M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
B.J: Desde criança que sempre tive um fascínio pela
televisão, mas nunca imaginei que viesse a trabalhar na área. O meu percurso
passou pela licenciatura em Relações Internacionais e só depois de ter
trabalhado na Unidade de Espetáculos da Expo’98 e nas Festas de Lisboa de 1999,
é que surgiu um convite para integrar a equipa de produção da série “Capitão
Roby” (SIC). Como nunca tinha trabalhado em televisão e tinha muita
curiosidade, aceitei de imediato.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
B.J: São muitas as pessoas
que me influenciaram na área da produção, mas no que respeita à ficção
nacional, não posso deixar de referir nomes como o do Raúl Soares, Rosana
Rasera, Pedro Miranda e Bruno Oliveira, bem como dos realizadores Manuel Amaro
da Costa, Patrícia Sequeira, Sérgio Graciano e Jorge Cardoso.
M.L: Trabalha, essencialmente, na televisão. Gostava
de, um dia, trabalhar numa produção cinematográfica?
B.J: Fiz uma
média-metragem com o Sérgio Graciano, o Tiago Marques e o Joaquim Horta,
intitulada “Ivanov Shortcut” e o processo foi muito interessante. Para além de
ser um grande consumidor de cinema, tenho uma avidez enorme de conhecimento,
daí que isso também passe por uma experiência numa produção cinematográfica
maior.
M.L: Na televisão, trabalhou na NBP (atual Plural), e,
atualmente, trabalha na SP Televisão, onde exerce a função de diretor-geral.
Que balanço faz do tempo em que está na produtora?
B.J: O balanço é muito
positivo. A SP Televisão é uma produtora que respeita muito os seus
colaboradores e motiva-nos todos os dias. Esta relação de confiança que existe
há sete anos é um desafio contínuo que nos obriga a querer fazer melhor e a
tornarmo-nos melhores profissionais. Atualmente, os projetos da SP Televisão
são sinónimo de qualidade e inovação, porque somos uma produtora independente e
temos de ser mais criativos e produzir melhor. Como costumamos dizer na SP
Televisão, “o sucesso faz-se com as pessoas certas”.
M.L: A SP Televisão é presidida pelo António Parente
que faz parte do grupo que criou a indústria da ficção nacional e com quem já
tinha trabalhado na NBP. Na sua opinião, qual é o legado que o próprio deixa na
ficção televisiva portuguesa (tendo em conta que ele é cofundador das duas
produtoras)?
B.J: O grande legado que o
António Parente deixa na ficção televisiva portuguesa é exatamente o da criação
de uma indústria de ficção. Ele é um visionário e o responsável pelo desenvolvimento
da produção de ficção nacional. Atualmente, os atores têm um mercado televisivo
muito maior do que aquele que existia nos anos 80 e o número de profissionais
que trabalham nesta área é muito considerável. Eu próprio sou um “filho” desta
mudança de paradigma. Por outro lado, é inegável que o aumento da qualidade da
ficção televisiva também se deve à perseverança do António Parente e ao seu
saudável desassossego, que acredito que nos levará ainda mais longe.
M.L: A SP Televisão existe, desde 2007. Como vê o
percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
B.J: A SP Televisão tem
feito um percurso admirável e em sete anos de atividade foram produzidas 16
séries e 8 novelas. Inclusive, alguns dos nossos projetos foram vendidos para o
mercado internacional e conquistaram prémios, sendo de destacar o Emmy Internacional ganho pela
novela “Laços de Sangue” (SIC). Neste momento, mantemos uma parceria de
trabalho com a RTP e a SIC, começámos a produzir para os canais por cabo e em
breve vamos estar a produzir entretenimento. Tudo isto é resultado de um grande
investimento da SP Televisão e do know-how dos nossos
profissionais.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como produtor?
B.J: A novela “Perfeito
Coração” (SIC) deixa muitas saudades e as séries “Cidade Despida” (RTP) e
“Bem-Vindos a Beirais” (RTP) são projetos dos quais me orgulho muito.
M.L: Foi produtor da telenovela “Podia Acabar o Mundo”
que foi exibida na SIC entre 2008 e 2009, da qual foi a primeira produção da SP
Televisão para o canal. Que recordações guarda desse trabalho?
B.J: Nesta novela, a maior
recordação é a do ambiente de trabalho que tínhamos. A equipa e o elenco eram
maravilhosos e estávamos todos conscientes que tínhamos de fazer uma excelente
novela para conquistar um novo horário de ficção nacional.
M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual em Portugal?
B.J: Atualmente, o setor
audiovisual está num patamar de qualidade muito maior e cada vez mais competitivo
internacionalmente. Produz-se mais e melhor em Portugal, devido à inovação
tecnológica e à profissionalização dos recursos humanos. Temos talento
nacional.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
B.J: Nunca pensei nisso.
Na minha vida, as coisas foram sempre acontecendo umas atrás das outras e nunca
tive tempo para pensar numa carreira internacional. E acho que o meu processo
de aprendizagem e de realização pessoal ainda não se esgotou em Portugal, muito
pelo contrário.
M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do audiovisual?
B.J: O conselho que posso
dar é que é necessário ter vocação, formação, exigência e brio profissional,
abertura para levar a cabo uma aprendizagem contínua e procurar trabalhar com
os melhores profissionais da área.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como produtor?
B.J: O facto de ter
começado como assistente de produção e depois ter desempenhado as funções de
produtor de elenco, produtor de locais, produtor de exteriores, planificação,
chefe de produção e diretor de produção deu-me um conhecimento vasto sobre esta
área. Toda esta base aliada à diplomacia da minha formação universitária e à
dedicação no trabalho, moldou seguramente a minha forma de estar no meio
empresarial. Até ao momento, acho que tenho tido muita sorte no meu percurso,
graças às empresas onde trabalhei e aos profissionais com quem me cruzei e que
apostaram em mim.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
B.J: Neste momento, começámos
a gravar a nova novela da SIC, “Mar Salgado”, e estamos a preparar a segunda
temporada da novela da RTP, “Os Nossos Dias”.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda?
B.J: Profissionalmente, gostava
de ajudar a internacionalizar a SP Televisão, torná-la numa empresa ainda maior
e encetar mais projetos diferenciadores e novos formatos. No meio disto tudo,
gostava de fazer uma viagem pela Austrália.
M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da
sua vida?
B.J: Gostava que o tempo
dilatasse para o dobro, para poder fazer ainda mais coisas.ML
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