M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
A.P.A: Desde muito nova, aos 13 anos
já eu e uma colega do 8º unificado cedo manifestámos gosto e interesse pelo
Jornalismo, a ponto de fazermos, fotocopiarmos e vendermos à porta do Liceu o 1º
Jornal da Escola, o Macedónia C, pois eramos do 8ºC. Sempre tive muita
curiosidade em saber mais, acerca de muitas coisas, sempre fiz muita pesquisa e
muitas perguntas, onde ia sempre tomava notas, comprava postais dos locais e
registava as minhas impressões… Quando entrei para a Faculdade de Letras de
Lisboa aos 18 anos já trabalhava para o DN, passando pouco depois para o
semanário O Jornal, JL e Se7e. Acho que estava no meu destino…
M.L: Quais são as suas influências nesta área?
A.P.A: Grandes “Mestres” que tive e
que me ensinaram o “Bê à Bá” do Jornalismo, que antigamente não tinha Curso Superior,
era feito “por tarimba”, a experiência e a idade eram um posto e, graças a
Deus, orgulho-me de ter trabalhado com nomes de vulto que ainda hoje respeito e
admiro, alguns já faleceram mas deixaram Escola e a mim muitas saudades. Temendo
esquecer-me de alguém mas correndo esse risco agradeço à Maria Augusta Silva do
DN, à Edite Esteves de A Capital, ao José Carlos Vasconcelos do JL, ao Daniel
Ricardo, Fernando Dacosta, António Costa Santos, António Macedo, Fernando Assis
Pacheco e (Carlos) Cáceres Monteiro do Jornal… e mais tarde aos que, na SIC, me
ensinaram a fazer Televisão.
M.L: Como jornalista, trabalhou na imprensa e,
atualmente, trabalha na SIC, onde está desde a sua fundação. Que balanço faz do
tempo em que trabalha no canal?
A.P.A: O mais positivo possível. É a
minha segunda casa (muitas vezes a primeira…) há 22 anos. Começámos da melhor
forma possível, com garra, rigor, criatividade, visão, inovação, originalidade
e, embora com alguns altos e baixos, continuamos a fazer a melhor Informação,
credível, séria e temos uma excelente equipa. Tenho na SIC alguns dos meus
melhores amigos e creio ter crescido bastante profissionalmente nesta casa,
onde passei por várias áreas, como Sociedade, Cultura… fiz “Casos de Polícia”, “Praça
Pública” e muitas reportagens em Portugal e no estrangeiro, algumas marcantes.
Gosto muito da SIC e identifico-me com esta televisão.
M.L: Recentemente, faleceu o jornalista Emídio Rangel,
que cofundou a SIC. Como vê o percurso que ele desenvolveu até falecer?
A.P.A: O Emídio Rangel só morreu fisicamente, será sempre um
líder, um “guru”, um mestre com uma visão única, tinha uma forma de ser e de
trabalhar que deixou raízes e embora tenha falecido perdurará na História da Televisão,
da Rádio, da Comunicação em Portugal e na memória dos que com ele privaram, foi
um enorme privilégio ter trabalhado com ele e para ele durante tantos anos. Tive
pena quando ele saiu da SIC mas acho que não perdeu a verticalidade, nem a
essência, nem os valores, nem o rumo.
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como jornalista?
A.P.A: Vários… A estadia na Camarga com os ciganos em
peregrinação a Saintes Maries de La Mer, com os Gipsy Kings, Manitas de Plata e
Paco de Lucía, entre outros, por companhia; a reportagem nos Açores sobre o making-of de um documentário para a
National Greographic Television, sobre Baleias e Golfinhos; a morte de uma
criança surda-muda às mãos do padrasto, o reencontro feliz proporcionado pela
SIC a uma família que tinha sido dividida há muitos anos, com várias crianças
entregues para adoção, duas delas no estrangeiro, e consegui reuni-los,
estão juntos em contacto até hoje, um gigantesco incêndio em Sintra… tantos,
tantos momentos, positivos e negativos mas marcantes…
M.L: Além do jornalismo, também tem experiência como
escritora. Em qual destas funções em que se sente melhor?
A.P.A: Em ambas. No Jornalismo sou a profissional da
escrita, a “escriba” que tem que escrever “pouco, depressa e bem” pois em
Televisão temos que ser muito objetivos e sucintos e enquanto escritora dou azo
à minha liberdade “poética”, à minha criatividade, impulsividade, subjetividade
e posso finalmente contar histórias, algo que adoro fazer e costumo aproveitar
o silêncio da noite para isso. Ajuda-me a descomprimir, escrever relaxa-me e
faz-me feliz.
M.L: Durante 5 anos, lecionou Português e Francês no
Ensino Secundário. Que recordações guarda dessa experiência?
A.P.A: As melhores. Tudo o que faço, faço com gosto, com
prazer, sempre dei aulas com muito empenho mas ao mesmo tempo que exercia
Jornalismo e quando se tornou impraticável manter as duas atividades optei por
ficar a tempo inteiro naquela pela qual, ainda assim, tenho mais paixão. Mas
ainda hoje me lembro de alguns alunos e vice-versa, sempre mantive bom
relacionamento com os jovens aprendizes com quem também aprendia sempre muito,
e o mesmo acontece na SIC com os estagiários.
M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em
Portugal?
A.P.A: Um grande mercado, com muitos bons valores e alguns
maus exemplos, muitos jornalistas e poucas vagas, com a crise a provocar alguns
danos na Publicidade e a pôr um travão em novas publicações, mas creio que
temos uma boa Comunicação Social, melhor do que em alguns países.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na área do jornalismo?
A.P.A: Que se for esse o seu sonho, e sentir que tem
talento, que não desista mas que dá muito trabalho, dá. E que é muito difícil, stressante,
desgastante e nem sempre gratificante também acontece. Além de que se pode
ganhar mais noutras áreas. E que não venham para a profissão a achar que é um
mar de rosas, que sobretudo se trabalhar na TV vai aparecer muitas vezes na
televisão e ficar famoso (a). O jornalista deve manter low-profile, não é protagonista da notícia, é um mediador.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como jornalista?
A.P.A: Estou satisfeita, estou muito feliz na SIC, estou
onde sempre sonhei estar, vir trabalhar não é um sacrifício nem uma obrigação,
é um prazer renovado a cada dia, nunca igual. Gosto dos meus colegas e adoro
dar “boas notícias”.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.P.A: Continuar a arranjar umas “cachas”, uns “furos”
jornalísticos, continuar a fazer reportagens interessantes, apelativas e úteis,
continuar a aprender e a “amadurecer” no Jornalismo, onde podemos sempre fazer
mais e melhor; nos livros vou reeditar o primeiro e tenho um novo romance em
mãos.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
A.P.A: Andar de balão… entre outras coisas que
ainda não fiz.ML
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