M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
H.D.M: Surgiu desde muito
novo, devido aos filmes de (Charlie) Chaplin e por vê-los constantemente na
televisão, e a partir daí procurei outros cineastas como Buster Keaton, (Dziga) Vertov, Robert (J.) Flaherty, etc...
Mas foi o Chaplin que me deu a tal injeção do cinema.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
realizador?
H.D.M: Chaplin,
David Lynch, Béla Tarr...
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o
seu percurso como realizador?
H.D.M: Foram 2
filmes. A curta-metragem “Manhã Triste” em que tive o privilégio de conhecer e
trabalhar com o escritor Urbano Tavares Rodrigues, pois adaptei o seu conto ao
cinema e claro que fiquei bastante satisfeito, quando o próprio Urbano me
elogiou. E a curta-metragem “Faminto” que foi o filme mais complexo que
realizei, pelo número de atores e toda a logística… Aprendi muito, durante a
rodagem destes 2 filmes.
M.L: A produtora Paradoxon Produções, da qual cofundou
em 1997, está sediada em Lagos no Algarve. Na sua opinião, acha que o Algarve
tem evoluído, em termos cinematográficos, desde 1997 até agora?
H.D.M: Lagos no
Algarve, como qualquer outra pequena cidade, pouco se passa em termos
culturais... Gostando tanto de cinema propus ao meu amigo fotógrafo Pedro Noel
da Luz fazermos este projeto e assim foi e o projeto está para durar... Também
já lá vão 14 anos de cinema independente.
M.L: Em 2011, corealizou a curta-metragem “Faminto”
que contou com a participação de atores como Sofia Reis, Philippe Leroux e Hugo
Costa Ramos. Que recordações guarda desse trabalho?
H.D.M: Foi uma
curta difícil de realizar, mas enriquecedora para mim, enquanto realizador.
Gostei imenso, gostava de voltar a fazer um filme assim...
M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
H.D.M: Mau, num
buraco e sem saída possível... As portas estão fechadas para todos, mas sobretudo
para nós cineastas independentes que ninguém nos conhece... As elites
predominam.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
H.D.M: Não, gosto
de estar por cá... Embora seja muito crítico com a Cultura e sobretudo com o
cinema.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do Cinema?
H.D.M: Sejam
irreverentes e não se calem... E façam muitas curtas-metragens, é a escola para
as longas-metragens...
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como realizador?
H.D.M: O balanço é
positivo... Quando comecei nem sonharia que poderia chegar a este patamar, com
prémios, algum reconhecimento e sobretudo ter tido um filme meu na
Cinemateca... Estou muito satisfeito...
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.D.M: 2
curtas-metragens e a longa-metragem... Levo mais tempo agora nas produções... O
que me interessa é filmar... Mas com calma e com tempo...
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
H.D.M: Um filme com
todos os meios técnicos disponíveis, um filme à imagem dos filmes do cineasta
húngaro Béla Tarr ou até mesmo algo parecido com o cinema de David Lynch…
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
H.D.M: Talvez
que o cinema independente tivesse mais reconhecimento e sobretudo que os jovens
cineastas fossem mais conhecidos, um espaço alternativo dentro do cinema
português ou então tanto a Academia de Cinema como outras entidades promovessem
mais este tipo de cinema e o seu reconhecimento.ML
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