anos ganhei um concurso de Fado… Sou do Porto, portanto eu fiz parte da minha infância no Porto, depois fui com 17 anos para Lisboa e a partir daí a minha vida foi sempre o fado.
M.L: Em 1969 concorreu ao Festival RTP da Canção com o
tema “Vento do Norte” com letra de Francisco Nicholson e de Braga dos Santos.
Que recordações guarda dessa experiência?
M.D.F: As melhores de
sempre. Fiz o meu melhor, fiz o meu trabalho com todo o respeito, com dignidade.
Defendi a canção com muita tensidade e fiquei tão feliz como se tivesse ganho o
Festival da Canção, porque acho que foi a canção (a nível do público) mais
votada tanto no continente como no ultramar.
M.L: Como vê atualmente o fado e a música portuguesa
em geral?
M.D.F: Acho que está de
boa saúde e agora com uma filha (Rita Gordo) a cantar ainda está mais enriquecida,
porque é uma área de canto… não foge muito às raízes do fado, mas também tem
uma autenticidade e uma verdade muito dela e que ela faz com muito carinho, com
muito respeito e que vai ter grandes frutos, já o provou e portanto o fado e a
música portuguesa desde que a tratem com respeito é sempre muito bom.
M.L: Tem uma carreira internacional. Gostava de ter
ficado no estrangeiro?
M.D.F: Não, nem pensar.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.D.F: Não tenho projetos,
eu já não tenho projetos. Já canto há 50 e tal anos, eu não posso ter projetos,
agora quero sossegar. Isto é um acontecimento que de vez em quando acontece,
não tenho nada programado na vida ao longo de 50 anos. Isto vai acontecendo ao
longo dos anos que vou vivendo e que vou cantando.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.D.F: Não tenho ambições.
Não tenho nada para fazer, quero ter saúde, estar viva, poder ver as minhas
netas a crescer e quero agora que este disco da minha filha (este trabalho que
ela fez) a crescer também.ML
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