Entrevista com... Sandra Cóias (Atriz)
domingo, 28 de setembro de 2014
sábado, 27 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Daniel Catalão

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
D.C: O interesse pelo
jornalismo surgiu muito cedo ainda na escola secundária. Desde muito pequeno
que eu achei graça a ideia de poder contar histórias ou querer relatar aquilo
que acontecia na própria escola. Eu só sonhei ser duas coisas na vida: piloto
de aviação e jornalista. Não consegui ser piloto de aviação, porque a
matemática trocou-me as voltas muito cedo. Continuei a gostar de aviões, mas a
minha tendência para as letras revelou-se muito rapidamente, e logo no 9º ano
os meus professores disseram-me que tinha que seguir Humanidades, porque a
minha tendência eram as letras e não os números.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
D.C: Eu não tenho uma
influência direta de pessoas, no fundo gosto mais de referenciar escolas ou
formas de fazer, mas gosto muito da forma de trabalhar dos anglo-saxónicos,
acho que são muito diretos e procuram explorar bem a imagem e o som. No fundo,
a minha grande escola de jornalismo foi a Agência Lusa e eu aprendi a ser
realmente sintético e ir direto ao assunto, a não adjetivar e tentar perceber
imediatamente qual é o cerne da história e ficar por aí sem distrair muito as
pessoas.
M.L: Como jornalista, trabalha, essencialmente, na
televisão. Gostava de ter trabalhado mais na rádio e na imprensa?
D.C: A minha carreira
começou na rádio, portanto foi aí que eu acabei por entrar no mundo do
jornalismo a sério, e depois fiz uma transição para a Agência Lusa e durante
muitos anos acabei por trabalhar simultaneamente na rádio, na Agência Lusa e para
jornais, portanto o meu início de carreira desenvolveu-se muito nessas áreas. A
televisão acabou por surgir quase como um acidente na minha vida, nunca foi um
objetivo, nunca tive intenções de trabalhar na televisão, estava longe disso, porque
a rádio era a grande paixão da minha vida até que um dia me convidaram a vir
para a RTP, portanto foi um tropeção agradável. Mas quando entrei no mundo televisivo
percebi que era a minha “água” e adaptei-me muito facilmente à linguagem do
audiovisual e agora naturalmente é aquela que eu gosto mais e já não consigo
ver sem estar a trabalhar no audiovisual e na televisão que é o meio que mais
me cativa neste momento.
M.L: Na televisão, trabalha, atualmente, na RTP. Que
balanço faz do tempo em que trabalha no canal?
D.C: Eu faço um balanço
muito positivo. Porque acho que consegui interiorizar o que é o essencial da
comunicação televisiva e acho que consegui de alguma forma criar empatia com os
espectadores. Dentro da RTP, grande parte do meu tempo é passado a fazer
apresentação, também já fiz muitas reportagens obviamente, portanto acima de
tudo consegui fazer muita coisa e consegui fazer um percurso no sentido de
chegar a um ponto, onde consigo fazer aquilo que verdadeiramente gosto que é
apresentar, mas também falar dos assuntos que me atraem nomeadamente Tecnologia
e Internet.
M.L: A RTP existe, desde 1957. Como vê o percurso que
o canal tem feito, desde a sua fundação até agora?
D.C: Eu acho que a RTP tem
seguido um caminho que os serviços públicos em toda a Europa têm seguido. Houve
uma primeira fase em que o serviço público teve uma importância muito grande do
ponto de vista da ligação dos portugueses, de formação inclusivamente mostrar o
Mundo. Obviamente que a partir dos anos 80 as coisas mudaram muito, o mercado
abriu-se para os canais privados, o Mundo mudou com a Internet, e todo este
percurso e a todos estes novos desafios a RTP tem sabido adaptar-se, embora com
muitas dificuldades obviamente, mas como todas as empresas. Eu acho que o
percurso da RTP tem sido sustentado.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como jornalista?
D.C: O que mais me marcou
profissionalmente e humanamente foi o trabalho que eu fiz em Timor-Leste em
(19) 99, porque foi uma experiência profissional longe de casa e durante muito
tempo, mas ao mesmo tempo foi uma experiência humana muito forte, muito rica e
muito impactante, porque todo aquele processo de Timor-Leste e o tempo em que
eu estive na Indonésia, em Timor e depois na Austrália fez com que a minha
perceção do Mundo ficasse um bocadinho indiferente e nomeadamente em Timor a
situação foi complexa, porque havia um lado humano e um lado jornalístico e os
dois tiveram que se juntar e criar uma barreira e uma resistência para que o
trabalho pudesse ser feito. Jornalisticamente, foi muito exigente, porque era
um trabalho feito sem condições de sobrevivência, portanto foi muito difícil de
trabalhar e depois enfrentar uma realidade de sofrimento e de sobrevivência
também das pessoas. Em termos humanos e jornalísticos, foi um desafio muito
grande.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
D.C: Os órgãos de
Comunicação Social vivem o problema que o país vive e nós temos um mercado
publicitário muito pequeno (70% ou 80% do investimento publicitário é em
televisão), portanto é muito difícil que os outros órgãos de Comunicação Social,
os jornais e as rádios se mantenham. A pressão é muito grande em termos
orçamentais, o que faz com que depois tenha que haver muita criatividade para
ter conteúdos, mas a falta de dinheiro faz com que não haja grande investimento
em trabalho de fundo, porque fazer jornalismo ou programas é muito caro. Temos
que ter essa noção e é um investimento a médio-longo prazo e o que nós fazemos
constantemente é investir a curto prazo, portanto temos que preencher antena,
páginas de jornais e como não há dinheiro para produzir mais não é possível
produzir tanto e tão bem como todos gostávamos e acho que isso é uma frustração
global. Apesar de todas estas dificuldades, eu acho que os meios de Comunicação
Social continuam a estar atentos, vigilantes, a transmitir as alegrias, a
contar as histórias que fazem um exemplo e a fazer também alguma espécie de
vigilância sobre os poderes políticos.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira
há vários anos?
D.C: Eu gosto de lidar com
o público e acho que há pessoas que estão na comunicação e que pensam mais
neles ou nos conteúdos do que propriamente no público. Eu gosto de pensar no
contrário, gosto de cada vez que olho para a câmara olhar para uma plateia e
saber que há ali pessoas do outro lado que me estão a ouvir e que estão
eventualmente atentas às histórias que lhes vou contar. Eu gosto de conversar
com as pessoas, de falar para as pessoas e a ligação que a Internet e as redes
sociais nos trouxeram permitiu que eu possa ter feedback.
M.L: Tem dedicado a sua vida profissional no Porto.
Gostava de ter passado a viver e trabalhar em Lisboa?
D.C: Eu comecei em
Bragança e fui para Lisboa e depois vim para o Porto por razões pessoais e
adaptei-me bem ao Porto. A minha vinda de Lisboa para o Porto foi uma opção e
como adaptei ao Porto e aqui acabei por desenvolver a carreira e criar no fundo
as raízes para o trabalho que estou a fazer não vi até hoje a necessidade de
sair. Não vejo isso como redutor.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do jornalismo?
D.C: Ponto 1 - Gostar de
contar Histórias e olhar para o Mundo de uma forma diferente.
Ponto 2 - Preparar-se muito bem.
