M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
J.S: Não foi uma coisa que
surgiu, quando era muito pequena, surgiu realmente, quando fiz uma novela para
a TVI (“Fala-me de Amor” (2006), eu tinha 19 anos. Foi aí que eu comecei a ver
que gostava de representar, de fazer aquilo que faço hoje em dia, porque acho
que sou um bocadinho impulsiva na minha vida, na representação, sou muito
emocional e eu acho que foi uma forma inconsciente de começar na representação.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
J.S: Eu gosto muito da
Cate Blanchett, porque é camaleónica, gosto mesmo de atores que sejam
camaleónicos, que se entregam completamente às personagens de tal forma que
deixam de ser eles próprios e passam a ter outra identidade, e conseguimos
separar o ator da personagem e naquele momento estamos a ver as personagens. E
também gosto do Daniel Day-Lewis, porque de todas as personagens que ele faz
entrega-se de tal maneira que deixa de ser ele próprio e cada personagem é
completamente diferente uns dos outros. São duas referências que tenho.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
J.S: É diferente. No
teatro, todos os dias são diferentes, apesar de ser sempre o mesmo texto, a
energia do público é diferente, portanto o espetáculo vai ocorrer de maneira
diferente, as energias de cada ator são diferentes, portanto todos os dias é
uma experiência nova e é isso que enriquece o teatro. Na televisão, é a rapidez
com que se gere as emoções, mas também é uma escola. Eu gostava de fazer mais
cinema, mas em Portugal é um bocado difícil. Mas não consigo dizer o que é que
eu gosto mais.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o
seu percurso como atriz?
J.S: “Laços de Sangue”
(SIC).
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
J.S: Há cada vez mais
ficção nacional e, hoje em dia, há muita concorrência e acho que isso é muito bom
e isso faz com que as pessoas podem optar mais o que querem ver, há mais escolha,
e no que diz respeito aos atores e aos técnicos há muito mais trabalho, e acho
que na ficção começa-se cada vez mais a fazer produtos melhores, acho que há um
controlo maior sobre a qualidade.
Em relação ao teatro, acho
que temos muitos bons grupos de teatro em Portugal, eu tenho uma referência que
é a Mala Voadora em termos de encenação, de cenografia, são muito bons naquilo
que fazem, e acho que temos grandes grupos de teatro, temos muito bons atores,
temos tido peças cada vez melhores, acho que tanto de um lado como do outro têm
muita força.
M.L: Em 2016, celebra 10 anos de carreira, desde que
se estreou como atriz com a telenovela “Fala-me de Amor” da TVI em 2006. Que
balanço faz destes 10 anos?
J.S: Faço um bonito
balanço, porque não comecei logo no topo, fui subindo uma escada de cada vez.
“Laços de Sangue” foi, de facto, a novela que me trouxe cá para cima e olhando para
trás acho que fiz as coisas bem feitas, não me deixei deslumbrar, porque é
fácil deixamo-nos deslumbrar por este mundo e temos que saber ter os pés bem
assentes na terra. Eu sou uma pessoa muito simples e humilde, ainda tenho um
longo caminho para percorrer, mas acho que, até agora, tem corrido bem.
M.L: Como lida com o público que acompanha a sua
carreira nos últimos anos?
J.S: Tem sido muito bom.
Todo o feedback que tenho do público,
tenho recebido bastantes elogios. Recentemente, recebi um grande elogio de uma
senhora que veio ter comigo e disse-me que já gostava de me ver na televisão,
mas que ainda gostava mais de me ver no teatro, isso foi espetacular. E sou
muito acarinhada pelas pessoas na rua, mesmo quando interpretei uma vilã, as
pessoas gostaram do papel e sabem distinguir a ficção da realidade.
M.L: Na altura em que estava a gravar “Laços de
Sangue”, foi entrevistada por Aguinaldo Silva (na altura o supervisor de texto da telenovela) para o blogue do
próprio (http://asdigital.tv.br/portal/?page_id=1354). Como é que se sentiu ao ser entrevistada por um dos mais conceituados
autores de telenovelas no Brasil?
J.S: Primeiro foi os
elogios que ele me deu e senti-me lisonjeada de ele ter reconhecido o meu
trabalho e de querer trabalhar comigo…
M.L: Qual o conselho que daria, nesta altura, a alguém
que queira ingressar numa carreira na representação?
J.S: Que tenha calma, que
não queira tudo de uma só vez e que estude.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
J.S: Viajar mais.ML
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