M.L: Quando surgiu o interesse pelo teatro?
M.Q: Curiosamente, o
interesse pelo teatro surgiu apenas no final da minha licenciatura, em Cinema e
Audiovisual. Na altura, andava à procura de uma empresa onde conseguisse um
estágio e surgiu uma produtora, no Porto, ligada ao teatro que me deu essa
possibilidade. Confesso que, inicialmente, não sabia muito bem se me
conseguiria "adaptar", uma vez que a minha licenciatura, embora
ligada às artes, incidia muito mais no cinema e na televisão do que no teatro.
De qualquer forma, correu muito bem e, desde essa altura, que o
"bichinho" do teatro nunca mais me deixou indiferente.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
M.Q: O teatro, como não
era uma área prioritária na minha vida, tem vindo a ser descoberto com o tempo.
Os géneros que mais me fascinam são os musicais e a Revista à Portuguesa.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
enquanto produtora?
M.Q: O meu primeiro grande
desafio, em teatro, foi, sem dúvida, o "Aladino e a Gruta Mágica-O Musical
no Gelo”. Foi um projeto inovador que envolveu imensos custos e imensas
pessoas. Ter as operações controladas foi o mais importante. Foi o projeto
onde, a nível profissional, mais evoluí. Por muitos projetos em que me envolva,
este será sempre muito especial.
M.L: Atualmente, trabalha na produtora Yellow Star
Company. Que balanço faz do tempo em que está na produtora?
M.Q: A Yellow Star Company
é muito importante para mim, tanto a nível pessoal como profissional, embora
trabalhe com outras empresas. Trabalho com pessoas que, assim como eu, adoram o
que fazem e gostam de o fazer com qualidade e isso também é muito importante, principalmente,
para manter o equilíbrio. Estou vinculada à produtora há mais de um ano e
espero que assim continue, porque é um prazer enorme fazer parte desta equipa.
M.L: A Yellow Star Company foi fundada em 2010 pelo
casal Paulo Sousa Costa e Carla Matadinho e produziu produções teatrais de
enorme sucesso como “Os 39 Degraus”, “Aladino e a Gruta Mágica-O Musical no
Gelo”, “A Verdadeira História da Cigarra e da Formiga”, “Gisberta” e “Zorro”. Como
vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
M.Q: Como qualquer
empresa, em Portugal, é preciso que as coisas se façam com calma e com os pés
assentes. Claro que é preciso haver determinação e garra mas, por vezes, isso
só não chega. Felizmente, a Carla e o Paulo têm conseguido, na minha opinião,
levar a empresa ao crescimento e com grande sucesso. Temos trabalho regular e
somos reconhecidos nas áreas em que trabalhamos porque, embora a empresa esteja
muito ligada ao teatro, trabalhamos noutras áreas, nomeadamente, ligadas à
comunicação, onde também sou interveniente.
M.L: Também experimentou o cinema. Entre o Teatro e o
Cinema, em qual destes géneros em que se sente melhor?
M.Q: Quando me formei,
aquilo que eu queria mesmo fazer era produzir! Não me preocupava muito o resto,
desde que eu fizesse aquilo de que gostava. Eu sinto-me bem e feliz a trabalhar
em produção.
M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
M.Q: Infelizmente, a Cultura,
em Portugal, quase não se vê. Não percebo como é que se gasta dinheiro em
assuntos que não trazem mais-valias para o povo português e depois não há
dinheiro para a Cultura. Espero que esta crise no país, e consequentemente
na Cultura, seja apenas uma fase menos boa a ser ultrapassada, num futuro
breve.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.Q: Não penso muito
nisso. Estou ainda a iniciar uma carreira que desejo prolongar, durante muito
tempo. Gostava de fazer algumas formações, no Brasil, na área da produção de
televisão, mas "internacionalizar-me" não é um objetivo.
M.L: O meio artístico português enfrenta, atualmente,
uma enorme instabilidade. Na sua opinião, quais são os desafios que um produtor
tem que enfrentar, perante esta instabilidade?
M.Q: Como ainda estou a
consolidar algumas coisas e não sou produtora executiva, não sinto as
dificuldades na pele, ou seja, não monto espetáculos nem os faço circular. Mas,
por aquilo que vejo acontecer nesta área, é cada vez mais difícil fazer teatro,
em Portugal. Não há apoios e a maior parte dos teatros não tem capacidade
financeira de adquirir espetáculos. Há sempre o risco do espetáculo dar ou não
lucro porque, cada vez mais, as pessoas definem prioridades e uma ida ao teatro
pode ou não ser possível concretizar.
M.L: Que balanço faz do percurso profissional que tem
feito até agora?
M.Q: Ainda sou uma “bebé”!
Tenho a sorte de, às vezes, estar no lugar certo à hora certa, mas olhando para
trás e vendo aquilo que, em tão pouco tempo, consegui fazer, sinto-me orgulhosa
das escolhas que fiz e que continuo a fazer. É bom olhar para trás e perceber
que a determinação pode ser um dos nossos melhores trunfos. Se continuar a
fazer o que gosto e com quem gosto, então tenho a certeza que, daqui a uns
anos, pensarei da mesma forma.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.Q: Em relação a projetos
já fechados, tenho em cena, de dia 12 de Março a 13 de Abril, no Teatro da
Trindade, a peça “Boeing Boeing”, onde faço parte da produção. Ainda este ano,
tenho a rodagem de uma curta-metragem e um musical. Há também alguns
projetos em cima da mesa, mas ainda nada está fechado.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.Q: Uma coisa que eu gostava
imenso de fazer, e que já tinha em mente muito antes de entrar para a
faculdade, é televisão. É uma das áreas que eu nunca explorei e, isso sim, é um
objetivo que espero cumprir assim que possível.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
M.Q:
Assim de repente, não me lembro de nada. Tenho tudo nos lugares certos.
Considero-me, nesta altura, uma pessoa bem resolvida em todos os aspetos.ML
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