M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.M: Desde os
meus seis anos. Os intervalos no recreio da escola eram passados a recriar
cenas de séries e filmes que adorava e onde interpretava sempre os meus ídolos.
Era o “Michael Knight” (David Hasselhoff) sentado num KITT que era nada mais
que um banco de pedra ao pé de uma árvore, onde me sentava com um dos meus
amigos por baixo a fazer a voz do carro. Combatia o crime como “Tenente Torello”
(interpretado por um dos meus heróis, Dennis Farina que faleceu no ano passado)
na “Crónica do Crime” (“Crime Story”, (1986/1988) e tive a oportunidade de lhe
contar por escrito esta historia há uns anos atrás e ele escreveu-me de volta
dando o maior apoio à minha carreira. Também recriávamos cenas do “Duarte e
Companhia” (RTP), etc.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
R.M: Quando era
miúdo tinha um fascínio pelo Roger Moore (que ainda adoro e é o meu 007
favorito). Para mim era o herói perfeito. Representava e ainda tinha as maiores
aventuras. A minha obsessão por ele era tal que coçava constantemente (porque
me diziam que fazia crescer) um sinal que tenho ao lado do nariz muito
semelhante ao que ele tem, só para poder dizer que era igual ao Roger Moore.
Mas as minhas três maiores influências são sem dúvida o Herman José, Nicolau
Breyner e Raul Solnado. Chegava a casa depois das aulas e recriava os programas
deles (especialmente do Herman que era e é o meu maior ídolo/influência a nível
artístico) em frente do espelho. Foram tempos que deixaram bem claro para mim
que não podia seguir outro caminho que não o artístico. Repara, naquela altura
(1989) ser ator era visto como ir para prostituto (ainda somos um pouco vistos
desta maneira, mas as coisas melhoraram um pouco graças à oferta criada pelos
canais privados) e a crise no meio artístico era muito pior que esta, mas nunca
houve um momento em que me arrependesse ou achasse que a minha vocação estava
na Medicina, por exemplo. O meu querido João de Carvalho é que diz e muito bem
que nós atores somos os melhores a saber lidar com a crise, porque nós sempre
vivemos em crise. A nível internacional as minhas inspirações são na comédia o
Eddie Murphy e o Steve Martin e na representação em geral, o Michael Keaton
(talvez o ator mais versátil da sua geração), o Al Pacino (uma força da
natureza), o Kevin Costner (para além do talento, é dotado de uma integridade
artística sem paralelo) e o Sylvester Stallone, uma verdadeira inspiração na
força com que acreditou em si e nos objetivos e sobretudo no guião que escreveu
(“Rocky” (1976) que preferia queimar no quintal do que vender a um estúdio para
ser feito com outro ator. Acreditou até ao último segundo
em si e no seu sonho. Eu sou parecido. Ele veio do nada, com um problema de
fala (causado por um estagiário de Medicina que lhe cortou os nervos faciais do
lado esquerdo ao fazer o seu parto), não tinha a chamada beleza Hollywoodesca e
ninguém dava nada por ele. Passou fome e até teve que vender o seu cão (quando
tinha uma oferta pelo seu guião ser produzido com outro), mas não tirou os
olhos do seu objetivo. Anos depois, o filme produzido por “tuta e meia” era
nomeado para os Óscares (dos quais ganhou o de Melhor Filme), ficou milionário
e tornou-se num dos maiores símbolos do “Sonho Americano”.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como ator?
