M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.C: Aos quinze anos,
fechava-me na sala de jantar e brincava a ser outras figuras, outras pessoas,
outros eus.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.C: Não sei se consigo
designá-las... São aquilo que leio, filmes que vejo, música que ouço, mas
também o dia-a-dia, as pessoas na rua... O espetro aonde pode um(a) ator (atriz)
ir beber, é muito grande.
M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar
mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
M.C: Sim, faz-me muita
falta fazer mais cinema, é toda uma outra linguagem, um universo muito distinto
do teatro.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como atriz?
M.C: Houve muitos
trabalhos que foram marcantes, e cada um foi especial à sua maneira, só assim
faz sentido, para mim, trabalhar, com paixão e dedicação e entrega. Houve, no
entanto, textos e personagens que me foram mais queridas e misteriosas, uma
delas “A Castro” de António Ferreira.
M.L: Entre 2001 e 2002, participou na telenovela “A
Senhora das Águas” que foi exibida na RTP, da qual interpretou a vilã Dulce Trovão
Pedroso. Que recordações guarda desse trabalho?
M.C: Bom, não foi um
trabalho que me enlevasse de sobremaneira, para ser franca. Penso que me é
difícil dominar o ritmo de uma novela e sobre ele fazer um trabalho com a
profundidade a que estou acostumada.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
M.C: Como deves imaginar,
por um lado, sinto uma grande tristeza ao ver que há estruturas que se
apagam e que tinham o direito de persistir, mas, infelizmente, a Cultura é
desconsiderada no nosso país. Em tempo de crise, a Cultura é ainda mais
necessária, mas não é assim que as coisas são vistas... Por outro lado, admiro
imenso a perseverança daqueles que, apesar de todas estas intempéries,
continuam a trabalhar.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.C: Não sei bem o que é
uma carreira, muito menos internacional... Como ouvi uma vez a Maria de Medeiros:
"Eu não tenho uma carreira, tenho um carreirinho...".
M.L: Tem desenvolvido, praticamente, o seu percurso
como atriz no Porto. Gostava de trabalhar mais em Lisboa?
M.C: Penso que o país não
é assim tão grande para que o trabalho tenha de ser divido entre esses dois pólos.
Nunca percebi muito bem essa coisa de Lisboa versus Porto, e, já agora, versus
o resto do país, que também existe e é real. Há muito boa gente a trabalhar
fora desses dois "centros", digamos assim, e a desenvolver projetos
culturais de um interesse extraordinário.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
M.C: Recuso-me a dar
conselhos desse tipo, ou de qualquer outro tipo.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
M.C: Profundamente
intermitente.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.C: Isso é mistério...
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
M.C:
Uma longa viagem... Uma viagem que dure, no mínimo, três meses...ML
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