Técnica e tecnologicamente. Porque, hoje em dia, é preciso saber dominar muitas
ferramentas para poder inserir-se numa redação.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como jornalista?
D.C: Eu faço um balanço
positivo, porque já fiz de tudo, já contei todo o tipo de histórias, já tive
histórias que denunciaram situações injustas, histórias que felizmente mudaram
a vida de pessoas para melhor, e a evolução que fiz foi no caminho de procurar
entrar na área e num setor e numa especialização daquilo que eu gosto, portanto
depois de fazer um percurso generalista cheguei a um ponto em que faço
realmente aquilo que gosto numa empresa fantástica.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
D.C: Passar uma semana numa estação especial
internacional (gargalhadas).ML
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Ana Nave

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.N: Muito cedo.
Gostava de me mascarar, vestir vestidos até aos pés. Em 1974, foi quando
assisti pela primeira vez a uma peça de teatro, lembro-me que enquanto aplaudia
já tinha a certeza que iria ser atriz.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
A.N: São três
tempos diferentes de representação.
No teatro experimenta-se a efemeridade, aqui
tudo se passa entre os atores e o público.
No cinema há o tempo da escolha do que o
realizador quer que se veja.
Na televisão quase que não há tempo (risos).
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
A.N: O trabalho que
mais me marcou foi sempre o último que fiz, quer seja pela positiva ou pela
negativa.
M.L: Além da representação, também é encenadora e
diretora de atores. Em qual destas funções em que se sente melhor?
A.N: Perguntam-me
muitas vezes, mas são processos tão diferentes. Quando se está de fora, a
encenar por exemplo, o trabalho é objetivo. Trata-se de juntar o trabalho de
todos os criativos (cenógrafo, figurinista, luminotécnico, sonoplasta,
coreógrafo, etc.) e orientar a criação dos atores para o objeto final, o
espetáculo. Quando se é ator o trabalho é subjetivo, uma espécie de filigrana
interior.
M.L: Em 2008, participou como atriz e como co-diretora
de atores no telefilme “Todos os Homens Nascem Iguais” da série “Casos da Vida”
(TVI), na qual interpretou a personagem Fátima. Que recordações guarda desse
trabalho?
A.N: Lembro-me
que o realizador era o Nicolau Breyner e que o último dia de gravações foi numa
sexta-feira Santa.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua
carreira há vários anos?
A.N: Com muito
carinho. Trabalho para o público.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
A.N: Eu acho que
só se sobrevive nesta área se representar for uma necessidade.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
A.N: Não faço
balanços. Vivo cada trabalho com a consciência de que são pedaços da minha
vida. Com muito respeito e intensamente, claro.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.N: No dia 26 de
Setembro, a convite e a propósito dos 20 anos do Teatro Extremo, estreia uma
encenação minha da peça da autora Timberlake Wertenbaker, “Depois de Darwin”. Em
Outubro estarei num filme da Patrícia Sequeira com a Maria João Luís, a Rita
Blanco, a Ana Padrão e a Fátima Belo. Em Novembro começo os ensaios do espetáculo
“Portugal, Meu Remorso” a partir da obra de Alexandre O’Neill que estrearei com
o João Reis no Teatro São Luiz no dia 22 de Fevereiro de 2015.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
A.N:
Ser livre.MLFotografia: Carlos Ramos
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Isabel Angelino

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como apresentadora?
I.A: Essa é
uma resposta difícil, uma vez que cada um dos programas que apresentei me
deu a oportunidade de crescer profissionalmente. Eu comecei na RTP
internacional e só depois passei para a RTP 1 e nestes dois canais já apresentei
programas de entretenimento, informação, concursos, entrevistas... O que posso
dizer é que os meus preferidos são os diretos.
M.L: Desde 2009 que apresenta, juntamente com Joana
Teles, Helena Ramos, Margarida Mercês de Mello e Maria João Gama, o programa
“Há Conversa” que é exibido na RTP Memória. Que balanço faz do tempo em que
apresenta o programa?
I.A: E do Eládio Clímaco
que também fez parte da equipa de apresentadores do programa, antes da
Margarida. Cada dia da semana o programa tem um apresentador e um tema
diferentes, o meu são os jovens de sucesso. Histórias de vida que possam
inspirar outros jovens a perseguirem os seus sonhos e a acreditarem em si
próprios. Tem sido muito motivador e inspirador também para mim poder conhecer
e divulgar todas estas histórias e todas estas pessoas com quem tive o prazer
de conversar ao longo destes anos.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua
carreira há vários anos?
I.A: Com muita
gratidão e dedicação. Aquilo que mais quero em termos profissionais é a admiração
e o carinho do público, é para ele que nós trabalhamos e damos o nosso melhor
todos os dias. Por isso quando somos reconhecidos e tratados com carinho pelo
nosso público, é o melhor que nos pode acontecer.
M.L: Também é a criadora do blogue “As Paixões de
Isabel” (http://paixoesdeisabel.pt/). Como é que surgiu a ideia de criar este blogue?
I.A: Porque muitos amigos
me pediam conselhos sobre destinos de férias e sobre Moda e pensei “Porque não
criar um blogue para ficar mais perto dos que gostam de mim e poder partilhar
mais algumas das minhas paixões para além da televisão?”. Mais uma forma de
chegar também mais perto do meu público, de todos aqueles que ao fim de 22 anos
de carreira continuam ao meu lado. Para além da Moda e das viagens pelo
nosso País e estrangeiro também partilho algumas das receitas que faço em casa
para o jantar, os truques de beleza e maquilhagem, entre outras dicas.
M.L: A Moda é um dos temas mais frequentes no seu
blogue. Sendo uma fã de Moda, como vê a evolução dessa área específica em
Portugal nos últimos 40 anos?
I.A: Em relação à área da
Moda a nossa evolução tem sido muito positiva e atualmente estamos a par de
grandes nomes internacionais. Aliás temos muitos estilistas portugueses a
trabalhar em grande marcas internacionais ou com as suas próprias marcas
reconhecidas a nível mundial. Só nos falta mesmo um bocadinho mais de orgulho
nacional a começar por vestir mais vezes peças de design português.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área da Comunicação Social?
I.A: Que tenha uma boa cunha ou então está feito!
Fora de brincadeiras tem que gostar muito desta profissão e prepare-se para
grandes batalhas.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como apresentadora?
I.A: Acho que o que fiz foi sempre com o máximo
empenho, dei sempre o meu melhor e tentei sempre aprender mais para fazer
melhor no próximo desafio, só tenho pena que não me tenham sido dadas mais
oportunidades. Mas gosto de pensar que melhores dias virão...
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
I.A: Pessoais
são sempre muitos, profissionais será melhor perguntar à RTP, porque eu
desconheço-os.ML
domingo, 21 de setembro de 2014
"Os Gatos Não Têm Vertigens"
O "Mário Lisboa entrevista..." têm o prazer de apoiar a longa-metragem "Os Gatos Não Têm Vertigens" que marca o regresso de António-Pedro Vasconcelos à realização 4 anos depois de "A Bela e o Paparazzo" (2010). Produzida por Tino Navarro e escrita por Tiago R. Santos (http://www.mlisboaentrevista.blogspot.pt/2014/09/mario-lisboa-entrevista-tiago-r-santos.html), "Os Gatos Não Têm Vertigens" é um drama sobre duas pessoas em momentos críticos da vida que o destino decidiu juntar numa amizade inesquecível, na qual conta com a participação de atores como Maria do Céu Guerra, João Jesus, Fernanda Serrano, Ricardo Carriço e Nicolau Breyner, e tem estreia marcada para o próximo dia 25 de Setembro.