R.M: Amei fazer
os meus programas de humor na Rádio Sonora, “Licença para Divertir” e “Tease
Me”, durante dois anos onde me diverti que nem um doido a fazer todo o tipo de
personagens. Para o bem e para o mal, o meu espetáculo de stand-up comedy “Ricardo
Matos-One Night Only” (que espero em breve repor, quando tiver um pouco mais de
tempo). Ter uma sala cheia a aplaudir, interagir, cantar e rir contigo é algo
inesquecível. E chegar à mesma sala um ano depois (para ver outro espetáculo) e
ter espectadores a virem ter comigo perguntar porque é que não estava a fazer o
espetáculo lá e a relembrarem-me de piadas que disse e que se lembravam ao
pormenor deixa-me de rastos e muito grato pelo carinho e por ter tido a
oportunidade de tocar (mesmo que por um instante) essas pessoas. A Stand-up Comedy é ao mesmo tempo a coisa
mais assustadora e mais reconfortante. Dás tudo de ti numa entrega total e se
tiveres sorte e habilidade recebes o mesmo em troca do público. Depois destaco
também a peça de teatro “Avatar” pela oportunidade de trabalhar com um
encenador fabuloso chamado Rui Calisto (com quem espero voltar a colaborar em
breve) que tal como eu, adora e funciona à base de criatividade. Estimula-a.
Não a “mata” como muitos encenadores e é um caso raro no panorama artístico. No
entanto, para ser o mais sincero possível... o trabalho que mais me marcou e
tenho a certeza será o que mais me marcará é o que estou a fazer agora:
“Palavras Para Quê?”.
M.L: Além da representação, também é humorista e
escritor. Em qual destas funções em que se sente melhor?
R.M: A minha
vocação maior é a comédia, seja em stand-up
ou em sketches. Adoro fazer “bonecos”
(acho que me “apago” melhor assim) e acho que é aí que estou mais à vontade.
Mas como gosto de me desafiar, vou pensando em papéis nesse sentido. Escrever é
um prazer e uma grande dor. Penso que será o equivalente mental a “parir”. A
primeira página (ou o “Touro Branco” como os escritores lhe chamam) então é
assustadora e geralmente a pior. Mas é preciso continuar e às vezes perdoar-nos
a nós próprios. Aceitar que a primeira página pode não estar grande coisa, mas
foi o degrau necessário para poderes construir algo sólido e com qualidade. Não
é à toa que a maioria dos programas só pega ou começa a ficar interessante a
partir do terceiro episódio. Mas escrever pode ser muito estimulante. O brainstorming de ideias, veres crescer
ou morrer personagens fantásticas, toda a jornada por onde as levas é algo
delicioso. Acontece-me muito isso no “Palavras…”, o processo está a ser doloroso,
mas quando vêm ideias e discutimo-las entre nós, percebemos que estou (estamos)
a criar algo de muito especial e divertido.
M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
R.M: Com grande
tristeza. A cultura está a ser “assassinada” aos poucos neste país com a
desculpa da crise, mas ainda antes disso já estava a ser sufocada por uma certa
industrialização e “Matrix-ação” do meio artístico (em particular), onde não há
espaço para a diversidade de caras e feitios e muito menos para a criatividade.
Prefere-se reciclar vezes sem conta as mesmas cenas e por vezes com os mesmos atores,
o que seria hilariante se não fosse trágico para tantos atores e criadores que
vêm a sua entrada barrada, porque não correspondem a um determinado “modelo”.
Mas é preciso não desanimar e continuar a lutar por um futuro melhor e para
isso por vezes é preciso fazer ouvidos moucos a quem acha que é inútil lutar
contra a máquina e que nada vai mudar. Nada irá mudar se ficarmos parados! Se
desse ouvidos a esse tipo de comentários não tinha feito nem metade do que já
fiz e consegui nestes últimos tempos.
M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
R.M: Adorava! Falo muito
bem inglês e o meu sonho sempre foi poder participar em filmes/séries
internacionais. Mas confesso que sou um pouco cobarde no sentido de abandonar o
meu país. É onde cresci, onde está a minha família, os meus amigos, toda a
gente que significa algo para mim e amo. Não sei o que trará o amanhã, mas vou
arregaçar as mangas e lutar por aquilo em que acredito e amo. Mas adorava poder
ir esporadicamente aos EUA ou ao Canadá para participar nas suas produções
cinematográficas/televisivas.
M.L: Atualmente, está a desenvolver a série “Palavras
Para Quê?”, da qual é autor, ator e realizador. Como é que surgiu a ideia de
fazer este projeto?
