M.L: Quando surgiu o interesse pelo cinema?
M.G: Foi surgindo. Por um
lado, foi com o conhecimento do João César Monteiro, e por outro lado fui
trabalhar para a televisão muito cedo, e comecei a trabalhar em cinema ao mesmo
tempo que trabalhava na RTP. Aconteceu naturalmente.
M.L: Quais são as suas influências, enquanto
realizadora?
M.G: Eu acho que desejo
ter uma voz autónoma, pessoal e diferente dos outros, porque senão não vale a
pena.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como realizadora?
M.G: Talvez o meu primeiro
filme “Relação Fiel e Verdadeira” (1987).
M.L: Como realizadora, também trabalhou na televisão.
Que recordações guarda do tempo em que trabalhou nessa área?
M.G: Guardo algumas
recordações muito boas. Eu gostei imenso de trabalhar em televisão, guardo
situações muito boas.
M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
M.G: Existe uma colonização
na exibição e distribuição, em Portugal, como no resto da Europa, do Cinema
Americano. Existe uma tendência para o imitar, mas em 1º lugar, muito desse
cinema tenta também ele escapar, e há filmes muito bons. (Francis Ford)
Coppola, por exemplo: e no resto do Mundo há gente que resiste, por exemplo em
Portugal...
M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
M.G: Nunca pensei nisso.
M.L: Foi casada com o realizador João César Monteiro
que faleceu em 2003. Como vê o percurso que ele desenvolveu até falecer?
M.G: Um percurso de grande
resistência, alguém que muito teimosamente confrontou com todos os poderes. Uma
grande sensibilidade artística e uma grande admiração por ele como realizador.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na realização?
M.G: É preciso ter
coragem. Vale a pena pensar muitas vezes. Tem que se ter alguma coisa a dizer.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como realizadora?
M.G: Podia ser melhor.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
M.G:
Gostava de fazer uma ópera.ML
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