"Jó (João Jesus) é expulso de casa pelo pai (Victor Gonçalves) no dia em que faz anos. Sem ter sítio para onde ir, refugia-se no terraço do prédio de Rosa (Maria do Céu Guerra), que acabou de perder o marido (Nicolau Breyner). Ele tem 18 anos e ela 73. Quem diria que ia ser amor à primeira vista?"
O seguinte trailer de "Os Gatos Não Têm Vertigens":
Mário Lisboa
sábado, 20 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Ana Paula Almeida

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
A.P.A: Desde muito nova, aos 13 anos
já eu e uma colega do 8º unificado cedo manifestámos gosto e interesse pelo
Jornalismo, a ponto de fazermos, fotocopiarmos e vendermos à porta do Liceu o 1º
Jornal da Escola, o Macedónia C, pois eramos do 8ºC. Sempre tive muita
curiosidade em saber mais, acerca de muitas coisas, sempre fiz muita pesquisa e
muitas perguntas, onde ia sempre tomava notas, comprava postais dos locais e
registava as minhas impressões… Quando entrei para a Faculdade de Letras de
Lisboa aos 18 anos já trabalhava para o DN, passando pouco depois para o
semanário O Jornal, JL e Se7e. Acho que estava no meu destino…
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
A.P.A: Grandes “Mestres” que tive e
que me ensinaram o “Bê à Bá” do Jornalismo, que antigamente não tinha Curso Superior,
era feito “por tarimba”, a experiência e a idade eram um posto e, graças a
Deus, orgulho-me de ter trabalhado com nomes de vulto que ainda hoje respeito e
admiro, alguns já faleceram mas deixaram Escola e a mim muitas saudades. Temendo
esquecer-me de alguém mas correndo esse risco agradeço à Maria Augusta Silva do
DN, à Edite Esteves de A Capital, ao José Carlos Vasconcelos do JL, ao Daniel
Ricardo, Fernando Dacosta, António Costa Santos, António Macedo, Fernando Assis
Pacheco e (Carlos) Cáceres Monteiro do Jornal… e mais tarde aos que, na SIC, me
ensinaram a fazer Televisão.
M.L: Como jornalista, trabalhou na imprensa e,
atualmente, trabalha na SIC, onde está desde a sua fundação. Que balanço faz do
tempo em que trabalha no canal?
A.P.A: O mais positivo possível. É a
minha segunda casa (muitas vezes a primeira…) há 22 anos. Começámos da melhor
forma possível, com garra, rigor, criatividade, visão, inovação, originalidade
e, embora com alguns altos e baixos, continuamos a fazer a melhor Informação,
credível, séria e temos uma excelente equipa. Tenho na SIC alguns dos meus
melhores amigos e creio ter crescido bastante profissionalmente nesta casa,
onde passei por várias áreas, como Sociedade, Cultura… fiz “Casos de Polícia”, “Praça
Pública” e muitas reportagens em Portugal e no estrangeiro, algumas marcantes.
Gosto muito da SIC e identifico-me com esta televisão.
M.L: Recentemente, faleceu o jornalista Emídio Rangel,
que cofundou a SIC. Como vê o percurso que ele desenvolveu até falecer?
A.P.A: O Emídio Rangel só morreu fisicamente, será sempre um
líder, um “guru”, um mestre com uma visão única, tinha uma forma de ser e de
trabalhar que deixou raízes e embora tenha falecido perdurará na História da Televisão,
da Rádio, da Comunicação em Portugal e na memória dos que com ele privaram, foi
um enorme privilégio ter trabalhado com ele e para ele durante tantos anos. Tive
pena quando ele saiu da SIC mas acho que não perdeu a verticalidade, nem a
essência, nem os valores, nem o rumo.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como jornalista?
A.P.A: Vários… A estadia na Camarga com os ciganos em
peregrinação a Saintes Maries de La Mer, com os Gipsy Kings, Manitas de Plata e
Paco de Lucía, entre outros, por companhia; a reportagem nos Açores sobre o making-of de um documentário para a
National Greographic Television, sobre Baleias e Golfinhos; a morte de uma
criança surda-muda às mãos do padrasto, o reencontro feliz proporcionado pela
SIC a uma família que tinha sido dividida há muitos anos, com várias crianças
entregues para adoção, duas delas no estrangeiro, e consegui reuni-los,
estão juntos em contacto até hoje, um gigantesco incêndio em Sintra… tantos,
tantos momentos, positivos e negativos mas marcantes…
M.L: Além do jornalismo, também tem experiência como
escritora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
A.P.A: Em ambas. No Jornalismo sou a profissional da
escrita, a “escriba” que tem que escrever “pouco, depressa e bem” pois em
Televisão temos que ser muito objetivos e sucintos e enquanto escritora dou azo
à minha liberdade “poética”, à minha criatividade, impulsividade, subjetividade
e posso finalmente contar histórias, algo que adoro fazer e costumo aproveitar
o silêncio da noite para isso. Ajuda-me a descomprimir, escrever relaxa-me e
faz-me feliz.
M.L: Durante 5 anos, lecionou Português e Francês no
Ensino Secundário. Que recordações guarda dessa experiência?
A.P.A: As melhores. Tudo o que faço, faço com gosto, com
prazer, sempre dei aulas com muito empenho mas ao mesmo tempo que exercia
Jornalismo e quando se tornou impraticável manter as duas atividades optei por
ficar a tempo inteiro naquela pela qual, ainda assim, tenho mais paixão. Mas
ainda hoje me lembro de alguns alunos e vice-versa, sempre mantive bom
relacionamento com os jovens aprendizes com quem também aprendia sempre muito,
e o mesmo acontece na SIC com os estagiários.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
A.P.A: Um grande mercado, com muitos bons valores e alguns
maus exemplos, muitos jornalistas e poucas vagas, com a crise a provocar alguns
danos na Publicidade e a pôr um travão em novas publicações, mas creio que
temos uma boa Comunicação Social, melhor do que em alguns países.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do jornalismo?
A.P.A: Que se for esse o seu sonho, e sentir que tem
talento, que não desista mas que dá muito trabalho, dá. E que é muito difícil, stressante,
desgastante e nem sempre gratificante também acontece. Além de que se pode
ganhar mais noutras áreas. E que não venham para a profissão a achar que é um
mar de rosas, que sobretudo se trabalhar na TV vai aparecer muitas vezes na
televisão e ficar famoso (a). O jornalista deve manter low-profile, não é protagonista da notícia, é um mediador.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como jornalista?