R.M: O embrião
nasceu em 1994 num concurso de guionistas da RTP, onde fiquei em segundo lugar
com o projeto “Jovens Radicais”. Era um projeto muito surreal (demasiado
carregado de referências americanas e inglesas) e foi uma palermice minha achar
que em Portugal poderia funcionar. Em 1998/1999 peguei na ideia, mantive a
essência de duas personagens e fiz uma deliciosa comédia romântica repleta de
personagens memoráveis e surreais (curiosamente as que foram fruto de maior
trabalho de observação) e cujos primeiros três ou quatro episódios (piloto) são
também uma sátira engraçada à maneira de estar de muitos políticos pois envolve
uma campanha para a Presidência da Associação de Estudantes que em tudo é
semelhante às verdadeiras campanhas. Pertenço a uma geração que não se revia
nas séries de jovens que eram feitas que ou apregoavam falar a língua da
juventude e depois brindavam-nos com catástrofes semanais muito negativas (xeno
e homofobia, SIDA, gravidez indesejada, etc.) ou outras que eram um pouco
superficiais. Eram bons e sólidos produtos, mas pecavam talvez pelo facto de
serem escritos por pessoas mais velhas que faziam parte da tal máquina e
escrevem por encomenda. Era-lhes encomendado um projeto e escreviam sobre o que
achavam que passavam os jovens. Eu felizmente ainda me considero jovem e ainda
tenho muito fresco o que passei e o que vou passar nesta série são os
acontecimentos mais positivos e memoráveis do tempo de liceu, que são
inesquecíveis. E tudo de uma forma sentida, mas positiva e divertida. É altura
de se voltar a ter projetos de autor com alma e coração. Este projeto é quase
um regressar aos velhos tempos da televisão em que se faziam coisas muito
criativas e divertidas por pouco dinheiro. Durante dez anos tentei apresentá-lo
a diretores de programas, mas sem sucesso. Desta vez fiz as coisas de forma
diferente e em boa hora o fiz, porque renasceu qual Fénix e neste momento
ganhou um destaque e dimensão (e ainda poderá ter MUITO mais) de que muito me
orgulho e modéstia à parte sempre soube que poderia ter, se lhe dessem uma
oportunidade.
M.L: “Palavras Para Quê?” conta com a participação de
atores como Paula Neves, Ruy de Carvalho, João de Carvalho, Henrique de
Carvalho, Rita Ribeiro, Noémia Costa, Maria Vieira e Eric Santos. Foi fácil, para
si, conseguir convencer atores bem conhecidos do grande público a participarem
num projeto diferente e inovador como este?
R.M: Por incrível que
pareça, não. Vem na sequência do que dizia acima. Sinto em muitos atores uma
certa insatisfação com o que se tornou a televisão e querem muito fazer algo
com coração e imagino que sintam nas minhas palavras o fogo do entusiasmo e da
paixão. Isso é refrescante para muitos e querem sentir que fazem parte de algo
com tamanho positivismo e boa onda. Sem ter essa intenção, consegui reunir dos
melhores elencos de recente memória de uma produção (de seja qual for o canal)
e todos eles pessoas com enorme boa onda e humanidade. É um exército de
criatividade, de amor e positivismo que planeia tomar a televisão de assalto e
mudá-la para melhor e recuperar alguma da humanidade que se perdeu na feitura
de projetos e oportunidade para novos talentos. E de realçar que embora o
coração da série seja o elenco mais novo e todos estes atores conhecidos
estejam connosco com o intuito de os ajudar, nós caminhamos para o futuro de
braço dado com os veteranos. A intenção não é tirar o lugar a ninguém. É criar
oportunidades de trabalho para atores que por algum motivo ainda não tiveram o
seu destaque, mas também postos de trabalho para atores conhecidos e outros que
foram injustamente esquecidos pela televisão e que eu quero trazer de volta. Vivemos
uma altura muito estranha na televisão em que (à semelhança da política) se
olha demasiado para números e não para as pessoas. Acredito que a maioria das
escolhas das televisões não refletem o interesse do público que na falta de
alternativas (e refiro-me a um público que não tem paciência para ver programas
no cabo ou ver séries/filmes no computador), acaba por ter que ver o que lhe é
oferecido.
