domingo, 13 de julho de 2014

Mário Lisboa entrevista... Joana Santos

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Joana Santos. Estreou-se na representação em 2006 ao participar na telenovela "Fala-me de Amor" (TVI), mas notabilizou-se em 2010 ao protagonizar, juntamente com Diana Chaves e Diogo Morgado, a telenovela "Laços de Sangue" (SIC) que ganhou o Emmy Internacional na categoria de Telenovela em 2011, e a partir daí tornou-se numa das atrizes mais promissoras da sua geração, com um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde também entrou em produções como "Ilha dos Amores" (TVI), "Rebelde Way" (SIC), "Um Lugar para Viver" (RTP) e "Dancin' Days" (SIC). Recentemente, participou na peça "A Noite" de José Saramago e produzida pela Yellow Star Company, e, atualmente, participa na telenovela "Mar Salgado" que vai estrear brevemente na SIC e é a 3ª coprodução entre o canal e a TV Globo (depois de "Laços de Sangue" e "Dancin' Days"). Esta entrevista foi feita no passado dia 17 de Maio no Teatro Rivoli no Porto.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
J.S: Não foi uma coisa que surgiu, quando era muito pequena, surgiu realmente, quando fiz uma novela para a TVI (“Fala-me de Amor” (2006), eu tinha 19 anos. Foi aí que eu comecei a ver que gostava de representar, de fazer aquilo que faço hoje em dia, porque acho que sou um bocadinho impulsiva na minha vida, na representação, sou muito emocional e eu acho que foi uma forma inconsciente de começar na representação.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
J.S: Eu gosto muito da Cate Blanchett, porque é camaleónica, gosto mesmo de atores que sejam camaleónicos, que se entregam completamente às personagens de tal forma que deixam de ser eles próprios e passam a ter outra identidade, e conseguimos separar o ator da personagem e naquele momento estamos a ver as personagens. E também gosto do Daniel Day-Lewis, porque de todas as personagens que ele faz entrega-se de tal maneira que deixa de ser ele próprio e cada personagem é completamente diferente uns dos outros. São duas referências que tenho.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
J.S: É diferente. No teatro, todos os dias são diferentes, apesar de ser sempre o mesmo texto, a energia do público é diferente, portanto o espetáculo vai ocorrer de maneira diferente, as energias de cada ator são diferentes, portanto todos os dias é uma experiência nova e é isso que enriquece o teatro. Na televisão, é a rapidez com que se gere as emoções, mas também é uma escola. Eu gostava de fazer mais cinema, mas em Portugal é um bocado difícil. Mas não consigo dizer o que é que eu gosto mais.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
J.S: “Laços de Sangue” (SIC).

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
J.S: Há cada vez mais ficção nacional e, hoje em dia, há muita concorrência e acho que isso é muito bom e isso faz com que as pessoas podem optar mais o que querem ver, há mais escolha, e no que diz respeito aos atores e aos técnicos há muito mais trabalho, e acho que na ficção começa-se cada vez mais a fazer produtos melhores, acho que há um controlo maior sobre a qualidade.

Em relação ao teatro, acho que temos muitos bons grupos de teatro em Portugal, eu tenho uma referência que é a Mala Voadora em termos de encenação, de cenografia, são muito bons naquilo que fazem, e acho que temos grandes grupos de teatro, temos muito bons atores, temos tido peças cada vez melhores, acho que tanto de um lado como do outro têm muita força.

M.L: Em 2016, celebra 10 anos de carreira, desde que se estreou como atriz com a telenovela “Fala-me de Amor” da TVI em 2006. Que balanço faz destes 10 anos?
J.S: Faço um bonito balanço, porque não comecei logo no topo, fui subindo uma escada de cada vez. “Laços de Sangue” foi, de facto, a novela que me trouxe cá para cima e olhando para trás acho que fiz as coisas bem feitas, não me deixei deslumbrar, porque é fácil deixamo-nos deslumbrar por este mundo e temos que saber ter os pés bem assentes na terra. Eu sou uma pessoa muito simples e humilde, ainda tenho um longo caminho para percorrer, mas acho que, até agora, tem corrido bem.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira nos últimos anos?
J.S: Tem sido muito bom. Todo o feedback que tenho do público, tenho recebido bastantes elogios. Recentemente, recebi um grande elogio de uma senhora que veio ter comigo e disse-me que já gostava de me ver na televisão, mas que ainda gostava mais de me ver no teatro, isso foi espetacular. E sou muito acarinhada pelas pessoas na rua, mesmo quando interpretei uma vilã, as pessoas gostaram do papel e sabem distinguir a ficção da realidade.

M.L: Na altura em que estava a gravar “Laços de Sangue”, foi entrevistada por Aguinaldo Silva (na altura o supervisor de texto da telenovela) para o blogue do próprio (http://asdigital.tv.br/portal/?page_id=1354). Como é que se sentiu ao ser entrevistada por um dos mais conceituados autores de telenovelas no Brasil?
J.S: Primeiro foi os elogios que ele me deu e senti-me lisonjeada de ele ter reconhecido o meu trabalho e de querer trabalhar comigo…

M.L: Qual o conselho que daria, nesta altura, a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
J.S: Que tenha calma, que não queira tudo de uma só vez e que estude.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
J.S: Viajar mais.ML

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