M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
I.A: Eu sempre gostei de escrever, já como aluna gostava de escrever. Tive a sorte de ter professores que estimularam esse interesse, mas verdadeiramente e em pleno surgiu, quando tentei como professora incentivar os alunos a lerem mais, a gostarem de ler e gostarem de escrever.
M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto
escritora?
I.A: A Ana Maria Magalhães e eu procuramos um modelo
de histórias que agradasse à população escolar para quem nos dirigíamos que
eram na altura (quando começamos) alunos do 5º e 6º ano de escolaridade e
verificávamos que as histórias que eles mais gostavam eram histórias com ação,
mistério e personagens da idade deles que foi um modelo criado por uma
escritora inglesa chamada Enid Blyton, portanto as nossas histórias de alguma
forma têm esse modelo. Mas depois, por exemplo fomos muito influenciadas talvez
por uma escritora portuguesa que hoje as pessoas já não leêm tanto, porque têm
uma problemática diferente, tem assuntos que já não são tão contemporâneos que
é a Virgínia Castro e Almeida.
M.L: Em 1987 colaborou na escrita da telenovela “Palavras Cruzadas” (RTP) que foi produzida e protagonizada por Tozé Martinho (que é irmão da Ana Maria Magalhães). Como foi a experiência de escrever uma telenovela?
I.A: Não a escrevemos toda, nós colaboramos na conceção do enredo e colaboramos na escrita de alguns episódios para a telenovela, mas depois verificámos que era um trabalho muito intenso e que tinha de ser feito em full time e não era consentâneo com o nosso trabalho de docentes, portanto professoras que estávamos nós as duas no ativo e também gostávamos de escrever os nossos livros e que não era compatível e por isso escrevemos alguns episódios, mas não todos. Mas foi um trabalho interessante.
M.L: Como vê atualmente a Cultura e a Educação em
Portugal?
I.A: Ao longo da minha
vida que já é longa tenho assistindo a um progresso enorme na abertura dos
portugueses à Cultura e nas possibilidades que se oferecem hoje aos portugueses
de beneficiar na criação nas várias áreas (nas artes, no teatro e no cinema,
etc.). Nós só basta ver o número de auditórios que hoje existem, os teatros que
hoje circulam pelo nosso país, o número de galerias de arte, de museus, etc. E
portanto na área da Cultura tem havido uma grande evolução e nós precisamos que
isso aconteça, porque um país evolui, é um país em que as pessoas têm acesso à
Cultura e que os criadores têm apoio para continuar a produzir as suas obras.
Na área da Educação têm havido um progresso assinalável, basta ver os
resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que é uma
cooperação internacional de aprendizagem de jovens de 15 anos nos vários países
da OCDE e no nosso país verificou-se que na última avaliação houve um salto
enorme e que os nossos jovens de 15 anos já têm muito melhores resultados tanto
na leitura e escrita, literacia como na Matemática e nas Ciências e nós temos
que continuar nesse caminho de progresso.
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
I.A: Eu gosto muito do trabalho
que faço, já tive oportunidade de colaborar em organismos internacionais, de
fazer avaliações de projetos educativos em organizações internacionais, mas
gosto muito de trabalhar no meu país e sinto muito próxima dos professores, das
escolas. Fui um trabalho que ao longo dos anos desenvolvi e que me sinto segura
e quando as pessoas sentem-se segurança naquilo que fazem é muito bom que essa
segurança possa beneficiar os outros e possa contribuir para que aqueles que
são como nós os portugueses possam a ter um futuro melhor com melhores
condições de educação.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.A: Vou continuar a
escrever histórias, vou continuar a ensinar e vou continuar a reservar tempo
para a minha vida pessoal que está muito centrada hoje nos meus netos.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
I.A: Nunca consegui tirar a carta de avião e gostava
de ter sido aviadora, portanto nunca tirei. Já viajei em vários tipos de
aviões, em alguns pequeninos com 6 lugares e até ao lado do piloto (não como
co-piloto, porque não sei conduzir), mas gostava de ter tirado a carta de
avião. Acho que é muito agradável, uma pessoa poder ter essa experiência de
conduzir um meio de transporte voador.ML
Sem comentários:
Enviar um comentário