Gostava que se apostasse mais em outro tipo de ficção
(séries, sitcoms, telefilmes) e
sobretudo que as televisões fossem mais recetivas a trabalhos de autor e
sobretudo novos autores (que não estejam alojados em produtoras já
estabelecidas) e que possam trazer uma lufada de ar fresco e quem sabe,
fazer-nos regressar aos tempos em que com pouco dinheiro e muita imaginação se
faziam coisas muito divertidas. Estamos todos de mãos dadas nessa
missão.
M.L: Que expectativas têm em relação a este projeto?
R.M: Em primeiro
lugar, a sua concretização. E em segundo, mudança. Temos muitos objetivos com
este projeto. Acabar com certas pré-conceções de casting que correspondem a um modelo de “pessoa perfeita” que não
existe, geralmente tem pouco talento e amor à sua arte e torna-se aborrecido em
pouco tempo. Como diz e muito bem o meu ator Eric Santos, somos todos
diferentes e todos pessoas. Todos somos bonitos à nossa maneira (eu sou uma
beleza mais alternativa… haha), uns mais magros ou mais fortes, com mais ou
menos cabelo, com mais ou menos pintura. Neste projeto, tenho atrizes
lindíssimas, mas o que as torna especiais é que todas elas têm uma beleza
diferente, não é igual. O mesmo se aplica aos corpos. Uns são mais magros,
outros podem ter algum “bónus”. Acho que é isso que dá cor à vida e ao amor,
essas diferenças. E eu aposto consigo que se nos derem oportunidade e promoção
(e isso já se nota), o meu grupo de atores diferentes consegue e vai ter o
mesmo sucesso que outras séries juvenis que se seguiram pelo tal modelo de casting. Garanto-lhe! Depois a
acontecer, será possivelmente a primeira série na História da TV Portuguesa a
ter duas ou três personagens principais de raça negra. Atores negros na TV Portuguesa
são inexistentes e quando aparecem geralmente são em papéis a roçar a figuração e a fazer estereótipos. A única exceção
continua a ser esse grande lutador e inspiração chamada Eric Santos que se
junta a mim na minha luta para que atores de raça negra possam ter uma
oportunidade de seguir o seu sonho e sentirem que amanhã o podem fazer sem
serem descriminados. Depois têm a oportunidade de ver para além de um elenco
jovem cheio de talento e que terá aqui a sua oportunidade de brilhar, um elenco
de veteranos de exceção, muitos dos quais irão fazer cameos de segundos ou minutos em homenagem à sua carreira ou
personagens históricas que caminham connosco para um futuro risonho. Este
elenco mais jovem tenciona levar para a TV, os valores de uma espécie em
extinção de uma outra era, onde a generosidade, união e espírito de entreajuda
reinavam. Hoje em dia não há espaço nem tempo para Divas Decadentes. Temos que
perceber que só unidos conseguiremos melhorar as coisas e fazer projetos que só
trarão benefícios a todos, como é o caso deste. Uma das coisas que mais me
orgulha neste projeto é que todos se tratam como uma família e fico muito feliz
por sentir essa alegria, entusiasmo e união. A ideia sempre foi criar um elenco
coeso que dando certo começaria a trabalhar comigo noutros projetos. Fico feliz
de ver que muitos deles já começam a colaborar em projetos paralelos para além
de darem tudo de si na série, até em papéis que nada têm a ver com a
representação. É um privilégio fazer um primeiro grande projeto a trabalhar com
pessoas sem um pingo de inveja ou má rês e onde tudo fazem por um objetivo
comum. Que este projeto e a sua concretização sirvam de inspiração a tantos
criadores e atores por este país que ou desistiram, estão prestes a desistir ou
estão simplesmente desmotivados.
M.L: Qual o conselho que daria, nesta altura, a alguém
que queira ingressar numa carreira na representação?