A.P.A: Estou satisfeita, estou muito feliz na SIC, estou
onde sempre sonhei estar, vir trabalhar não é um sacrifício nem uma obrigação,
é um prazer renovado a cada dia, nunca igual. Gosto dos meus colegas e adoro
dar “boas notícias”.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.P.A: Continuar a arranjar umas “cachas”, uns “furos”
jornalísticos, continuar a fazer reportagens interessantes, apelativas e úteis,
continuar a aprender e a “amadurecer” no Jornalismo, onde podemos sempre fazer
mais e melhor; nos livros vou reeditar o primeiro e tenho um novo romance em
mãos.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
A.P.A: Andar de balão… entre outras coisas que
ainda não fiz.ML
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... João Cabral

respeitável percurso como ator que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "A Banqueira do Povo" (RTP), "Na Paz dos Anjos" (RTP), "A Mulher do Sr. Ministro" (RTP), "Jornalistas" (SIC), "Os Batanetes" (TVI), "Jura" (SIC), "Feitiço de Amor" (TVI), "Deixa Que Te Leve" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI) e "Mulheres de Abril" (RTP), e, atualmente, participa na peça "A Cantora Careca" de Eugène Ionesco e está em cena no Teatro do Bairro até ao próximo dia 21 de Setembro. Esta entrevista foi feita no passado dia 15 de Setembro.
M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
J.C: Em criança. Penso que
não fui diferente de nenhuma outra criança pois todas têm essa apetência pela
representação e fazem-no para dar vida aos seus sonhos através de um mundo
ficcional que vão construindo e se surpreendendo com essa construção.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
J.C: Tanto no
cinema mudo passando pelo cinema americano dos anos 30, 40, 50, etc, o cinema francês
da Nouvelle Vague, algum cinema
português, etc, que encontro atores que me servem de referência. No teatro as
referências são mais portuguesas: João Perry, Jorge Silva Melo, Luís Miguel Cintra,
Canto e Castro, Eunice Muñoz, Isabel de Castro, e muitos outros.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
J.C: Talvez o
teatro. Por me permitir aprofundar durante mais tempo determinadas temáticas e
por sentir depois da estreia o contacto direto com o público.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como ator?
J.C: Não consigo realçar
um só.
Em teatro: "A
List" de Gertrude Stein e "O Auto da Barca do Inferno", ambos
com encenação de António Pires.
No Cinema: "Filha da
Mãe" (1990) de João Canijo e "O Miradouro da Lua" (1993) de
Jorge António.
Na televisão:
"Jornalistas" (SIC) e "Mau Tempo no Canal" (RTP Açores).
M.L: Em 2013, participou no musical “O Despertar da
Primavera” de Steven Sater e Duncan Sheik e encenado por Fernando Pinho, na
qual esteve em cena na Casa da Criatividade em S. João da Madeira. Que
recordações guarda desse trabalho?
J.C: Quando o Fernando
Pinho me convidou eu estava a encenar a peça que serve de base a este musical -
"O Despertar da Primavera" de Frank Wedekind - com um grupo universitário
porque gosto muito da peça. Por isso foi com prazer que integrei o elenco do
musical. Foi um trabalho muito agradável e ainda me lembro do primeiro ensaio
que assisti que era um ensaio com os cantores e de como me emocionei por eles
cantarem tão bem.
M.L: “O Despertar da Primavera” também contou com a
participação de atores como Gabriela Barros, João A. Guimarães e Sofia
Nicholson. Como foi trabalhar com eles?
J.C: É sempre bom
trabalhar com pessoas que admiramos e que se empenham naquilo que fazem.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
J.C: Sentado (gargalhada). Vejo que há gente nova que quer fazer coisas e que tem coisas para dizer e
preocupa-me que não haja mais oportunidades para o fazerem. É um caminho
político em que eu não me revejo e que este Governo está a tomar - ao
silenciar a voz dos criadores criará um pântano de ideias que irão apodrecer.
M.L: Em 2014, celebra 32 anos de carreira, desde que
se estreou como ator em 1982. Que balanço faz destes 32 anos?
J.C: Já 32 anos?
Que horror! Que já fiz muita coisa e que ainda me falta fazer muitas mais.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
J.C: Nenhum. Ou então que façam muita formação porque lá irão encontrar muitos
professores que os sentarão no colo, lhes darão concelhos e...
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.C:
"A Cantora Careca" - uma reposição em cena no Teatro do Bairro de 17
a 21 de Setembro.
"O Som e a
Fúria" na companhia Teatro Mosca para estrear em Sintra a 12 de Dezembro.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
J.C: Dar a volta ao Mundo.ML
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Catarina Pedro

M.L: Quando surgiu o interesse pela Moda?
C.P: Talvez o facto de ser
neta de uma grande modista certamente influenciou a minha escolha profissional.
A minha Avó era uma mulher de grande visão, com grande sentido estético e bom
gosto. Tinha 20 costureiras a trabalharem permanentemente para ela, ora uma
equipa desta envergadura já naquela época, anos 20, era incrível!!!
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
C.P: A minha inspiração
muitas vezes vem das pessoas que se cruzam connosco na rua, sou muito
observadora e atenta. E claro faço a minha interpretação de quem dita
tendências.
M.L: Como figurinista, trabalha em teatro, cinema e televisão.
Qual destas áreas que mais gosta de trabalhar?
C.P: Neste momento estou a
fazer os Figurinos para uma peça de Teatro, e está a ser uma experiência muito
interessante, mas o trabalho de figurinos para televisão (ficção) é sem dúvida
muito estimulante e com a particularidade de muitas vezes até ditarmos modas e
tendências. O espectador reage de imediato ao ver determinado ator, atento ao
que usa e como usa.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como figurinista?
C.P: Talvez os “Morangos
com Açúcar” (TVI) tenha sido sim o projeto que mais me marcou. Foram 9 anos a
criar Figurinos e ditar modas... para uma geração super-exigente!
M.L: Foi figurinista da telenovela “Sedução” que foi
exibida na TVI entre 2010 e 2011. Que recordações guarda desse trabalho?
C.P: A telenovela
“Sedução” foi sem dúvida um projeto que muito me “seduziu”, voltei a trabalhar
com a Fernanda Serrano. Tinha também uma personagem esteticamente muito
exigente, e que foi criada sob a inspiração de “O Sexo e a Cidade”
(1998/2004), interpretada pela Maria João Bastos.
M.L: Entre 1999 e 2013, trabalhou na produtora Plural
Entertainment Portugal (ex-NBP). Que balanço faz do tempo em que trabalhou na
produtora?
C.P: O meu reconhecimento
profissional sempre ultrapassou a empresa à qual estive ligada 15 anos. Comecei
a trabalhar em publicidade, a seguir entrei na TVI como responsável da
Informação. A ficção veio depois. E nesta área da Imagem é fundamental o
trabalho de relações públicas e comerciais com marcas internacionais e
empresas. Tenho boas recordações dos muitos projetos que fiz… alguns
fantásticos!
M.L: Como vê, hoje em dia, a indústria da Moda?
C.P: A indústria da Moda é
um setor fantástico e apaixonante, ao qual certamente não me consigo
distanciar. Acompanho com muita atenção o que se faz em Portugal. Há algum
tempo que procuro trabalhar com marcas Portuguesas, e divulga-las da melhor
forma. Os Figurinos da peça “Hamlet da Silva”, que vai estar em cena este
mês de Setembro, são marcas Portuguesas que estão a colaborar comigo. Temos uma
indústria têxtil e de calçado de excelente qualidade.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área da Moda?
C.P: Tudo tem de ser feito
com entrega e paixão! A Moda é muito versátil e temos vários caminhos para
explorar. Sempre numa constante evolução.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como figurinista?
