M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
R.D: Surgiu quando tinha
11 anos. Vivia em França e estava com a minha mãe a ver um filme do Tarzan na
televisão, quando perguntei à minha mãe, porque é que o Tarzan andava descalço
e não tinha os pés sujos. Ela não me soube responder e aí devo ter decidido que
era esse o caminho que eu queria seguir para a minha vida, porque comecei a
estar mais atento a tudo que via na televisão. Depois anos mais tarde, para
pagar os Estudos, eu fazia pequenos trabalhos, e um dia acompanhei um colega
que costumava assistir a um programa de televisão. No intervalo da gravação
desse programa, uma pessoa da Produção veio falar comigo dizendo que um dos
assistentes de câmara tinha-se sentido mal e se eu poderia substitui-lo. Explicaram-me
o que devia fazer e aquilo correu bem, porque no final do programa vieram
convidar-me para continuar e assim tive a minha 1ª experiência no mundo da
Televisão.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
R.D: O norte-americano
Stephen Mirrione e o francês Jacques Witta. São 2 Editores premiados com os
prémios mais importantes do Cinema e já trabalhei com ambos.
M.L: Trabalha, essencialmente, no Cinema e na
Televisão. Qual destes géneros que mais gosta de trabalhar?
R.D: Gosto de ambas essas
áreas, sou um apaixonado pelo que faço. Também faço muita Publicidade,
Documentários e, por vezes, videoclips
musicais. Cada uma destas áreas requer diferentes tipos de linguagem de Edição
como é evidente.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o
seu percurso como editor?
R.D: Foram vários, não
consigo destacar nenhum, pois o trabalho que estou a fazer no momento é sempre
o mais importante. Mas talvez então destaque um Filme que vai estrear em
Fevereiro e que foi gravado entre Berlim e Londres.
M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual (Cinema e
Televisão) em Portugal?
R.D: O país está em crise
e esta área não é exceção. Continuo a ver jovens saídos das Escolas técnicas mal
preparados para a vida profissional, com os caminhos muito fechados, pois o
Mercado Audiovisual é pequeno e não tem capacidade para acolher tanta gente.
M.L: Recentemente, concedeu uma entrevista à revista
“Notícias TV” que sai às sextas-feiras com o Jornal de Notícias e com o Diário
de Notícias. Sendo uma pessoa que trabalha nos bastidores, como é que se sentiu
ao ser entrevistado por aquela que é, possivelmente, a mais importante revista
dedicada à indústria televisiva em Portugal?
R.D: Senti-me honrado com
o convite, pois de facto a "Notícias TV" é uma Revista à parte. Uma
semana antes, outra Publicação procurou-me interessada em ter um Depoimento
meu, mas quando surgiu esse convite da parte do Nuno Azinheira (Diretor da
Revista “Notícias TV”) não pensei 2 vezes.
M.L: Como é que é a sua rotina, quando trabalha na edição
de um projeto audiovisual (seja no Cinema ou na Televisão)?
R.D: A 1ª coisa a fazer é chegar cedo e ser
pontual. Pois muitas vezes temos de trabalhar com realizadores, jornalistas, e
guionistas e não devemos fazer esperar ninguém. Nós podemos trabalhar sem eles,
pois somos nós que operamos a máquina, mas sem nós eles não podem começar a
trabalhar.
A 2ª coisa é ler o Guião do filme ou o
Alinhamento do programa, antes de começar a trabalhar, e depois então sim mãos
à obra.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do audiovisual?
R.D: O meu conselho é que procurem
outro país para trabalhar, não interessa qual. Este país está a viver uma crise
enorme e nas minhas Estadias em Trabalho lá fora não vejo crise nenhuma no
Mercado Audiovisual.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como editor?
R.D: É um percurso bonito
com algumas coisas giras que já fiz. Mas também me dá um prazer enorme ver
pessoas sugeridas por mim a trabalhar nalgumas Produtoras e que estão a dar
Cartas. Tenho aí alguns afilhados espalhados por aí entre Portugal e França.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.D: Um novo filme que vai
ser gravado nos Estúdios Babelsberg em Potsdam, Berlim.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
R.D: É precisamente aquilo
que irei fazer em Junho, mas ainda não posso revelar. É Top Secret ainda, a seu tempo revelarei.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
R.D: Gostava que aquilo
que eu ando a fazer lá fora tivesse mais visibilidade neste país.ML
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