R.M: Primeiro
para fazer uma introspeção e perguntar-se a si próprio se é mesmo isso que
quer. Pesar os prós e contras. E sobretudo perguntar-se se imagina a fazer algo
mais (se imagina é porque se calhar a vocação não é essa) ou se só se imagina a
representar e só a exteriorizar todos os seus “demónios interiores” e tudo o
que tem para dar ao Mundo. Se a resposta for sim, então digo - Vai em frente,
nunca pares, nunca desistas, nunca te rendas e nunca mas nunca aceites um não
como resposta. Se for preciso vai ao chão, mas levanta-te logo a seguir e
mostra a tua fibra. Não dês ouvidos à negatividade, pois muitas das vezes ela
tem a ver com as frustrações, pequenez, falta de vontade e invejas pessoais das
pessoas em causa que as transpõem para nós. Sobretudo, pensem positivo e
lembrem-se que o tempo é curto e precioso. Eu próprio passei uma década em
depressão por problemas pessoais e por dar ouvidos a alguma da negatividade e é
tempo que me arrependo de ter perdido. Dei a volta por cima e mudei a minha
maneira de pensar e hoje quando toda a gente está em clima depressivo e de
crise, eu estou “em brasa” e cheio de força para vencer e concretizar os meus
objetivos. Mas tenham em conta que vai dar muito trabalho. Nestes últimos
tempos, tenho trabalhado nesta ressurgência do “Palavras…” e tem sido plena de
muito sacrifício. Eu, praticamente, faço diretas a escrever, rever e reescrever
textos, contactar atores, locais e patrocinadores, media, tratar de e criar marketing,
ajudar com a manutenção e conteúdos da página oficial, escrever sinopses de
personagens para atores. Enfim, estou a tirar um autêntico mestrado em Produção
e Marketing e até em Gestão de Egos.
Mas o meu trabalho duro e positivismo têm dado muitos frutos: consegui um
elenco de sonho onde neste momento se inclui o grande ator brasileiro Giuseppe
Oristanio que quer vir para Portugal de propósito para fazer esta série
connosco. E possivelmente anunciaremos mais nomes Brasileiros. É andar de um
lado para o outro em constantes reuniões e burocracias que fazem com que fique
por vezes meses sem escrever os episódios propriamente ditos. Consegui
publicitar e tornar o nome “Palavras Para Quê?” num título e projeto que já
está a ser muito conhecido, mais ainda do que algumas produções já aprovadas e
que não conseguiram nem um terço da onda de feedback
positivo ou publicidade que nós conseguimos. Quando fazemos entrevistas na
rádio, as linhas entopem com pessoas que querem muito falar connosco. A página
tem sido um tremendo sucesso, chegou aos 300 ao fim de um dia e já vai a
caminho dos 1500 seguidores que são de todo o Mundo (somos especialmente
populares nos países Africanos e no Brasil) e através da qual já recebi dezenas de mensagens de artistas de todos os
quadrantes e de anónimos que me transmitem que estão realmente fartos da máquina
de picar carne em que se tornou a TV e querem algo diferente com coração e
desejam que o projeto dê certo. Tudo isto se conseguiu sem nenhuma máquina e
apoio comercial por trás. É sacrificar muito do ou todo o
nosso tempo livre e pensar 24h por dia no meu objetivo. Mas… tudo se consegue
com muito jeitinho, vontade e muito amor pelo que se faz. E se pensarem em
desistir, pensem na quantidade de sacanas que têm que provar errado. Acreditem
em vocês próprios e no vosso sonho. Essa crença será mais forte que tudo. O
nosso slogan (a que as pessoas
aderiram em grande) de “O Nosso Tempo É Agora” não se refere apenas a nós
conseguirmos levar o nosso sonho da série e do elenco para a frente, é também
para qualquer pessoa que nos conheça ou estava a ver e tenha um sonho ou objetivo.
O Vosso Tempo É Agora! Vão à luta e vão buscar aquilo que sabem no fundo, ser
de facto, o vosso valor. Se eu puder dar força e razão a alguém com talento e
possibilidades de criação para não desistir, continuar em frente e quem sabe
tornar-se numa figura de proa da nossa Cultura, então fiz o meu papel bem.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como ator?