C.P: O meu balanço é muito positivo, pois sempre tive a possibilidade de
escolher.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.P: Tenho um projeto
pessoal em construção, o qual ainda não posso divulgar. Também estou a fazer os
Figurinos para filmes a apresentar em breve.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
C.P:
Espero conseguir a oportunidade e poder vir a ter também uma colaboração como
voluntária. Estou a trabalhar nesse sentido.ML
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
domingo, 14 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Tiago R. Santos

M.L: Quando surgiu o interesse pela escrita?
T.R.S: Não
tenho bem a certeza. Lembro-me, quando era miúdo e andava na quarta classe,
escrevi uma composição que a professora gostou imenso. Era fraquinha, uma
daquelas histórias onde, no final, era tudo um sonho, o que é sempre um
mecanismo narrativo trapaceiro. Mas recordo-me que gostei da sensação de
entreter alguém com alguma coisa que tinha inventado, tanto que, ao mudar de
escola quando passei para o 5º Ano, voltei a escrever a mesma composição para
uma nova professora. Ou seja, talvez tenha sido aí que descobri que até gostava
de escrever. E também que era incrivelmente preguiçoso.
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
T.R.S: Se nos estamos a
referir ao guionismo, os primeiros nomes que me surgem são Quentin Tarantino (foi
ao assistir a “Pulp Fiction” (1994) pela primeira vez que pensei “uau, deve ser
muito divertido escrever estes diálogos”), David Mamet (pelo ritmo e acidez da
linguagem), Paddy Chayefsky (porque era brilhante) e Robert Towne (o “Chinatown”
(1974) é um filme estruturalmente perfeito). Na literatura, confesso que as
minhas influências são também maioritariamente americanas: Don DeLillo, Charles
Bukowski, Philip Roth ou Kurt Vonnegut e agora Junot Díaz, mas também um pouco
de Rubem Fonseca.
M.L: Tem desenvolvido o seu percurso como escritor nas
áreas da literatura, cinema e televisão. Gostava de, um dia, escrever para
teatro?
T.R.S: Sem dúvida. Gosto
de contar histórias, seja em que formato for. Já escrevi e encenei uma
micro-peça e, se tudo correr bem, espero ver a minha primeira “peça longa” nos
palcos durante o próximo ano. Já está escrita e tudo.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como escritor?
T.R.S: É difícil responder
a essa pergunta. As primeiras vezes marcam sempre muito – ver o “Call Girl” (2007)
na tela de cinema ou pegar no “A Velocidade dos Objetos Metálicos”, o meu
primeiro romance, e colocar junto dos meus restantes livros são momentos bons –
mas fazem parte do passado, são projetos aos quais já nunca regresso. Por isso,
talvez a resposta correta seja “Os Gatos Não Têm Vertigens”, porque é que vai
estrear agora e o que vai provocar reações (positivas, espero) junto dos
espectadores. É um filme que já terminei de escrever há mais de um ano e todo
este momento – da ante-estreia e estreia, de perceber como o filme se relaciona
com o espectador – é quase como receber a visita de um velho amigo que já não
vejo há algum tempo. Gosto dessa sensação.
M.L: Em 2007, co-escreveu o guião da longa-metragem
“Call Girl” de António-Pedro Vasconcelos e protagonizada por Soraia Chaves, Ivo
Canelas, Nicolau Breyner e Joaquim de Almeida. Que recordações guarda desse
trabalho?
T.R.S: As melhores. Foi o
início da minha relação profissional com o António-Pedro Vasconcelos e Tino
Navarro, duas pessoas que admiro e com as quais criei uma amizade que me
orgulha, e o primeiro passo para o que ainda ando agora a fazer: escrever
histórias, inventar personagens e diálogos, criar pedaços de mundos
imaginários. E, mesmo considerando que já não vejo o filme há muito, gostei do
projeto, do resultado final, das pessoas envolvidas. Não poderia pedir mais.
M.L: Como vê, atualmente, a Cultura em Portugal?
T.R.S: Qual cultura? A verdade é que há um desinvestimento total na cultura por
parte do nosso Governo, um desinteresse perigoso do público e uma tendência
autofágica interna em algumas áreas que pioram ainda mais as coisas. Temos
talento, disso não tenho dúvidas, pessoas que não desistem e continuam a
inventar e criar porque é quase uma compulsão ou uma virtuosa insanidade. Mas
sinto também que esse ‘não querer saber do público’ provoca uma divisão
nefasta: existem aqueles que deixam de querer comunicar e se tornam herméticos
em gloriosos exercícios de masturbação intelectual e os outros que ficam convencidos
que para agradar é necessário simplificar até ao absurdo, como se estivessem a
escrever ou a filmar para alguém que nunca leu ou viu um filme na vida. Acredito
no meio-termo, no poder e importância da narrativa, na inteligência do público
e é para isso que trabalho.
M.L: Recentemente, escreveu o guião da longa-metragem
“Os Gatos Não Têm Vertigens” de António-Pedro Vasconcelos, na qual vai estrear
no próximo dia 25 de Setembro. Como é que surgiu a ideia de escrever esta
longa-metragem?
T.R.S: Como sempre surgem
as ideias quando trabalho com o António-Pedro Vasconcelos: sentamo-nos à mesa
durante vários jantares e vamos trocando conceitos e premissas até encontrarmos
uma que interesse a ambos. Neste caso em particular, foi através de uma
história que uma amiga partilhou comigo, sobre uma senhora de idade que um dia
encontrou um miúdo sem-abrigo a viver no telhado e que começou a cuidar dele. O
António-Pedro já tinha ouvido uma história semelhante e o insólito da situação
– e as questões que nos permitia explorar – foram suficientes para acharmos que
havia aqui um filme para explorar.
M.L: O envelhecimento é um dos temas retratados em “Os
Gatos Não Têm Vertigens”, tal como em “Call Girl”. Na sua opinião, o que é
preciso para lidar com os que têm uma idade mais avançada?
T.R.S: Não me recordo com
exatidão da frase, mas há uma expressão que diz qualquer coisa como “o nível da
evolução de uma sociedade pode ser interpretada pela forma como lidam com os
velhos e os loucos”. O que não diz grande coisa da nossa sociedade. Basta olhar
para os cortes das pensões e para o abandono e solidão extrema com que muitos
são obrigados a viver. O que sinto é que os esses mais idosos, tão fundamentais
como testemunhas da nossa história e guardiões das nossas memórias, são agora
vistos como um peso ou, como diz a própria Rosa (Maria do Céu Guerra) em “Os
Gatos Não Têm Vertigens”, “num emprego que se detesta”. Não sei o que é
preciso, com toda a honestidade, apenas o que seria ideal – essa aproximação e
reconhecimento aos mais idosos.
M.L: Que expectativas têm em relação a este projeto?
T.R.S: Que as pessoas
gostem e que saiam das duas horas na sala escura do cinema e pensem ‘ok, valeu
a pena o dinheiro do bilhete, acreditei na história, senti empatia pelas
personagens e agora vou telefonar aos meus pais ou à minha avó porque já não
falo com ela há imenso tempo’.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área da escrita?
T.R.S: Não ingressem.
Sigam os conselhos dos vossos pais e estudem antes economia. Só tentem ganhar a
vida como escritor se for uma coisa que precisam mesmo, mesmo, mesmo de fazer.
