M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.A: Surgiu desde muito
nova, eu acho que sempre soube que queria ser atriz. Mesmo no 9º ano eu
procurava cursos de teatro que havia pouco nessa altura, portanto é uma vocação
que sempre tive.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.A: São várias. Eu gosto
muito dos atores ingleses e da escola inglesa, acho que a Inglaterra é um país que
lida muito bem com esta profissão, para além de toda a indústria norte-americana,
dos atores franceses ou dos países europeus. Lembro-me de ver muito teatro,
quando era mais nova, de ver muitos atores, de ver espetáculos na (Fundação
Calouste) Gulbenkian, portanto acho que as influências são sempre várias. Os
meus professores no Conservatório também tiveram a sua importância, gostei
muito de lá estar, e todos os atores que aprecio muito e os filmes que vejo são
sempre uma boa influência. Para além da observação do Mundo em geral (que todos
os artistas também têm essa qualidade quase aumentada), acho que somos
influenciados pelo que nos rodeia também.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
M.A: Qualquer um destes géneros
são bons para o trabalho de ator, depende muito do projeto, de com quem é que
se trabalha, portanto eu gosto muito de fazer os três, e tenho pena que não se
faça mais Cinema em Portugal e acho que na televisão também se podia apostar
mais nas séries e noutro tipo de produtos, mas de qualquer maneira eu não
consigo escolher um, sendo o Teatro a nossa casa-mãe. Eu acho que um ator se
desenvolve em todas essas plataformas.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
M.A: É difícil responder a
esta pergunta, porque todos os trabalhos são entusiasmantes, mas há trabalhos
que foram mais marcantes e destaco o meu início no Teatro do Século que foi
quase a minha escola.
M.L: Entre 1999 e 2000, participou na telenovela “A
Lenda da Garça” que foi exibida na RTP, na qual interpretou a personagem
Adélia. Que recordações guarda desse trabalho?
M.A: “A Lenda da Garça”
foi a primeira telenovela em que eu entrei, guardo ótimas recordações, gostei
muito desta personagem com uma característica cómica que eu gostei muito de desenvolver
e foi uma experiência importante, porque no fundo foi lidar com a televisão
todos os dias e perceber a mecânica do que é fazer uma telenovela.
M.L: “A Lenda da Garça” foi escrita por Paula
Mascarenhas, a partir de uma ideia do falecido jornalista Victor Cunha Rego, e
marcou a sua estreia nas telenovelas. 15 anos depois, como vê, hoje em dia,
este género em Portugal?
M.A: Eu acho que a
telenovela tem sido um produto muito usado na nossa televisão. Houve uma altura
em que havia mais séries, mais sitcoms,
mais programas de carácter cómico, e penso que, hoje em dia, há muitas
telenovelas no ar, desde a hora de almoço até à madrugada, e como atriz acho
que se podia apostar noutros formatos.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro?
M.A: Atualmente, eu vejo
um bocadinho o Teatro numa situação ligeiramente “comercial”, portanto não vejo
os teatros independentes e mais alternativos a terem uma grande corrente de
público. São sempre espetáculos de poucos dias, com temporadas pequenas, e acho
que isso não fomentou ao longo dos anos muito público para um outro tipo de
teatro e ficamos um bocadinho agarrados ao teatro comercial de que eu gosto
imenso e já fiz e acho muito importante de existir e até deveria haver mais,
mas deveria haver mais teatro em geral.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira
há vários anos?
M.A: Lido muito bem, eu
gosto muito da abordagem do público. É sempre bom sermos abordados e recebermos
felicitações pelo nosso trabalho e eu fico contente se vejo as pessoas a rirem,
porque de alguma maneira me ligam a alguma coisa cómica e nos tempos que correm
que estão a ser tão difíceis é sempre bom ver um sorriso na cara de alguém e
acho que os atores gostam de ser reconhecidos e de serem apreciados pelo seu
trabalho.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
M.A: É sempre difícil dar
conselhos, porque esta profissão é muito complicada e também depende da sorte,
mas sobretudo é preciso ter muita coragem e uma boa escola e não ficar só pelas
aparências e ir mais fundo e trabalhar mesmo, pois esta profissão exige
trabalho, responsabilidade e gosto e não só uma maneira para se tornar famoso.
É um grande trabalho interior e eu acho que os atores são pessoas muito generosas
e muito interessadas pelo Mundo.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
M.A: É difícil fazer
balanços. O que eu tiro desta experiência de vida na minha profissão é boa. Mas
é sempre uma incógnita e acho que isso é difícil. É preciso uma certa endurance para esta profissão, porque
não há nada fixo, não há nenhum rendimento seguro, portanto é preciso ter um
bocadinho de espírito de aventura. Mas o balanço que eu faço é positivo e com
todas as dificuldades desta vida artística em Portugal acabo por ter a sorte de
fazer o que gosto e acho que toda a gente devia ter essa possibilidade de se
fazer o que gosta.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.A: Dar a volta ao Mundo. No que diz respeito à minha profissão, eu espero sempre surpreender a mim própria e o público nos projetos futuros.ML
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