motorista do realizador americano Franklin J. Schaffner (1920-1989) lhe perguntou se gostava de trabalhar em cinema, tendo aceitado por curiosidade em relação a esse mundo, e desde aí desenvolveu um percurso no meio audiovisual que passou pela televisão e pelo cinema, tendo-se tornado numa das mais respeitadas profissionais do meio. Na televisão, trabalhou na NBP (atual Plural) entre 1992 e 2008 até se demitir por razões pessoais (onde exerceu a função de produtora em produções como "O Bairro da Fonte" (SIC), "Filha do Mar" (TVI), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Ana e os Sete" (TVI), "Inspetor Max" (TVI), "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Ilha dos Amores" (TVI) e "A Outra" (TVI), fazendo parte do grupo que criou a indústria da ficção nacional. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 5 de Fevereiro.
M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
R.G: Em 1985, eu era
proprietária de um Táxi, e um dia estava na praça de táxis do Hotel
Meridien, quando o motorista do realizador Franklin (J.) Schaffner me perguntou
se não gostaria de trabalhar em Cinema como motorista. Eu disse que ia pensar e
decidi aceitar a reunião no então Hotel Estoril Sol. Acabei por aceitar por curiosidade
em relação ao mundo do Cinema!!!
M.L: Quais foram as suas influências nesta área?
R.G: Não tive influência
de ninguém, apenas o desafio daquele senhor que me via a conduzir o táxi todos
os dias.
M.L: Trabalhou na televisão e no cinema. Qual destes
géneros que mais gostou de trabalhar?
R.G: Não direi que gostei
mais de um ou outro, mas quer em televisão, quer em cinema recordo
momentos inesquecíveis e gratificantes, por um lado ter o prazer de
trabalhar com equipas e atores fantásticos alguns dos quais ainda hoje guardo
no coração e por outro lado, neste caso na NBP (atualmente Plural), percebi que
tinha grandes amigos, inclusive em cargos muito superiores, pois nos momentos
mais difíceis da minha vida nunca me senti abandonada.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o
seu percurso como produtora?
R.G: Eu acho que todos me
marcaram de alguma forma. No entanto, terei que realçar o primeiro, que apesar
de não ter tido audiências, por ter sido emitido a horas tardias, foi na
verdade um grande desafio. O décor construído pela
EPC-Empresa Portuguesa de Cenários (grandes profissionais) era deslumbrante
de tal forma que a SIC nesse ano fez o lançamento da grelha de programação no
mesmo. Ainda me recordo que ao acabar este projeto "O Bairro da Fonte",
deparei-me com a equipa da EPC de lágrimas nos olhos por ter que destruir
aquele décor. Após este projeto em
2000, seguiram-se vários, tais como "Filha do Mar" (TVI), "Ana e
os Sete" (TVI), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Inspetor Max
II" (TVI), "A Outra" (TVI), etc. Sem parar até 2008 (o ano em
que pedi a demissão por razões pessoais). Desses outros projetos, muito teria
para contar, mas não chegariam as páginas nesta entrevista!!!
M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes, enquanto
produtora, foi a telenovela “O Olhar da Serpente” que foi exibida na SIC entre
2002 e 2003. Que recordações guarda desse trabalho?
R.G: Foi um
projeto difícil de produzir, pela sua logística. Para
planificar, pelo facto de a protagonista ter muita incidência na
história e os exteriores serem no Porto, foi muito, muito complicado. Por outro
lado, também me desagradou a hora em que foi emitido, mais uma vez tardia!!! Coisa
que ainda hoje é frequente nos canais televisivos.
M.L: “O Olhar da Serpente” foi o último trabalho do
realizador Álvaro Fugulin, que faleceu pouco tempo depois da telenovela ter
estreado, com quem já tinha trabalhado anteriormente. Como foi trabalhar com
ele?
R.G: Foi maravilhoso. Ele
era um grande profissional. Estava muito cansado após este projeto e a administração
tinha decidido colocá-lo noutro cargo para o aliviar. Ele estava feliz com essa
atenção. Tivemos o jantar de final de projeto num Domingo, e infelizmente
na Terça-Feira seguinte recebo um telefonema do Sr. António Parente a
participar a morte do Álvaro, que me recusei a acreditar que tal era verdade. Fui
eu com indicação da administração que tratei do funeral, que me doeu como se de
um familiar se tratasse. Foi muito bom trabalhar com ele.
M.L: Trabalhou, durante vários anos, na NBP (atual
Plural). Que recordações guarda do tempo em que trabalhou na produtora?
R.G: Foi na NBP que trabalhei
pela primeira vez em televisão no ano de 1992, no primeiro projeto como
assistente de produção, a seguir como produtora de estúdio até ao
ano 2000, e aí o Sr. António Parente (grande Líder) lançou-me o
desafio de produzir pela primeira vez "O Bairro da Fonte", ou seja
deixei de ser a chefe de estúdio e passei a produtora. As
recordações são boas, apesar de quando me propuseram como
produtora me ter sentido insegura de poder não ser tão boa produtora como era
chefe de estúdio, daí restam as alegrias de ter sempre cumprido os
orçamentos, e ter produzido projetos de grande audiência. Deixa-me feliz
não ter deixado mal, quem em mim acreditou.
M.L: A Plural existe, desde 1992. Como vê o percurso
que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
R.G: Vejo que a ficção
nacional veio a crescer de uma forma positiva e que o telespectador já
é bastante exigente.
M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual (Cinema e
Televisão) em Portugal?
R.G: Dias negros, porque
infelizmente o Governo deste país não aposta na Cultura e também porque
nunca entendi os critérios de distribuição dos dinheiros para a mesma.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira no audiovisual?
R.G: Neste momento, não
gostaria de me pronunciar, pois é complicado e não quero iludir ninguém...
É esperar por dias melhores…
M.L: Que balanço faz do percurso que desenvolveu como
produtora?
R.G: Muito positivo e rico,
não em euros. Tranquilidade pessoal e consciência tranquila por ter
sido leal à minha própria exigência de bons resultados. Após me ter
demitido a administração reuniu comigo e solicitou-me que produzisse a
Novela que tinham no momento que foi "A Outra" e assinaríamos o
contrato de rescisão, eu aceitei e deixa-me orgulhosa por ter
produzido essa Novela como se fosse a primeira.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
R.G: Sei lá, dar a volta
ao Mundo, saltar de para-quedas, ser rainha de uma marcha popular, pisar um
palco de revista, porque também tenho as minhas experiências como pequena
atriz. E ganhar um concurso de dança de salão...
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
R.G: Nada. Estou feliz por existir!ML
Que gostoso de ler, de alguém que conheci nas voltas da vida e de uma forma muito simples a considero como Amiga.Ficou a faltar uma coisa que ainda nao fez, mas irá fazer talvez um dia destes.Beijinho muito GRANDE. Helder Vieira
ResponderEliminarOLá Rosinha
ResponderEliminarAo er esta entrevista, veio-me um sorriso grande de recordações de bons tempos em que o trablaho não assustava e que se fazia com toda a paixão.
Muitas felicidades para o que vem para a frente.
Beijocas
ACHO QUE A TUA VIDA TEN-TE SORRIDO SORTE AMOR E PAIXÃO , TU ÉS UM EXEMPLO DA FORÇA DE VONTADE PERSISTENCIA E INTELIGENCIA ACIMA DE TUDO ´, MUITOS SÃO OS QUE QUEREM MAS SÓ ALGUNS CONSEGUEM TRIUNFAR E TU ÉS UM BELO EXEMPLO DO SOSSEÇO DE QUEM QUER E MERECE
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