Não é fácil e não é divertido e não se ganha bem. É uma dor de cabeça sem fim
com raros momentos de prazer. Tendo escrito isso, é também uma sensação
incomparável perceber que criámos algo onde nada existia. Por isso, só há um
conselho se quiserem uma carreira da área da escrita: escrevam, sejam honestos
com a vossa escrita e arranjem forma de lidar com a angústia de esperar que
alguém ache que vocês têm algum jeito para a coisa. Ah, e se escreverem alguma
coisa e pensarem ‘estas minhas palavras são geniais’, há 99 por cento de
certeza que não serão geniais.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como escritor?
T.R.S: Nunca pensei nisso,
para ser sincero. É demasiado cedo para balanços e estou demasiado ocupado a
tentar ganhar a vida.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
T.R.S: Escrevi um filme
para a Stopline Films que será realizado pelo Leonel Vieira e anunciado em
breve; estou a desenvolver dois projetos para o Tino Navarro; espero que a
minha primeira peça de teatro se concretize em breve e quero publicar o meu
segundo romance em 2015. É mais ou menos isso.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
T.R.S: Aprender a fazer um bom risotto. E realizar um filme. O que vier primeiro (a minha aposta
vai para o risotto).ML
terça-feira, 9 de setembro de 2014
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Marta Rangel
M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
M.R: Sempre que me fazem
esta pergunta, costumo contar uma pequena história. Num certo Natal, quando era
criança - com 5 ou 6 anos - pedi uma prenda "especial": um rádio.
Embora, ainda hoje, goste muito de ouvir música, não era esse o principal
objectivo, na altura. Mas, sim, o facto de o rádio ter também um microfone! Assim
que desembrulhei a prenda, comecei logo a fazer pequenas
"entrevistas" à família e aos amigos. E, até hoje, recordo este
episódio como o primeiro sinal daquela que viria a ser a minha profissão:
jornalista.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
M.R: São muitas e é difícil
enumerar todas. Lembro-me de assistir ao "nascimento" da SIC e de ter
a Alberta Marques Fernandes como uma das grandes referências. Gosto muito da
postura e do profissionalismo de pivots
como a Clara de Sousa e Rodrigo Guedes de Carvalho, da SIC, do João Adelino Faria
e Carla Trafaria, da RTP, e do José Alberto Carvalho e Judite de Sousa, da TVI.
Também acompanho com atenção o trabalho de inúmeros jornalistas de todos os
canais. A um nível mais pessoal, valorizo todas as experiências em cada uma das
redacções por que passei. Na rádio, comecei na Rádio Horizonte Tejo -
actualmente, Rádio Horizonte FM - onde aprendi como se escreve uma notícia,
grava um "RM" (Registo Magnético) ou edita um noticiário. De seguida,
senti necessidade de evoluir profissionalmente e fui estagiar para a TSF onde
aprendi como funciona uma agenda de redacção e tive as primeiras experiências
jornalísticas a nível nacional. Depois, percebi que a minha paixão era,
realmente, fazer televisão. Estagiei na TVI, sobretudo, no departamento
multimédia e, em seguida, na SIC, onde tive a oportunidade, mais tarde, de
ficar a contrato. Considero que a SIC foi a minha grande "escola",
onde comecei a fazer jornalismo a sério, onde fui - como se costuma dizer na
gíria da profissão - "atirada aos bichos". Tive a sorte de ter um
coordenador, em particular, que apostou em mim, o Daniel Cruzeiro, e me deu a
oportunidade de fazer "estórias" para a equipa de fim-de-semana, que
me marcaram e recordo até hoje. A partir daqui, nunca mais parei. Colaborei com
o Expresso online e, alguns meses
depois, comecei a trabalhar para uma produtora chamada Companhia de Ideias,
onde, durante 2 anos, produzi e coordenei conteúdos para vários
programas da RTP, como o "Diário da Europa", "Mais Europa",
"Sociedade Civil" e "Grandes Livros". De seguida, surgiu o
convite para a Benfica TV: comecei como repórter, tive a grande estreia como pivot e, alguns meses depois, tornei-me
coordenadora de redacção. Recordo, com carinho, um dos maiores desafios que
tive naquela casa: coordenar a emissão especial da final da Taça da Liga, no
Algarve, onde o Benfica ganhou ao Sporting, já nos penaltis! Desde 2009,
trabalho no Económico TV onde tenho evoluído como jornalista, sobretudo, nos
conteúdos económicos e financeiros, e como pivot,
não só de informação diária, como de debates, fóruns ou grandes entrevistas,
como faço no programa "Conversas com Vida". O Económico tem também,
há quase 2 anos, uma parceria com a RTP através da qual os jornalistas fazem
análise de mercados financeiros para o "Bom Dia Portugal" (RTP1) e
"Jornal das 12" da RTP Informação. Este tem sido um grande desafio,
que abraço com muito gosto.
M.L: Como jornalista, trabalha, essencialmente, na
televisão. Gostava de trabalhar mais em outros meios de comunicação como, por
exemplo, a rádio?
M.R: Como referi, anteriormente,
já trabalhei em rádio, mas continuo a sentir-me mais "em casa" na
televisão. Gosto da necessidade de rapidez, do imediatismo, dos directos, do
trabalho em equipa, de poder contar com todas as pessoas - tão importantes -
que estão nos "bastidores" como a produção, a realização, os repórteres
de imagem, editores, continuidade, maquilhadoras, entre tantos outros! É
difícil apontar o que não gosto! É verdade que, muitas vezes, é duro ter de
chegar à redacção às 5h ou 6h da manhã, preparar entrevistas e programas em
casa, carregar tripés às costas (para ajudar os repórteres de imagem a
"dividir o mal pelas aldeias"), lidar com um nível de stress elevado... Mas, como diz o ditado,
"quem corre por gosto, não cansa". Ou - diria eu - cansa-se menos!
M.L: Na televisão, trabalha, actualmente, no canal
Económico TV, que pertence ao jornal Diário Económico. Que balanço faz do tempo
em que trabalha no canal?
M.R: Faço um balanço muito
positivo. Quando cheguei, há 5 anos, tinha uma escassa experiência em assuntos
económicos. Hoje em dia, estou perfeitamente à vontade com temas como o
Orçamento de Estado, a execução orçamental, a crise na Banca, o mercado
accionista, os juros da dívida, o programa de ajuda externa, etc. Claro que,
boa parte desta aprendizagem, devo a todos os meus colegas, coordenadores e
directores com quem tenho aprendido e troco ideias todos os dias. Mas, para
além disso, ser jornalista é ter de estudar um pouco todos os dias: ler muitos
jornais, pesquisar informação adicional, tirar dúvidas com economistas e
analistas de mercado... É um esforço diário para tentar ser cada vez melhor. E
é também isso que me dá um imenso prazer!
Para além dos conteúdos,
também tenho experimentado outros formatos como pivot. Na Benfica TV, já tinha apresentado telejornais e fóruns de
opinião, mas, no ETV, tenho a oportunidade de moderar debates e fazer grandes
entrevistas. Destaco, por exemplo, o facto de ter entrevistado Pedro Passos
Coelho, quando era candidato à liderança do PSD ou António Pires de Lima, antes
de ser nomeado ministro da Economia. No programa "Conversas com Vida"
também tenho tido oportunidade de conhecer e conversar com figuras de renome,
de todos os quadrantes da sociedade portuguesa, desde a Simone de Oliveira, ao
Comendador Rui Nabeiro, passando pelo psiquiatra Júlio Machado Vaz ou pelo
ex-ministro Bagão Félix, entre muitos outros.
