Termina amanhã (10 de Julho) no Teatro Carlos Alberto no Porto, a peça "O Duelo", de Heinrich von Kleist, encenada por Carlos Pimenta e protagonizada por Miguel Loureiro.
Miguel Loureiro
Escrita originalmente em 1811, "O Duelo" é uma história romântica de recorte policial passada no fim do século XIV, onde a honra e a sinceridade do triângulo de protagonistas parece decidir-se no confronto que lhe dá título, onde será o juízo de Deus a conceder o triunfo à espada que defenda a verdade. Mas nada é o que parece, nem Deus é tão preciso como seria de esperar. Peça sobre o cálculo e o acaso, o fracasso e o sucesso, "O Duelo" é regida pela vertigem de uma justiça poética e conduzida pela voz e corpo de Miguel Loureiro.
Estreada no passado dia 22 de Junho, "Cenas da Vida Conjugal" foi originalmente uma minissérie escrita e realizada por Ingmar Bergman em 1973 e que deu origem a uma versão condensada para cinema estreada em 1974. Foi representada pela primeira vez em teatro em 1981 e nesta nova abordagem, Rita Calçada Bastos reflete sobre este tempo em que o que parece ser a realidade a maior parte das vezes não é. Não passa de uma lente que traduz o presente, em que cada um tem a sua visão, a sua noção de verdade, a sua imagem do outro, mas não passa de uma breve noção à medida daquilo que sabemos.
"Ser, na sua totalidade, está cheio de coisas feias e magras e comezinhas, e isso nós habitualmente não mostramos, queremos mesmo esconder, empenhamo-nos seriamente nessa empresa. Esconder de nós e sobretudo do outro, da sociedade. Vivemos comandados pelos nossos fantasmas e a nossa realidade não passa disso, de uma projeção."
No dia 27 de Maio de 1996, estreou na RTP a telenovela "Primeiro Amor", que foi a sexta produzida pela então NBP para o canal e que na altura fracassou nas audiências, mas na última década tem sido resgatada do esquecimento devido às suas reposições na RTP Memória.
Da autoria de Manuel Arouca, "Primeiro Amor" foi uma telenovela que eu vi pela primeira vez numa dessas reposições em 2008, quando eu tinha 18 anos, e fiquei fã de imediato. O belíssimo cenário de Sintra foi a escolha perfeita para a abordagem sobre a tradição e o progresso e os anos 90 foi, na minha opinião pessoal, a altura adequada para retratar a corrupção futebolística, pois hoje em dia era impossível retratar numa telenovela um tema controverso como este. No que toca ao elenco, eu tenho que destacar as inesquecíveis duplas Eurico Lopes/Susana Vitorino e Pedro Górgia/Patrícia Tavares que, para mim, ajudaram a elevar o tom romântico e jovial de "Primeiro Amor". O genérico de "Primeiro Amor", que foi protagonizado por Carla Salgueiro e Juan Soutullo, ainda hoje é um dos meus favoritos.
Manuela Maria ("Elvira") & José Gomes ("Artur "Bolas" Pinto")
"Primeiro Amor" tem um lugar muito especial no meu coração. É uma telenovela de verão completamente inofensiva, que nos faz sentir bem ao vê-la, com boas e carismáticas personagens, e cria um bom equilíbrio entre o tom romântico e jovial e a abordagem de temas mais complexos. E esse bom equilíbrio é, provavelmente, a maior força de "Primeiro Amor".
Premiada em vários festivais internacionais, "Para Além da Memória" evoca as presenças e ausências de uma doente de Alzheimer, envolta numa profunda trama de sentimentos, paixões e traições e que procura juntar o drama e o humor, sempre presentes na vida.
