M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
A.N: Muito cedo.
Gostava de me mascarar, vestir vestidos até aos pés. Em 1974, foi quando
assisti pela primeira vez a uma peça de teatro, lembro-me que enquanto aplaudia
já tinha a certeza que iria ser atriz.
M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes
géneros que mais gosta de fazer?
A.N: São três
tempos diferentes de representação.
No teatro experimenta-se a efemeridade, aqui
tudo se passa entre os atores e o público.
No cinema há o tempo da escolha do que o
realizador quer que se veja.
Na televisão quase que não há tempo (risos).
M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora,
durante o seu percurso como atriz?
A.N: O trabalho que
mais me marcou foi sempre o último que fiz, quer seja pela positiva ou pela
negativa.
M.L: Além da representação, também é encenadora e
diretora de atores. Em qual destas funções em que se sente melhor?
A.N: Perguntam-me
muitas vezes, mas são processos tão diferentes. Quando se está de fora, a
encenar por exemplo, o trabalho é objetivo. Trata-se de juntar o trabalho de
todos os criativos (cenógrafo, figurinista, luminotécnico, sonoplasta,
coreógrafo, etc.) e orientar a criação dos atores para o objeto final, o
espetáculo. Quando se é ator o trabalho é subjetivo, uma espécie de filigrana
interior.
M.L: Em 2008, participou como atriz e como co-diretora
de atores no telefilme “Todos os Homens Nascem Iguais” da série “Casos da Vida”
(TVI), na qual interpretou a personagem Fátima. Que recordações guarda desse
trabalho?
A.N: Lembro-me
que o realizador era o Nicolau Breyner e que o último dia de gravações foi numa
sexta-feira Santa.
M.L: Como lida com o público que acompanha sua
carreira há vários anos?
A.N: Com muito
carinho. Trabalho para o público.
M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira
ingressar numa carreira na representação?
A.N: Eu acho que
só se sobrevive nesta área se representar for uma necessidade.
M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até
agora, como atriz?
A.N: Não faço
balanços. Vivo cada trabalho com a consciência de que são pedaços da minha
vida. Com muito respeito e intensamente, claro.
M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.N: No dia 26 de
Setembro, a convite e a propósito dos 20 anos do Teatro Extremo, estreia uma
encenação minha da peça da autora Timberlake Wertenbaker, “Depois de Darwin”. Em
Outubro estarei num filme da Patrícia Sequeira com a Maria João Luís, a Rita
Blanco, a Ana Padrão e a Fátima Belo. Em Novembro começo os ensaios do espetáculo
“Portugal, Meu Remorso” a partir da obra de Alexandre O’Neill que estrearei com
o João Reis no Teatro São Luiz no dia 22 de Fevereiro de 2015.
M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha
feito ainda nesta altura da sua vida?
A.N:
Ser livre.MLFotografia: Carlos Ramos
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