domingo, 1 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Rita Alagão

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Rita Alagão. Desde muito cedo que se interessou pela representação, mas sempre contrariou esse interesse até que aos 12 anos viu a peça "A Castro" no Teatro da Comuna da qual ficou completamente fascinada e a partir daí sentiu que podia estar ali o resto da sua vida e desde aí desenvolveu um percurso como atriz (onde passou pelo teatro, pelo cinema e pela televisão da qual entrou em produções como "Desencontros" (RTP), "Filhos do Vento" (RTP), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Queridas Feras" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI) e "Rebelde Way" (SIC), encenadora, diretora de atores e professora para além de ser também uma das sócias da loja de decoração "Chama-me Rústico" situada em Lisboa e recentemente foi diretora de atores da série infanto-juvenil "Portal do Tempo" que é baseada na coleção literária escrita por Vera Sacramento e Sara Rodi e que vai estrear brevemente na TVI. Esta entrevista foi feita por via email em Setembro passado.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
R.A: Sempre existiu, no entanto, sempre o contrariei. Quando vi "A Castro" no Teatro da Comuna (devia ter cerca de 12 anos) fiquei completamente fascinada e senti que podia estar ali o "resto da minha vida". A Luzia Paramés, a Ana Zanatti e a Lia Gama foram as atrizes "responsáveis” pelo meu interesse pela interpretação. Posso juntar a estas três, a Paula Mora. Queria SER, não só ver!

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de trabalhar mais nesse género?
R.A: Sim, com certeza. As oportunidades ainda não surgiram.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Gosto de personagens que impliquem uma pesquisa efetiva pelas características que as distinguem das demais. Adorei fazer uma cigana, gosto de personagens com patologias e de personagens de época.

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
R.A: Gosto muito de fazer novelas como outros géneros televisivos.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
R.A: Com muita organização pessoal e uma agenda cuidada do tempo disponivel.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “O Olhar da Serpente” (SIC), onde interpretou a personagem Leontina. Que recordações leva desse trabalho?
R.A: Bastante boas. Tive muita pena que o projeto não tivesse a visibilidade que (penso) merecia.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Uma cena dos "Ballet Rose" (RTP). Uma festa em Cascais, onde se juntavam mulheres e crianças. Sendo um documento vivo de um passado muito recente e verdadeiro senti-me muito incomodada e emocionada com tudo o que algumas mulheres passaram.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
R.A: Bastante bem. Tenho muita pena que a RTP não tenha mais ficção.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
R.A: Sem duvida nenhuma. Hoje teria feito por isso se iniciasse. Passo a vida a dizer isso aos meus alunos. Cada vez mais vivemos num mundo sem fronteiras, os atores também se devem adaptar a essa realidade.

M.L: Além da representação também é professora e é uma das sócias da loja de decoração “Chama-me Rústico” situada em Lisboa. Como é que surgiu estas duas vertentes?
R.A: Sou Professora há mais tempo do que sou atriz. Estudei piano e dança, durante muitos anos e aos 16 anos comecei a dar aulas de piano para ir ao sábado à noite ao "Maria Bolachas" e pôr gasolina na mota. Seguiram-se as aulas de Dança, coreografias para classes de ginástica de competição, Jardins de Infância. A seguir a ter acabado o Conservatório começaram as aulas no ensino superior e mais tarde tirei o CAP para ser formadora. Os workshops de Interpretação para Televisão, de casting, a formação de atores e as aulas particulares sempre foram uma constante na minha vida. Adoro formar, sinto-me muito realizada em partilhar conhecimentos. Não existem verdades absolutas, mas acredito no esforço, no empenho, na dedicação e na seriedade das relações da aprendizagem. Criar método é fundamental.

M.L: Qual foi a personalidade da representação que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Tenho referências de atrizes. Marcaram-me várias. Nacionais pela evidência do que expliquei, destaco essas. Internacionais: Meryl Streep, Susan Sarandon, Sandra Bullock, Betty Davis e Judy Garland.

M.L: Fez recentemente 44 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
R.A: Muitíssimo bem. Orgulho-me de cada momento de felicidade e frustração que tenha tido. Essa sou eu. O somatório de tudo.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
R.A: Teatro, Televisão, Direção de Atores, Dobradora, Publicidade, Formadora, Professora do Ensino Superior. Penso que tenho as bases para ainda criar muito mais! É o que espero!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.A: Tenho dois, mas por princípio nunca falo de nada que não tenha a certeza que se vai concretizar. Em Outubro inicio os workshops para adultos e crianças de Técnicas de Interpretação para Televisão, inicio as aulas de piano, o coaching com atores e figuras publicas. Faço workshops alargados e intensivos para todo o continente e ilhas. Informações em r_alagao@sapo.pt!

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.A: Morar um ano em Barcelona. Trabalhar lá e fazer alguma formação!

M.L: Se não fosse a Rita Alagão, qual era a atriz que gostava de ter sido?
R.A: Nenhuma, gosto muito de ser quem sou.ML

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