Para além disso, voltei a
escrever para um jornal - o Diário Económico - com alguma frequência, o que é
muito positivo, para mim, enquanto jornalista, já que tenho a oportunidade de
exercitar outro tipo de escrita diferente da linguagem da televisão.
M.L: O Económico TV existe, desde 2010. Como vê o
percurso que o canal tem feito, desde a sua fundação até agora?
M.R: O ETV tem evoluído,
enquanto canal de referência no segmento de economia e mercados financeiros, e
tem também conquistado outro tipo de público, menos habituado a estes temas.
Isso nota-se, sobretudo, no programa "Assembleia Geral", um fórum
onde os telespectadores participam ao telefone, via e-mail ou Facebook. De alguma forma, penso que o ETV encontrou uma
oportunidade na crise porque, com o programa de ajuda externa, alguns conceitos
aparentemente difíceis, que passavam despercebidos à maioria dos portugueses -
como os juros da dívida, as novas soluções na Banca ou o Ecofin, em Bruxelas -
passaram a fazer parte do dia-a-dia de todos nós.
Como qualquer canal
"jovem", acredito que o ETV ainda tem uma grande margem para crescer
e alcançar a notoriedade do "irmão" Diário Económico, um jornal de
referência com 25 anos de existência.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como jornalista?
M.R: Foram vários e espero
ter muitos mais! Lembro-me, por exemplo, de uma reportagem que fiz na SIC sobre
dois irmãos deficientes profundos, que viviam sozinhos, depois da mãe ter
falecido, entregues à própria sorte. A Segurança Social tinha sinalizado a situação,
mas estava longe de resolvê-la. Assim que a SIC emitiu a reportagem, o caso foi
logo solucionado: os irmãos foram encaminhados para uma instituição, onde
ficaram a viver de forma digna e, em segurança. É, nestas alturas, que sinto
que o jornalismo tem poder para mudar o Mundo. Nem que seja o Mundo de alguém!
Quando fiz os programas
"Diário da Europa" e "Mais Europa" para a RTP, através da
Companhia de Ideias, acompanhei, em reportagem, toda a presidência portuguesa
da União Europeia. Lembro-me, por exemplo, de ter ido a uma cimeira com a
Rússia, onde estava Vladimir Putin e a outra com os Estados Unidos, onde
participaram Tony Blair, como enviado especial da UE, e Condoleezza Rice, então
secretária de estado de George W. Bush. Ambas com elevados níveis de segurança,
com helicópteros a sobrevoar a zona e snipers
nos telhados. Na cimeira com os EUA, houve um episódio caricato. Eu estava
junto às barreiras de protecção, a tentar "abrir caminho" pelo meio
dos outros jornalistas, quando vejo uma pessoa, aparentemente perdida, sem ter
por onde passar. Era Tony Blair! Ainda consegui trocar duas ou três palavras
com ele e indicar-lhe o caminho correcto. Mas, sobretudo, fiquei em êxtase por
estar ali, cara a cara, com o antigo primeiro-ministro britânico. Parecia que
tinha visto o Brad Pitt!
No ETV, tive oportunidade de
ir à Estónia, quando aderiu à zona euro e foi muito interessante conhecer uma
realidade e uma cultura ainda muito influenciada pela Rússia. Muitas
entrevistas que tenho feito no ETV também me têm marcado pela positiva. Às
vezes, até, de forma mais emotiva, quando ouço histórias de vida tão ricas e
preenchidas. Outras, pelo desafio de ter de entrevistar alguém mais
"difícil", de ter de "arrancar" uma declaração, uma notícia.
Mais recentemente, voltei
a sentir aquele "friozinho" no estômago - típico do "nervoso
miudinho" - quando fiz o primeiro directo para a RTP no âmbito da parceria
com o Económico. Mas são nervos bons, daqueles que valem a pena sentir!
M.L: Como vê, actualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
M.R: A comunicação social,
tal como o país, está em crise. E, inevitavelmente, preocupa-me. Claro que, em
quase todas as estruturas, é possível eliminar desperdícios, fazer "mais
com menos". Mas tem de haver limites. Acredito que é preciso dar
oportunidade aos mais jovens - como eu tive, quando comecei há 14 anos - mas a
experiência dos mais velhos não pode ser descartada. Na minha opinião, é
preciso haver meritocracia em muitas empresas, em Portugal, e não falo só da
comunicação social. É necessário valorizar o bom trabalho - a qualidade, não a
quantidade - e os melhores profissionais. Acredito também que uma liderança,
que dá o exemplo, é determinante em qualquer empresa. Costumo utilizar, com
frequência, uma frase que a minha mãe costuma dizer: "para saber mandar, é
preciso saber trabalhar".
M.L: Em Agosto de 2008, frequentou o curso “Guionismo-A
Estrutura em 3 actos, o diálogo e as personagens” que foi promovido pela
Nextart. Gostava de, um dia, apostar numa carreira na área da escrita?
M.R: Sempre gostei muito de
escrever, desde criança. Quem sabe, um dia, escrevo um livro! Depois, só fica a
faltar plantar a árvore e ter um filho!
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do jornalismo?
M.R: Muito trabalho, muita
dedicação, persistência e espírito de sacrifício. Muito "amor à
camisola", vontade de aprender e humildade. E, antes disso tudo, ter a
certeza - absoluta - de que quer mesmo ser jornalista. Não vale a pena entrar
na profissão porque quer "ser famoso" ou aparecer na televisão. Isso
não é jornalismo.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como jornalista?
M.R: Felizmente, tenho
tido a sorte de conseguir manter-me na área desde que comecei. Gosto de
acreditar que tenho, também, algum mérito. Sou muito exigente com o meu
trabalho - e com o dos outros - e muito perfeccionista. Acho sempre que posso
fazer melhor e não gosto de me sentir estagnada, por isso, preciso de ter, com
frequência, novos desafios. Comecei como repórter, tornei-me também pivot há cerca de 7 anos e tive a
oportunidade de coordenar equipas em duas redacções: Companhia de Ideias e
Benfica TV. Na minha opinião, o maior desafio de ter um cargo de chefia não é
distribuir trabalho, mas sim, gerir pessoas, com diferentes experiências e
sensibilidades. Perceber as capacidades de cada um dos membros da equipa, saber
potenciá-las e dar-lhes margem de evolução e, ao mesmo tempo, identificar as
dificuldades e ajudar a ultrapassá-las. Depois, é necessário ter também
"inteligência emocional": perceber quando o colega está num dia bom
ou mau, saber fazer críticas construtivas e, sobretudo, saber elogiar.
Comecei a trabalhar muito
jovem e já sou jornalista há 14 anos, 10 dos quais em televisão. Não foi sempre
um "mar de rosas". Claro que há dias difíceis, em que até nos passa
pela cabeça "mudar de vida". Mas nunca quis - nem quero - desistir da
profissão. Acredito que ainda tenho muita margem para crescer e evoluir e
espero que surjam mais oportunidades.
