M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.C.M: Acho que foi por
volta dos 8 anos, quando eu quis fazer um teste para o programa de TV “Sítio do
Picapau Amarelo” (TV Globo), mas a minha mãe não deixou. E, aos 14, 15 anos, bati
o pé e entrei para um curso de teatro.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.C.M: Cada personagem
pede uma coisa. Às vezes inspiro-me em pessoas que conheço, às vezes em alguém
que vi na rua, mas a partir de um determinado ponto da criação, na própria personagem,
mesmo.
M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava
de, um dia, trabalhar em cinema?
M.C.M: Sim!
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
M.C.M: Nunca sei responder
a essa pergunta. Cada trabalho tem a sua peculiaridade, e a gente guarda um
carinho especial por cada personagem. Acho que a Paulina de “Xica da Silva” (TV
Manchete) foi um momento importante na minha carreira, porque foi a primeira personagem
“de verdade” que fiz numa novela. Foi a minha primeira vez com textos grandes para
decorar, muitas cenas por dia para gravar… E tem a Isaura que foi a minha
estreia na (TV) Globo e uma personagem mais que deliciosa de fazer. Mas não
posso deixar para trás a Leninha (“Escrito nas Estrelas” (TV Globo), a Regina
(“Amor Eterno Amor” (TV Globo), a Simone (“Começar de Novo” (TV Globo)…
M.L: Entre 2002 e 2003, participou na telenovela “O
Beijo do Vampiro” que foi exibida na TV Globo, na qual interpretou a personagem
Isaura. Que recordações guarda desse trabalho?
M.C.M: As melhores
possíveis! A personagem começou pequenininha, eu fui me divertindo, os autores
foram gostando e acabei virando vampira! Tive muita sorte com os guionistas que
escreveram para mim, escritores atentos, parceiros. Isso é muito importante
quando a gente está na frente das câmaras.
M.L: Além da representação, também é escritora. Em
qual destas funções em que se sente melhor?
M.C.M: Na que eu estiver desempenhando no momento. Eu amo estar num set de gravação e amo estar atrás da
tela do computador inventando histórias. Cada vez que estou numa dessas
posições, penso: é isso! Mas hoje em dia vejo-me mais como escritora do que atriz.
Escrevendo interpreto muito mais personagens de uma vez só. Sempre digo, sou
gulosa.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual
(Cinema e Televisão) no Brasil?
M.C.M: Acho que a TV está
buscando caminhos novos, venho fazendo parte disso, escrevendo para TV por
cabo, criando programas diferentes, séries, formatos novos. No caso do Cinema,
acho que ainda vivemos uma divisão muito grande entre o que é entretenimento e
o que é autoral. Particularmente, acho essa divisão ruim. Para mim o que
importa é a qualidade. Pode ser ótimo entretenimento e péssimo autoral e vice-versa.
E acho que deve ter espaço pra tudo. Sou a favor de entretenimento de grande
qualidade. (Fiodor) Dostoievski é isso. Victor Hugo é isso. (Honoré de) Balzac é isso. E
todos eles são extremamente autorais.
M.L: Recentemente, estreou-se na literatura com “O Céu
Pode Esperar Mais um Pouquinho”. Como é que surgiu a ideia de escrever este
livro?
M.C.M: Primeiro veio-me a
imagem do protagonista na situação em que ele apresenta-se na primeira frase do
livro: “Hoje eu levei um tiro”. Daí para frente deixei-o falar. E ele foi
falando, falando…
M.L: Como tem sido a reação do público a este livro
até agora?
M.C.M: Bem legal. Tive uma resenha bem positiva no jornal O Globo, o livro foi para
segunda edição, foi indicado ao Prémio Açorianos de Literatura, na categoria
Romance… acho que estamos indo bem.
M.L: “O Céu Pode Esperar Mais um Pouquinho” tem uma
ligação muito forte com a cultura pop.
Como vê, hoje em dia, essa cultura pop,
tendo em conta que pertence a uma geração que cresceu com ela, nomeadamente nos
anos 80?
M.C.M: Não pensei em fazer
um livro de pegada pop nem imaginei
isso como uma bandeira. O protagonista é carregado dessas referências, é como
ele atravessa o Mundo e é atravessado por ele. Só isso. Não sei se paro muito para
pensar nessas coisas. Nem quando estava vivendo a minha juventude nos
fosforescentes anos 80.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
M.C.M: Não entre! Hahaha. Não
sei. Não sou boa de conselhos, acho as escolhas sempre muito pessoais. O que
acho realmente importante é entender onde você está pisando, para ter a
oportunidade de construir uma carreira mais prazerosa e próxima do desejo. Também
acho fundamental ir fazendo balanços de vez em quando, estar sempre testando os
próprios caminhos e tentando ser mais dono deles, para não se flagrar em algum
momento achando que é mais refém do que condutor das próprias escolhas.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
M.C.M: Acho que fiz coisas
legais, realizei uma parte do meu sonho, mas como a vida não pára - até à hora
que acaba -, o caminho está sempre aberto para novas experiências e
oportunidades.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.C.M: Faço parte da
equipa de guionistas do programa “Tapas & Beijos”, na TV Globo, que fica no
ar até meados de 2015. E estou finalizando um segundo romance, espero que para o
ano que vem.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.C.M: Cantar. Acho lindo quem
sobe num palco e canta para uma multidão de pessoas.ML
Fotografia: Eduardo Alonso
Sem comentários:
Enviar um comentário