R.M: Ainda tenho
muito para percorrer até sentir que fiz e deixei um percurso digno desse nome.
M.L: Quais são os seus
próximos projetos?
R.M:
Como criador que sou, estão-me sempre a “acender luzes”, mesmo durante um
processo tão complicado como tem sido trazer esta série para um canal de
televisão. Estão-me sempre a aparecer ideias. Gostava muito de fazer uma
mini-peça da minha autoria em breve com o meu ator fetiche Pedro Oliveira (um grande talento com quem sempre pude
contar) e com a atriz Catarina Gouveia que é um verdadeiro anjo. Não há ninguém
como ela. É sem dúvida uma das almas mais generosas, bondosas e talentosas que
já conheci e com quem quero muito trabalhar. Adorava que fosse no “Palavras…”
(onde tem um papel reservado), pois acho que ela tem um enorme potencial cómico
ainda não explorado que adorava ver no ecrã (é divertidíssima na vida real). A
peça estará dependente da disponibilidade de todos, em especial se o “Palavras
Para Quê?” já estiver a ser rodado. Estamos também a trabalhar num projeto que
poderá ser uma série ou web series
sobre as desventuras de dois atores desempregados e o grupo de pessoas com quem
interagem. Este projeto será feito apenas com atores do “Palavras Para Quê?”
para além de mim e do Pedro: a Inês Faria (uma fantástica atriz que também está
a conquistar Los Angeles com o seu talento), a Mónica Talina que também é uma atriz
extraordinária, a Sandra Soares que é um poço de energia e de talento, a Sofia
Mirpuri que vai fazer de forma genial uma atriz com alma de Diva dos anos 40, a
Célia Jorge que é uma das melhores atrizes com quem já trabalhei e o mítico
Bruno Rossi (“Duarte e Companhia”) que é um tesouro nacional que deveria ser
mais valorizado pela televisão em Portugal, só para mencionar alguns. E teremos
também alguns nomes conhecidos a aparecerem como eles próprios. Temos ali
material para dar e vender! Para o futuro, estou a desenvolver uma ideia muito
gira para um filme/série chamada “Já Não Está Aqui Quem Falou!” (com estes
atores), um filme de ação com um twist
muito interessante, uma comédia romântica chamada “Para Sempre” para a qual (a
acontecer) muito provavelmente convidarei a Catarina também e uma história
sobre um rapaz cujo maior sonho é seguir as pisadas do Herman José intitulada “À
Tua Procura” que poderá ser um telefilme ou ser trabalhada para ser lançada em
livro. Comecei agora também a tirar notas para um espetáculo baseado no meu
crescimento e vida com a minha família que tenho intenções de fazer um dia
destes. Projetos não faltam! E mesmo com o “Palavras…” vamos levar para cena
num bar ou teatro um espetáculo com algumas das suas personagens. Iremos ver o
que acontece, quando numa louca noite decidem ir à Noite de Talentos de um
conhecido Teatro. Acontecerá entre o Outono e o início de 2015. Muitas razões
para ficarem connosco e irem acompanhando a nossa página oficial em www.facebook.com/palavrasparaqueoficial!
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
R.M: Todos os projetos que tenho na cabeça e que
receio não conseguir por falta de tempo ou de visão por parte de quem de direito.
Gostava e estou ansioso por começar a filmar o “Palavras Para Quê?”. É o meu
bebé, a sua equipa - a minha família e para o bem ou para o mal poderá ser o
meu grande legado. E que seja julgado como um produto que com os seus defeitos
e virtudes, é/foi um produto nascido de um sonho com o intuito de concretizar sonhos,
que nasceu da criatividade e da alma e coração de alguém que se importou o
suficiente para dar de tudo de si e da sua vida para lutar por algo melhor para
ele e para os seus pares. Mais importante do que a minha qualidade artística,
acho que é ser lembrado como alguém que nunca pisou em cima de ninguém para
chegar a algum lado, tratou os colegas bem e tentou ajudá-los sempre que
possível, foi íntegro até ao fim e sobretudo que lutou mas muito para ser
feliz.ML
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