M.L: Quais são os seus próximos projectos?
M.R: Em paralelo com o meu
trabalho de jornalista no Económico, também dou media trainings, com
alguma frequência. Para quem não sabe o que é, trata-se de ensinar e
"treinar" pessoas a lidar com jornalistas, por exemplo, a saberem o
que responder e como estar durante uma entrevista. A exposição mediática
continua a ser mais associada à classe política ou a responsáveis de empresas,
mas, hoje em dia, é extensível a quase todas as áreas. Não há uma segunda
oportunidade para criar uma primeira boa impressão.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.R: A nível profissional, quero continuar a trabalhar
em televisão e gostaria que a minha carreira pudesse evoluir para outros
patamares. Confesso que, por vezes, sinto falta de alguma meritocracia, mas
acredito que, um dia, vai chegar. Até lá, vou continuar, todos os dias, a dar o
meu melhor.MLA pedido da entrevistada, esta entrevista não foi convertida sob o novo Acordo Ortográfico.
Fotografia: David Carvalho
domingo, 7 de setembro de 2014
Mário Lisboa entrevista... Luís Aleluia

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
L.A: À parte umas incursões pelo teatro amador, o Teatro apareceu
a sério na minha vida por um convite do ator Carlos César, Diretor da Companhia
do TAS-Teatro Animação de Setúbal. Entrei na companhia avisando que seria
apenas uma experiência e uma forma de subsidiar a continuação dos estudos e
aliviar um pouco o orçamento familiar mas… fui ficando! Fiz o estágio de dois
anos e ganhei a condição de profissional.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto ator?
L.A: Várias. Lembro-me de
ouvir na rádio as rábulas do Raul Solnado e divertir-me bastante, do humor dos
“Parodiantes de Lisboa” que era um ritual ouvirmos à hora de almoço, dos filmes
do (Charlie) Chaplin, dos Irmãos Marx, do Mel Brooks, entre outros! E tive o
privilégio de trabalhar com alguns colegas com quem aprendi bastante: a Ivone
Silva e o Camilo de Oliveira, foram importantes dentro de um género como a
Maria Dulce, o Nicolau Breyner, o Ruy de Carvalho, o Armando Cortez, o Morais e
Castro foram importantes dentro de outros géneros.
M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava
de ter trabalhado mais em cinema?
L.A: Sim, gostava. O Cinema tem uma linguagem própria que gostava
de praticar mais vezes. Fiz apenas um filme com o Jorge Paixão da Costa, “Ladrão
Que Rouba a Anão Tem Cem Anos de Prisão” (1992), com Vítor Norte, Nicolau
Breyner, Cristina Areia, Luís Esparteiro, entre outros e foi uma experiência
muito enriquecedora.
M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, até agora,
durante o seu percurso como ator?
L.A: É difícil escolher
apenas um trabalho já de todos, de uma forma ou de outra nos marcam por uma
razão qualquer. Mas… talvez o meu trabalho na peça “Piaf” de Pam Gems, uma
produção do Casino Estoril, com um elenco de extraordinários atores, encabeçado
pela atriz brasileira Bibi Ferreira. Nesse Trabalho, que girava à volta da vida
dramática e do percurso artístico da cantora francesa, eu desempenhava o papel
de “Charles Aznavour”! Talvez possa destacar esse papel, por sair do meu
registo mais conhecido e pela intensidade da composição que foi necessária.
M.L: Em 1994, participou na telenovela “Na Paz dos Anjos”
que foi exibida na RTP, na qual interpretou a personagem Fernandinho. Que
recordações guarda desse trabalho?
L.A: As melhores, posso dizer! Foi a primeira telenovela em que
participei e, por sorte, trabalhei com um elenco de grandes atores que muito me
ajudaram no meu trabalho. Foi um privilégio trabalhar com o Armando Cortez, a
Fernanda Borsatti, a Maria José, o João Perry, a Sandra Faleiro, a Rita
Ribeiro, entre muitos outros colegas de elevado prestígio.
M.L: “Na Paz dos Anjos” foi corealizada pelo falecido
realizador brasileiro Regis Cardoso. Como foi trabalhar com ele?
L.A: Há pessoas que passam pela nossa vida e deixam um rasto de
luz! O Regis Cardoso era uma dessas pessoas. Paciente e generoso, com um fino
sentido de humor. Um inquestionável excelente profissional com as mais altas
qualidades humanas.
M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção
nacional?
L.A: Nos últimos tempos tem praticamente sobrevivido por conta
própria! E tenho a convicção de que nada mudará enquanto os agentes políticos
não entenderem a Cultura como um dos pilares fundamentais para a afirmação e
consolidação da nossa identidade coletiva nesta Era que é a da globalização. Que
nos interessa ter o Fado como Património Imaterial da Humanidade, se a minha
Pátria não for a Língua Portuguesa, como afirmou (Fernando) Pessoa?
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
L.A: Não é, nem foi e nunca foi uma ambição particular fazer uma
carreira internacional. Mas, já que fala disso, gostaria que os artistas e as
produções nacionais tivessem os mesmos direitos e as mesmas garantias de proteção
que têm os colegas estrangeiros. Desde logo, uma carteira profissional que
dignificasse a nossa profissão.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua
carreira há vários anos?
L.A: O público português é muito generoso, afável e de uma grande
envolvência! Tenho o privilégio de termos criado empatia e isso ajuda não só na
carreira como também na motivação profissional.
M.L: Em 1991, cofundou a produtora Cartaz-Produção de
Espetáculos, que tem desenvolvido um trabalho no que diz respeito à
descentralização teatral. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a
sua fundação até agora?
L.A: Ao longo dos 20 anos de trabalho quase ininterruptos posso
afirmar que temos um percurso que nos orgulha. Esse trabalho de descentralização
teatral só tem sido possível graças aos profissionais que, de forma permanente
ou pontual, colaboram connosco e aos agentes culturais, empresas, e
Instituições que apostam no nosso trabalho.
M.L: Recentemente, participou na série “Agora a Sério”,
que foi produzida pela RTP Porto. Na sua opinião, acha que a RTP Porto devia
produzir mais produções de ficção no futuro?
L.A: O que lhe posso adiantar é que houve um grande investimento
na formação profissional na área da produção audiovisual que deveria ser mais
aproveitada. A Série “Agora a Sério”, produzida pela RTP Porto, deu provas,
tanto da excelência da formação, como das competências técnicas dos jovens que
passaram pela Academia RTP.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
L.A: Que invista numa boa formação técnica. A Indústria Cultural
é muito competitiva e cada vez mais exigente e hoje, felizmente, há uma oferta
grande de escolas e uma diversidade de modelos formativos.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como ator?
L.A: Muito positivo. Tirando alguns períodos pontuais em que
estive parado, tenho tido, felizmente, sempre um trabalho e muito dele
realizado em projetos diversos e com registos diferentes, o que me tem
assegurado não só a subsistência pessoal como a aprendizagem e a evolução
profissional.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.A: No teatro prosseguir com a atividade da empresa na produção
e promoção de teatro e na televisão, continuar a fazer parte da família
“Bem-vindos a Beirais” (RTP). Vamos agora iniciar mais uma temporada de
gravações.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
L.A: Viajar com tempo e sem um destino pré-definido.ML
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