M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.F: O interesse pela representação surgiu desde muito cedo. Tive
a sorte de ter uns pais que sempre me incentivaram a expressar-me artisticamente,
e ainda muito pequena, foram-me dando a oportunidade de experimentar diversas
formas artísticas, da Música à Dança, para que pudesse ter critérios para fazer
as minhas escolhas.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.F: Eu fui sempre muito observadora. Gosto de absorver tudo o
que seja bonito e me inspire. Por vezes, basta uma expressão de alguém com quem
me cruzo, ou uma determinada entoação de uma frase musical, para me inspirar.
Adoro apreciar o trabalho dos outros, e sinto que aprendo muitíssimo com a
"arte" dos outros. Os meus alunos, por exemplo, são uma inesgotável
fonte de inspiração. As minhas influências vão desde os grandes musicais, ao
cinema dos anos 50, passando pelos grandes clássicos da dramaturgia. Gosto de
bons textos, e essa é a minha principal influência.
M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava
de trabalhar mais em cinema?
M.F: Sim, gostava de trabalhar mais em cinema, mas as coisas vêm
todas a seu tempo.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
M.F: Todos os trabalhos me marcam sempre. Ou pela personagem, ou
pelo percurso da personagem, ou pelas pessoas com que me vou cruzando, ou pela
aprendizagem que vou fazendo. Felizmente, no meu trabalho não me posso desconectar
de mim própria nem das minhas emoções, e isso é um privilégio, porque me permite
crescer muito enquanto Ser Humano. Obviamente que o projeto
"Chiquititas" acabou por ser marcante, porque me deu a oportunidade de
dar a conhecer o meu trabalho, abriu-me uma série de portas, e fez-me ver que tenho
uma capacidade de trabalho enorme.
M.L: Entre 2012 e 2013, participou na telenovela
“Louco Amor” que foi exibida na TVI, na qual interpretou a personagem Joana
Morais. Que recordações guarda desse trabalho?
M.F: A novela “Louco Amor” foi o meu primeiro trabalho para a
TVI. Durante anos achei que essa porta estaria fechada, e afinal, não. Foi um passo
em frente. Sou freelancer e o meu
objetivo é conseguir trabalhar para qualquer produtora e para qualquer estação
televisiva. Foi um projeto especial, porque tive a oportunidade de cantar em
televisão, desta vez num registo adulto.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
M.F: A Cultura, no geral, está a passar por uma fase difícil, que
é o reflexo do estado económico do país. Há falta de investimento financeiro, o
que não significa que não haja investimento intelectual. As coisas continuam a
fazer-se, mas com maiores riscos. Por outro lado, e da experiência que tenho
tido durante a digressão do meu espetáculo "E Porque Não Emigras?", que
já dura há 8 meses, o público tem muito desejo de ver coisas. O público está
muito motivado e recetivo a novas experiências. As pessoas saem de casa para
ver e ouvir temas que lhe interessam. Estamos a viver uma fase de muitas
mudanças, e são todas para melhor.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua
carreira nos últimos anos?
M.F: Eu sinto-me muito grata por todas as manifestações de
carinho que tenho recebido nestes anos. Fico muito feliz por saber que há
algumas pessoas que têm acompanhado o meu percurso profissional, e dão-me muita
energia para continuar. Eu trabalho para o público. São eles que têm de
beneficiar do meu empenho e dedicação.
M.L: Além da representação, também é encenadora,
cantora e professora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
M.F: Eu comecei o meu percurso como atriz mas, com os anos, e
como consequência da minha formação, outros desafios foram surgindo. Uma vez
que sou licenciada em Teatro, é normal que me fossem sendo feitas propostas
para dar formação. O canto é uma paixão de sempre, e a encenação foi
acontecendo por acidente. Desfruto de todas as experiências, e aprendo
muitíssimo.
M.L: Atualmente, participa na peça “E Porque Não
Emigras?” que é produzida pela produtora Produções Fora de Cena, na qual é co-fundadora,
e está em digressão. Como tem sido a reação do público a esta peça até agora?
M.F: A reação do público a este espetáculo tem sido
super-positiva. As pessoas gostam e participam. Trata-se de um espetáculo de comédia,
com muita música. Tem um quadro de homenagem aos grandes nomes do Fado, com o
qual o público se identifica e com o qual se delicia. Nunca tinha viajado
durante tanto tempo com um espetáculo, e está a ser uma experiência
inesquecível. Para isso também tem contribuído o facto de estar a trabalhar com
pessoas de quem gosto muito, e que investiram tempo e energia para construirmos
isto juntos. É um espetáculo despretensioso, mas com muita qualidade, e é
bonito.
M.L: Trabalhou com Teresa Guilherme nas telenovelas
“Floribella” (SIC) e “Chiquititas” (SIC) e na série “Aqui Não Há Quem Viva”
(SIC). Como vê o percurso que ela tem feito até agora?
M.F: A Teresa Guilherme é uma amiga e uma grande profissional.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
M.F: O meu conselho é sempre o mesmo, estudarem. O talento é
fundamental, mas a formação traz-nos as ferramentas e os conhecimentos para
podermos ir mais além. É durante a experiência de formação que se abrem horizontes
para novos gostos, novos interesses e novas inspirações. É, também, na escola
que se conhecem pessoas com as mesmas direções artísticas, com gostos
semelhantes, mas é também aí que se aprende a aceitar as diferenças, e se entra
em contacto com a subjetividade da profissão.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
M.F: A minha preocupação tem sido sempre encarar todos os
trabalhos com o máximo de profissionalismo. Concentro-me e dedico-me a cada
projeto de corpo e alma, e tento nunca desrespeitar os meus valores e os meus princípios
humanos e artísticos. Tenho a minha linguagem, e procuro pôr o meu cunho em
tudo o que faço, seja um protagonismo ou uma personagem pequeníssima.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.F: Neste momento estou muito dedicada ao teatro, mas sempre a
cultivar projetos futuros.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.F: Eu não faço projetos a longo prazo. Desde que sou mãe, que
aprendi a viver um dia de cada vez, e trabalho diariamente na procura do meu
bem-estar e das pessoas de quem gosto. Quero saúde para todos, e muita paz e
tranquilidade. O trabalho vai sempre haver porque, se não vier ter comigo, eu
vou à procura dele.ML
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