Após a morte do seu irmão (João Damasceno) ocorrida em circunstâncias suspeitas, Alexandre (Miguel Babo), escritor, divorciado e pai de três filhas, vê-se encurralado com as dívidas deixadas pelo mesmo. Perante a necessidade de proteger a casa dos pais, onde residem os resquícios de memória da mãe (Lídia Franco) que sofre de Alzheimer, decide pedir ajuda a um amigo (Álvaro Faria), ministro, para lidar com as comprometedoras dívidas do irmão para com um indivíduo (Ângelo Torres) relacionado ao mais alto nível com os governos português e angolano. Numa confusa sucessão de ligações conhece Laura (Gabriela Moreyra), uma stripper, que acaba por ser moeda de troca nesta relação de dívidas, comprometimentos sentimentais e familiares.
Atualmente está em cena no Teatro Sá da Bandeira no Porto, o espetáculo "Autobiografia Autorizada", que é escrito, co-encenado e protagonizado por Paulo Betti e está em digressão por Portugal até Março.
Estreado originalmente no Brasil em 2015, "Autobiografia Autorizada", que marca a celebração dos 40 anos de carreira de Paulo Betti, foi construído pelo próprio que se inspirou nos textos e nas colagens que escreveu durante a adolescência, e ainda nas colunas de opinião semanais que escreveu durante quase 30 anos para o Jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, a cidade no interior de São Paulo onde cresceu. É uma amálgama do Brasil profundo, inspirada pela inusitada história de superação de Paulo Betti e percorre um trajeto impressionante entre a ruralidade e o urbanismo que marcam a sua própria vida, recuando à vaga de imigração italiana no Brasil que teve o seu ápice no período entre 1880 e 1930.
Celso Cleto, Filomena Gonçalves, Estrela Novais, Ana Catarina Afonso, Catarina Mago, Diana Marquês Guerra, Helena Veloso, Isabel Leitão, Rita Cleto, Sara Gonçalves
Estreada no passado dia 6 de Novembro, "A Casa de Bernarda Alba" foi a última obra teatral de Federico Garcia Lorca, que terminou dois meses antes do seu falecimento em 1936 e foi representada pela primeira vez na Argentina em 1945. Bernarda Alba (Filomena Gonçalves), viúva e mãe de 5 filhas, vive encerrada na sua casa num profundo luto, tentando defendê-las de tudo e de todos, incutindo-lhes as regras e os valores que aprendera em casa do seu pai e de seu avô.
Filomena Gonçalves, Estrela Novais, Ana Catarina Afonso, Catarina Mago, Diana Marquês Guerra, Helena Veloso, Isabel Leitão, Rita Cleto, Sara Gonçalves
Filomena Gonçalves
Filomena Gonçalves & Estrela Novais
Estrela Novais & Ana Catarina Afonso
Ana Catarina Afonso
Estrela Novais & Diana Marquês Guerra
Diana Marquês Guerra
Diana Marquês Guerra & Catarina Mago
Filomena Gonçalves, Helena Veloso, Rita Cleto, Catarina Mago
Filomena Gonçalves, Isabel Leitão, Ana Catarina Afonso, Sara Gonçalves, Helena Veloso, Diana Marquês Guerra
Estreada no passado dia 23 de Outubro, "As Cadeiras" é a terceira peça de Eugène Ionesco, originalmente publicada em 1953, e é sobre um casal de velhos de 94 e 95 anos (Carmen Santos e Luís Lima Barreto), que vivem isolados numa casa situada numa ilha batida pelas
vagas. Para alegrar a solidão e o seu amor fora do comum, repetem
incansavelmente as mesmas histórias. Mas o velho homem, autor e pensador,
possui uma mensagem universal que quer comunicar à humanidade. Para esse grande
dia, reuniu eminentes personalidades do mundo inteiro. Um orador profissional (Rafael Fonseca) será encarregado de traduzir os seus pensamentos. Os convidados, invisíveis
para o espectador, chegam como se fossem fantasmas e tomam lugar em cadeiras
que invadem pouco a pouco o espaço, até o saturar. O casal sai da sala e deixa
ao orador a tarefa de esclarecer a humanidade. Mas, para cúmulo da ironia, o
orador é afinal um surdo-mudo.